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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Floresta Zero, Não ! (dia brasileiro da mãe natureza)


O Código Florestal Brasileiro foi criado em 23 de janeiro de 1934, tendo efetivamente entrado em vigor em 1965. O código estabelece limites de uso da propriedade, que deve respeitar a vegetação existente na terra, considerada bem de interesse comum a todos os habitantes do Brasil.

Desde então, de mandato em mandato, os políticos, principalmente os da bancada ruralista, vem tentando modificar o código, considerado muito rígido. Eles dizem que é para flexibilizar. As regiões que recebem mais emendas de flexibilização são, coincidentemente, as próximas das fazendas dos senhores parlamentares.

Entre as propostas está a redução da reserva legal na Amazônia de 80 para 25% o que desobriga a revegetação com espécies nativas de 700 mil hectares da floresta; isenção de multa e penalidade aos agricultores que desmataram; a diminuição da conservação da flora em margens de rios.

Os ambientalistas e uma parte dos profissionais de engenharia ambiental são contra a reformulação. Para eles, é realmente necessário que o Código seja rígido, devido à riqueza ambiental do Brasil. Essas pessoas temem que, com a aprovação dessa proposta, muita vegetação e biodiversidade sejam perdidas por causa da busca dos fazendeiros por mais lucro.

Eu apelo para o folclore brasileiro e evoco o Boitatá, (Representada por uma cobra de fogo que protege as matas e os animais e tem a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza) e Curupira (Também é um protetor das matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos compridos e com os pés virados para trás. Persegue e mata todos que desrespeitam a natureza).

Vivemos uma época em que muito se fala de um futuro de escassez dos elementos vitais para a sobrevivência do ser humano no planeta. Nossa espécie pode vir a ser extinta se as florestas permanecerem a receber a agressão que vem sofrendo. Existem vários projetos de preservação ambiental, não podemos deixar de participar e atender a esses chamamentos.

O Código Florestal Brasileiro foi criado no dia, mês e ano do nascimento de uma Mãe, a minha. Então, para mim, vinte e três de janeiro é o dia Brasileiro da Mãe Natureza.


Ricardo Mezavila
          

          

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Recorte Solidário

Recebo, por conta da atividade social a qual estou inserido, algumas revistas, portfólios e jornais informativos de inúmeras associações beneficentes e de classes. Lendo um artigo no Informativo Oficial da Associação dos Engenheiros da Petrobrás*, fiquei indignado, como cidadão, pelo drama vivido por uma funcionária da empresa, carinhosamente chamada de Leninha pelos colegas de trabalho. Leninha, foi acometida por uma doença ocupacional, quer dizer, originária nos produtos que ela manuseava na refinaria. Os médicos da empresa negavam, que fossem os produtos químicos aos quais ela ficava exposta, a causa de sua enfermidade. Oito anos se passaram e sua doença ia se agravando. Por orientação de um especialista em imunologia, alergologia, dermatologia e medicina do trabalho, iniciou uma investigação do seu caso. Comprovada a origem de sua doença em sua rotina de trabalho, a empresa custeou por seis anos o tratamento. A doença, até então controlada pelo uso do tratamento contínuo, ressurgiu agregando novas patologias desencadeadas pelo sistema imunológico e efeitos colaterais, levando-a a internação.

Após seis meses de licença, sua doença evoluiu para um quadro mais grave. Ainda assim o INSS a considerou apta ao trabalho. Obrigada a retornar voltou a ser internada. Agora sem o custeio da empresa retorna à licença do INSS. Terminada a segunda licença ela é novamente obrigada a retornar ao insalubre ambiente de trabalho e sua doença agrava ainda mais. Leninha enviou aos órgãos responsáveis da empresa toda a documentação que atestava sua incapacidade para a função, e foi orientada a aguardar em casa um chamado para perícia. O que não ocorreu. Depois de várias tentativas de comunicação com a empresa e manifestação pública, recebe e-mail da empresa notificando sua demissão por justa causa.   A funcionária ingressou na justiça do trabalho conseguindo liminar restabelecendo seu contrato de trabalho e o custeio de suas necessidades médicas.

A empresa ingressou com pedido de revogação da liminar, argumentando que segundo o INSS, ela não estava doente e, incrivelmente obteve êxito.

Leninha, está demitida desde o ano de 2009. Novo exame constatou com base científica ser ela portadora de uma Polineuropatia Periférica Axonal Tóxica, decorrente do trabalho e uma vasculite agredindo seu sistema nervoso, sendo necessário tratamento de quimioterapia.

Enquanto isso em Brasília... a câmara absolve em votação secreta (é claro) a dep. jackeline roriz (PMN-DF) de cassação. Flagrada em vídeo (www.youtube.com/watch?v=mbdtlKzHU1g) recebendo GRANA do delator do mensalão do DEM, durval Barbosa, a dita manteve seu mandato.

* AEPET– agosto/2011

Ricardo Mezavila        

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A Fada da leitura

            
   
Num fragmento de sua autobiografia, As Palavras, Jean-Paul Sartre, um dos mais famosos pensadores franceses do século XX, descreve o momento em que, ainda menino, escolhe dois grossos volumes da biblioteca de seu avô e os deposita sobre os joelhos da mãe. Ela levanta os olhos de seu trabalho e lhe diz: "O que queres que eu te leia, querido? As Fadas? Ao que ele pergunta incrédulo: As Fadas estão aí dentro?"

Eu encontrei a fada da leitura dentro da cômoda da minha mãe, quando eu era menino. Sem querer, ali mexendo nas coisas dela, chamou-me a atenção uma bolsa, de aspecto antigo,com dois fechos que, cruzados, escondiam o seu conteúdo. Soltei-os e deparei-me com recortes de jornais. Eram trovas que ela recortava dos jornais dominicais e guardava na bolsa. Sentei-me e passei ali um bom tempo lendo e relendo aquele tesouro que eu acabara de descobrir. Talvez minha mãe, notando meu silêncio, tenha me procurado pela casa e, ao me encontrar, optou por observar-me a desenterrar o tesouro.

A partir de então passei a abrir a cômoda, como o pirata abre o baú para explorar todo a fortuna, como o enólogo abre o vinho para estudar a vindima, o solo, o envelhecimento.

Com o passar do tempo e depois das leituras, passei a rascunhar alguma coisa parecida com as trovas que minha mãe lia. No dia das mães seguinte, encorajei-me a mostrar-lhe uma com quatro linhas rimadas. Ela beijou-me carinhosamente e guardou-a na bolsa, juntando-a as outras. Aquilo me deixou entusiasmado a continuar escrevendo e não parei mais. Não parei nunca mais!
           


                        Ricardo Mezavila

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Amanhã vou te ligar !


Ele colocou cerveja no copo, a espuma chegou até a beira, quase caiu, mas de repente, como um vulcão que desiste de acordar e lançar suas lavas, ela foi descendo enfraquecida e acomodou-se a três dedos da borda, o que fez com que ele tivesse que completar. Ligou o computador, esfregou as mãos, fez o login e digitou a senha. Todos os dias ele cumpria esse ritual: acessava seu e-mail, conferia as notícias de seu time, o tempo e depois entrava na sala de bate papo para recomeçar o assunto do dia anterior.

Os temas giravam, quase sempre, em torno da poesia. Ontem eles haviam conversado sobre Vladimir Maiakovski, poeta russo (1893-1930), fortemente impressionado pelo movimento revolucionário e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos quinze anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo.

No dia anterior a Maiakovski, conversou sobre Pablo Neruda (1904-1973), poeta chileno, um dos mais importantes da língua castelhana/espanhola.

A pessoa com quem ele conversava, era uma senhora octogenária, homossexual, que viveu o preconceito mais terrível, em uma época em que homossexualidade era tratada como doença, perversão e até maldição. Ele tinha trinta anos, era solteiro, morava sozinho e tinha como companhia um gato e  samambaias. As conversas, sempre interessantes, virara rotina na vida dessas duas personagens da vida real. Sempre que eles encerravam a conversa ela tinha o hábito de digitar: Amanhã vou te ligar! E apesar da promessa a ligação nunca aconteceu.

Ela demorou um pouco mais do que de costume, mas apareceu na tela: Del Lyon, esse era o nick com que ela se apresentava no chat. - oiiiiiiiiiiiiiiiii, td bem? Ele digitou. Ela respondeu: -oláaaaaaa, sds hj eu fui ao médico. Ele: -ihhhh o q vc foi fzr lá? Ela: -nada d+ coisa de velho msm. Ele: -ah tá. E assim recomeçaram a conversa sobre o poeta russo, sobre o ménage à trois que ele vivia com o editor de seus livros e a esposa deste. Talvez essa relação trouxesse à imaginação um êxtase,  um certo delírio sexual reprimido. Ficaram um tempo no computador, até que ela digitou: -hj to mt cansada, acho q vou dormir, amanhã eu te ligo! E saiu do chat. Ele ficou preocupado mas não tinha como entrar em contato fora da sala de bate papo,  não tinha o número do telefone e não sabia onde era sua casa. Ele também desligou o computador e ficou imaginando o quanto sua amiga virtual Del Lyon sofreu. Em pesquisa rápida na Internet soube que o movimento homossexual brasileiro não tem uma data de início específica, mas a sociedade começou a manifestar o preconceito com mais, digamos, recursos da mídia da época, a partir dos anos quarenta, com especial ênfase na década de setenta.

No dia seguinte ele entrou ansioso na sala para saber se ela estava bem e, pela primeira vez, depois de seis meses, Del Lyon não “apareceu”. Ele colocou cerveja no copo que transbordou molhando a mesa, fez um carinho no gato e foi regar as samambaias.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O Arsenal de Bagdá


Um dia, um senhor caminhava solitário pelas ruas de um bairro do Rio de Janeiro sem pensar em nada, apenas caminhava e cuidava para não cair em uma armadilha urbana como bueiros e buracos. Passando em frente a uma casa, notou que havia uma menina chorando, sentada na escada da varanda. Parou e ficou observando a cena, tentando imaginar o porquê daquela tristeza.

No mesmo instante em outro continente, um senhor discursava e dizia que “o império da lei está em perigo no mundo” e “é a guerra do bem contra o mal”. Muito aplaudido ele ainda disse que “ajudaria a libertar o povo iraquiano de um ditador fora da lei”. O tal senhor estava na Assembléia Geral das Nações Unidas dirigindo-se para cento e noventa e um países ali representados.

Voltando à cena do senhor e da menina, esta ao ver que estava sendo observada disse : -Moço, minha mãe me colocou de castigo! Ele deu um leve sorriso, balançou a cabeça :- Não sei o motivo do seu castigo, mas você tem que obedecer a mamãe . Ela contou que havia falado uma mentirinha sobre seu irmão mais velho,e por isso a mãe a repreendeu colocando-a no castigo.

Na Assembléia Geral, o senhor das guerras bradava aos quatro cantos do mundo que o Iraque tinha em seu poder caminhões-tanque com armas químicas, segundo uma fonte dos serviços de espionagem e isso justificava a invasão. E assim fizeram, apoiados pelo governo britânico, e por lá permaneceram sete anos. Milhares de civis e soldados perderam a vida, a cidade histórica de Bagdá, importante centro cultural do mundo, foi destruída.

O curioso é que as alegadas armas de destruição em massa, até hoje não foram encontradas. E jamais serão, porque o próprio serviço de inteligência assumiu que era uma farsa, uma mentira para dar início à operação. Uma mentira providencial para invadir e destruir Bagdá.

Retornando ao senhor solitário e a menina triste, sua mãe apareceu na varanda e sorrindo para o estranho perguntou: -O senhor deseja alguma coisa ? Ele: - Não senhora, muito obrigado. Estava passando e vi essa linda menina chorando e parei, só isso A mãe :- Hum! Essa menina agora deu para ficar mentindo, já falei que isso é feio. O senhor se despediu e retomou sua caminhada despretensiosa, fugindo das “minas” urbanas e explosivas, pensando como é importante a educação vinda dos pais. Talvez aquele outro senhor das invasões não a tenha tido, quer dizer, nós sabemos muito bem quem foi seu educador.

Ricardo Mezavila

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ciência e Saúde

    
Existem várias formas no universo capaz de transformar o ser humano. O conhecimento, talvez, seja o mais extraordinário e necessário.

O povo da antiga Grécia não era doutrinado a seguir um único Deus ou alguma literatura religiosa. Eles acreditavam em vários Deuses.  A mitologia grega era passada de pai para filho de forma oral e, muitas vezes, servia para explicar fenômenos da natureza ou passar conselhos de vida. Não atribuíam ao sobrenatural, como fazem as religiões, aquilo que era considerado desconhecido. Os gregos, por não viverem os dogmas da religião, tinham liberdade para pensar e, não por acaso, a filosofia surgiu em terras regas a VI a.C.

"Não há nada de bom ou de mau, a não ser que o pensamento o torne assim”. Instigado pela filosofia e direcionado por essa frase de Shakespeare vou tecer um curto  comentário sobre uma mulher nascida no ano de mil oitocentos e vinte e um, nos Estados Unidos da América do Norte, vindo a falecer em mil novecentos e dez. Trata-se de Mary Baker Eddy, descobridora e fundadora da Ciência Cristã e autora de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, um contínuo “best-seller” sobre a cura.

Durante toda a sua juventude Mary Baker Eddy enfrentou uma saúde frágil, problemas financeiros e pressões emocionais. Ela superou esses desafios e tornou-se uma das figuras mais proeminentes de seu tempo.

Em mil oitocentos e sessenta e seis, após grave acidente e desenganada pelos médicos, Mary Baker Eddy curou-se instantaneamente ao ler, na Bíblia, o relato de uma cura efetuada por Jesus. Compreendeu que as obras de Jesus estavam fundamentadas numa lei divinamente estabelecida e aplicável em qualquer época. A essa lei, deu o nome de Christian Science. Dedicou-se ao estudo profundo das Escrituras a fim de aprender as regras para a aplicação prática dessa lei na cura dos doentes. Como fruto desse estudo, e após comprovar na prática a validade de sua descoberta, Mary Baker Eddy escreveu o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, onde expôs completa e detalhadamente essa Ciência.

A senhora Eddy não possuía religião, assim como os antigos gregos, mas agregou a si o desejo pelo conhecimento, acabando por encontrar nas escrituras, de uma forma totalmente não-religiosa, aquilo que transformaria sua vida e a de outros para sempre.

Ricardo Mezavila

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Pras Marias e Clarices


Dois anos antes de meu ingresso na escola primária o presidente João Goulart assinava em praça pública, no Rio de Janeiro, três decretos, um de encampação das refinarias de petróleo privadas, outro de reforma agrária à beira de rodovias, ferrovias, rios navegáveis  e açudes e um decreto tabelando aluguéis. Esses decretos de treze de março de mil novecentos e sessenta e quatro foram usados como pretexto pelos conservadores para a sua deposição.

Um ano depois de eu ter terminado o ensino médio, novas regras são impostas à sociedade brasileira. Novamente é aumentado o arrocho contras as liberdades individuais e coletivas da população, alguns setores produtivos são postos sob a “Lei de Segurança Nacional”, sob a razão de serem de importância estratégica para o país. São proibidas as greves nos setores petrolíferos, energético e de telecomunicações.
  
Assim crescemos, sob o obscurantismo, a não instrução, em completa ignorância política. Do fim do governo Goulart até o último suspiro da ditadura militar com o general Figueiredo, uma geração de estudantes teve sonegada informações que colaborariam para a sua formação crítica. Não deixaram legado e muito menos saudades.

Hoje acompanho os movimentos em Trípoli, o clima tenso com explosões, os rebelados tomando lugares estratégicos, focos de resistência seguram o regime próximo de afundar. Notícias sobre a captura do filho do presidente são desmentidas quando este faz aparição em público, sorridente e confiante como se estivesse voltando  do Habib’s depois de comer  um kibe. O ditador, o coronel Kadafi está desaparecido. O presidente americano Obama confirmou que apoiará o novo governo líbio, se  favorável à política internacional dos Estados Unidos. 

Fico a imaginar se a ditadura militar brasileira durasse mais algumas décadas, qual seria a nossa atitude. Será que nos rebelaríamos contra o regime e deportaríamos os ditadores?  Marcaríamos encontros e manifestações anti-militar pela internet?  Eu criaria no Orkut as comunidades “Pelo fim das leis de estado de exceção”  e “ Liberdade de expressão, já!” . Tendo como principal objetivo dos protestos, derrubar o regime militar.

Sem revanchismo, mas caçar os gorilas, como fizeram com Saddam, seria uma aventura inesquecível. O Brasil teve no período de mil novecentos e sessenta e quatro a oitenta e cinco, além do período da junta militar, de agosto a outubro de sessenta e nove, cinco presidentes ditadores. Isso me faz criar um “chiste”: Um grupo de estudantes e jornalistas procura pelos ditadores, escondidos na caserna em Brasília. Ao chegar no portão encontram um menino com uniforme da escola pública que entrega: “estão AÍ 5”.

Ricardo Mezavila

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Hábitos, Costumes e Intolerância

 
Não muito raro, para não dizer sempre, deparo-me nas redes sociais com opiniões críticas, às vezes ofensivas, aos costumes e hábitos de parte da população desassistida socialmente, uma demonstração de total incapacidade de senso social e de impossibilidade de convívio com as diferenças.

As chibatadas atuais são contra os jovens da classe operária, que sofrem pela ausência do poder publico e ficam fora das escolas, ou quando freqüentam, muitos à noite por estarem trabalhando para compor a renda familiar, são alfabetizados por um ensino fraco e tendencioso.

Não há vagas para todos na escola pública, não há vagas nos hospitais públicos. O hospital geral de Bonsucesso, que é  federal, funciona (?) sem gaze e soro. E quem são os usuários desses serviços?

Retornando aos jovens “invisíveis” , é comum e absolutamente sadio e natural que tenham como influencia aquilo que o meio lhes oferece. Jovens, principalmente do subúrbio, consomem musicalmente o estilo definido como “funk”, característico da música negra norte americana assim como o blues, rock.

Os intolerantes de plantão se manifestam ironicamente para desclassificar o comportamento desses jovens quando dividem o espaço público, numa significante demonstração de pseudo-supremacia cultural. Pode parecer exagero, mas isso é um indicativo de segregação social e preconceito.    

No facebook li coisas do tipo : “telefone de funkeiro não tem fone de ouvido” uma alusão a quem ouve música em ambiente coletivo sem o uso do acessório. O que convém, a quem se sente incomodado, é comunicar isso a quem o está incomodando, e não fazer apologia à violência contra quem ouve música no alto falante. É difícil, em um país onde não se tem acesso nem a um esparadrapo, acreditar que as pessoas possam compreender as dificuldades do outro. O ambiente coletivo tem regras em comum e precisamos todos respeitá-las e quando acontece de alguém subverter alguma dessas regras, o cidadão mais esclarecido tem por obrigação cidadã  advertir sem ofender. Caso não seja capaz de agir educadamente é melhor ficar quieto, pois corre o risco de violar outros códigos e iniciar uma batalha tola.

Em uma sociedade escravocrata os signos lúdicos, que produzem prazer quando da sua execução, são amputados pela necessidade de sobrevivência. Ouvir música é uma das raras diversões desses jovens que manifestam  a cultura que lhes impuseram.

Procurei no google alguma coisa sobre “brincadeiras de escravo” e, depois de alguns minutos apareceu:  Escravos de Jó. Uma brincadeira de origem, significado e letra controversos. Formada a roda, as crianças  permanecem paradas, podendo inclusive ficar sentadas, com um objeto igual para todos , na mão direita. Ao ritmo da música, marcando os tempos fortes, iniciam a brincadeira de passar o objeto que têm na mão direita para o vizinho da direita, e receber com a mão esquerda o objeto do vizinho da esquerda e etc.

Os intolerantes nunca brincaram de Escravos de Jó, e talvez por isso não aceitem receber ou passar nada a outras mãos, ignorando a dura realidade do seu vizinho da direita ou da esquerda.
           
Ricardo Mezavila
     

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Por uma infância saudável


O erotismo, o grotesco, a libertinagem (era assim que se dizia à época), que Donatien Alphonse François de Sade, o Marques de Sade, escritor, dramaturgo, filósofo, nascido em Paris no ano de 1740, utilizava em suas obras literárias eram, principalmente, uma forma de crítica pungente à sociedade materialista.

Adepto do ateísmo fazia apologia ao crime e à religião dominante, a católica. Em um de seus livros, a personagem obriga o Papa a fazer discurso a favor do crime para tê-la em sua cama. O Vaticano em seus registros literários era palco de orgias e da boca do Papa saíam panfletos políticos e dissertações sobre o crime. Lógico que foi preso por diversas vezes. O termo sadismo, que define a perversão sexual de ter prazer na dor física ou moral,  vem de seu nome.

Infelizmente personagens do romance “cento e vinte dias em Sodoma” , como os nobres devassos que abusavam de crianças raptadas, são encontrados andando por aí dividindo com nossos filhos as ruas, os transportes, salas de aulas e muitas vezes o mesmo teto.

Atualizando as “heresias” cometidas pelo Marques em relação à igreja, há vários casos de pedofilia envolvendo padres católicos e pastores protestantes.

A Internet  facilita muito as investidas dos pedófilos, que atuam sempre da mesma forma. Caso extraído de um site : Um empresário de Campo Grande está sendo investigado por pedofilia. Segundo processo que corre na 1ª Vara da Infância, Adolescência e do Idoso, o empresário usou a internet para atrair um menino de 12 anos. O garoto conheceu o pedófilo em um site de bate papo e foi até ao seu encontro, onde sofreu abuso sexual.O nome do empresário não foi divulgado porque o processo, como todos da Vara de Infância e Adolescência, corre em segredo de Justiça. Por conta do sigilo, também não é possível conhecer quando aconteceu o crime.O caso foi divulgado pelo Tribunal de Justiça como alerta aos pais sobre a possibilidade desse tipo de crime pela internet.    Muitos casos não são esclarecidos ficando os culpados em liberdade para continuar atuando.

A evolução da sociedade se faz necessária e as crianças não são como a duas ou três décadas. O comportamento da criança desinfantilizou, o universo infantil absorveu a visão do adulto.

Essa evolução toda, a qualquer custo, colocou chapeuzinho vermelho conversando em um Chat com o lobo mau, marcando encontro na casa da vovozinha.

Anacronismo a parte, quem paga a conta da erotização infantil ?


           

Ricardo Mezavila

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Dragão do Mar

    
No mês de maio, no ano de mil novecentos e oitenta e oito, em algumas capitais brasileiras houve manifestações pela passagem do centenário da assinatura da lei áurea. Os meios de comunicação, governo, privilegiados e ignorantes esperavam uma grande festa popular organizada pelos movimentos negros, para homenagear a princesa.

O Instituto de Pesquisa da Cultura Negra e outros movimentos do Rio de Janeiro com apoio de partidos políticos, organizou uma caminhada que estava prevista para seguir da Candelária até o monumento à Zumbi, na Praça Onze. A manifestação pacífica foi proibida, até hoje não sei se alguma autoridade de dentro comando militar do leste assumiu a responsabilidade, mas o fato é que durante todo o dia o centro do Rio foi tomado por seiscentos soldados das Forças Armadas e mais um efetivo da polícia militar para impedir o ato, em alegação a uma informação de que haveria depredação ao Panteão onde estão os restos mortais de seu patrono, Duque de Caxias, na Central do Brasil.

Depois de muita negociação o caminhão de som com uma bandeira estampando um desenho de Zumbi dos Palmares, saiu em direção ao seu monumento. A caminhada foi tensa sob os olhares dos soldados. Ao chegar em frente ao Panteão o caminhão de som parou e várias lideranças discursaram. Foi quando uma parede humana de soldados, como nos piores tempos da ditadura, foi se aproximando de onde estávamos reunidos e começaram a nos provocar batendo com os cacetetes em nossas  pernas, ameaçando de prisão quem continuasse ali.

Cento e vinte e três anos após a questionada lei áurea, os negros pobres e os pobres brancos ainda não conquistaram cidadania plena.

Os heróis oficiais da história do Brasil são brancos, mas vou ocupar esse espaço para falar de um herói legítimo: Francisco José do Nascimento, conhecido posteriormente como o “Dragão do Mar” , símbolo da resistência popular cearense contra a escravidão. O Ceará em 1884, foi a primeira província brasileira a abolir a escravidão. Os abolicionistas, gente da elite, brava e culta são ovacionados pela imprensa nacional contrária à escravidão, mas entre eles havia um jangadeiro negro, humilde, trabalhador do mar: Francisco José do Nascimento, também conhecido como Chico da Matilde. Ele e seus colegas se engajaram à luta em 1881, recusando-se a transportar de suas jangadas para os navios negreiros, os escravos vendidos para o sul do país.

Assim, Chico da Matilde é levado para corte com sua jangada, desfila pelas ruas, recebe chuvas de flores da multidão e ganha novo nome, mais pomposo e mítico: Dragão-do-mar. De lá escreve à mulher: “seu velho está tonto com tanta festa e cumprimentos de tanta gente importante”.


Ricardo Mezavila

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Histórias que nunca ouvimos



No Brasil, como mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a população entre dezesseis a vinte e quatro anos representa cerca de 25% do total de habitantes do país.

Obter um emprego é uma batalha diária para 60% deles, que participam do mercado de trabalho como empregados ou, principalmente, desempregados.A falta de qualificação e experiência são os principais obstáculos para o jovem ingressar na vida profissional. 

A solução para a maioria das famílias, dependentes da complementação de renda, é que o filho em idade escolar saia da escola e vá trabalhar, comprometendo, assim, sua qualificação profissional.

Os trabalhadores de baixa escolaridade vão se reproduzindo aos montes na mão-de-obra desqualificada, já em tenra faixa etária.

A pesquisa revela ainda que "uma parcela relevante" das crianças e adolescentes ocupados trabalha sem receber rendimento (47,3%), sendo que 14,1% ganham menos de um quarto do salário mínimo. Outra dado triste da pesquisa é saber que 14 milhões de crianças estão fora da escola.

Com toda essa injustiça capitalista das metrópoles, eu me volto para a cultura indígena e encontro o  jovem  Bepkrit Kayapó, 22 anos, guerreiro da Terra Indígena de  Kayapó , no Pará, dando uma entrevista sobre a rotina dos jovens da aldeia : preparar-se para dançar nas festas tradicionais, proteger a área, buscar alimento no mato. “Nossos avós ensinam a nossa história desde quando a gente dorme no colo. E a gente já ensina as coisas para os mais novos”, diz. O que ele gostaria de ser? “O guerreiro mais poderoso que tem, e defender o nosso povo”, responde. Além das rotinas de caças e de festas, os índios também assistem televisão, gostam de novelas e jogam futebol.

Desde sempre ouço que minha avó fazia uma espécie de rede com sua saia, deitava-me ali e, balançando, fazia com que eu dormisse.
Que história ela ensinava para mim?
Que história eu ensinei para os mais novos?
Bepkrit , precisamos muito de um guerreiro poderoso que defenda o nosso povo !

Ricardo Mezavila

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Em se tratando de irmãos...

       
Benjamin Franklin, notável jornalista, cientista, inventor e muitas coisas mais, cunhou essa frase: “um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão”.

Vamos embaralhar o substantivo irmão com o adjetivo amigo e a frase fica assim: um amigo pode não ser um irmão, mas um irmão será sempre um amigo.

Entre todos os laços familiares existentes, o fraternal, na minha observação, tem componentes de cumplicidade tão naturais que acaba por aproximar as almas.

Irmãos nascem sob o mesmo teto, são amamentados no mesmo peito, amam os mesmos pais, recebem a mesma educação, a mesma influencia, inventam brincadeiras juntos, vão à escola juntos, sofrem perdas juntos.

A intensidade dos sentimentos é indesatável e quando envelhecem, as lembranças do passado terá a mesma proporção. O que fica no tempo engavetado é remexido com alegria ou tristeza e compartilhado numa tarde quieta entre risos ou lágrimas.

Contemporâneos, os irmãos envelhecerão juntos e serão para si a melhor companhia para folhear o antigo álbum de fotografias, e um sempre será coadjuvante da história do outro.

Deixando de lado as legitimações genuínas do que vem a ser um irmão completo biologicamente, concordo quando Mrs.Franklin diz que um amigo será sempre um irmão.

São irmãos: os uterinos, filhos da mesma mãe, mas de pais diferentes; os irmãos membros de uma congregação religiosa; irmãos de armas, os companheiros de guerra; os irmãos de leite, amamentados pela mesma mulher; irmãos consangüíneos, mesmo pai, mas mães diferentes; irmãos gêmeos, nascidos do mesmo parto; irmão adotivo e todo aquele que tem um laço forte de amizade.

Na literatura e nas artes o significado de irmão sempre esteve e sempre estará presente para definir união e amor.
Bob Marley deixou essa pérola: “Se um dia, a nossa luz da amizade se apagar, foda-se irmão, a gente acende uma vela.”


Ricardo Mezavila

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Por um mundo melhor


  
Pegando onda nas apresentações de grandes artistas do cenário pop musical ao Brasil nos últimos anos, vou fazer um cut back, (manobra em que o surfista volta na direção contrária da onda e depois retorna na direção normal.) e vou fazer um flash sobre o primeiro grande evento musical realizado no Brasil em mil novecentos e oitenta e cinco : o Rock in Rio.

Lamento não ter guardado o ingresso que adquiri para o último dia do evento em vinte de janeiro. É preciso manter um acervo de objetos pessoais importantes para mostrar aos filhos e netos.

Foram dez dias de música e quase dez de chuva. Não lembro se foi pelo mau tempo, mas os organizadores liberavam os portões quando iniciava a apresentação dos cantores estrangeiros. As bandas e cantores nacionais abriam os dias do festival e as internacionais encerravam. Sabendo disso, fui para conferir se era autêntica a informação que tive sobre a “canja” que os organizadores estavam dando. Chegando à cidade do rock fiquei surpreso em perceber que os portões estavam abertos e lá dentro, sob forte chuva, um inglês rouco pulando muito no palco cantava: “I am sailing, stormy waters,to be near you, to be free”  fui entrando  meio desconfiado e de repente estava frente ao palco onde Rod Stewart fazia um show memorável. Dia seguinte fui para confirmar se aquilo havia acontecido mesmo e assisti a um depressivo James Taylor cantando“ I've seen fire and I've seen rain, I've seen sunny days that I thought would never end “ o cantor lutava, na época, contra as drogas. Antes  George Benson fez todo mundo dançar com On Broadway. Mil novecentos e oitenta e cinco era o “Ano Mundial da Juventude” proclamado pela ONU. No cinema, a Rosa Púrpura do Cairo;, De volta para o futuro; A dama de vermelho; O exterminador do futuro faziam grande sucesso. A ditadura militar no Brasil estava chegando ao fim, o país respirava democracia e tinha esperanças no governo do então presidente eleito Tancredo Neves, que tomaria posse em março, o que não aconteceu devido à sua doença e posterior falecimento em vinte e um de abril.

Depois dos dois dias de “gratuidade”, só pude retornar à cidade do rock no penúltimo dia e assisti aos incríveis shows das bandas Whitesnake, Scorpions e  AC/DC , além do totalmente absurdo e bizarro Ozzy Osbourne.

Talvez por ter ido aos shows sem precisar do ingresso para assisti-los, eu tenha minimizado a importância de tê-lo comprado e, talvez, não lembro, tenha jogado o meu fora quando fui ao último dia do festival. É claro que eu fui para ver o “Yes”. O domingo estava ensolarado, o clima era de festa na cidade do rock. Erasmo Carlos, Barão Vermelho,  Gilberto Gil e Blitz encerraram a participação dos brasileiros. Depois de alguns minutos subiu ao palco uma excêntrica figura: Nina Hagen, uma alemã, barulhenta e muito divertida que colocou todo mundo pra dançar. Em seguida tive a grata surpresa de assistir ao show new wave da ótima banda B-52’s. Mas o fim do festival estava reservado para os roqueiros, como eu, que na década de setenta, teve o privilegio de ter como fundo musical o rock progressivo do Yes.
  
Vinte e seis anos se passaram até o recente show de Paul McCartney. Fiquei mais de duas horas na fila para entrar, mas desta vez fui cauteloso e tive o cuidado de guardar o ingresso.

* Por um mundo melhor foi o slogan criado para o rock in rio

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O domingo é dos pagãos

Os nomes dos dias da semana em português têm a sua origem na liturgia católica. 

Na maior parte das outras línguas, a sua origem são nomes de deuses pagãos e deuses mitológicos aos quais os dias eram dedicados.
Segunda-feira. Pela crença dos povos pagãos antigos que reverenciavam seus deuses, era dedicada a Lua. Para os católicos é o dia de se rezar para os mortos.
Terça-feira. Segundo a crença é o dia de reverenciar o astro Marte.
Quarta-feira. Os antigos pagãos reservavam esse dia para reverenciar Mercúrio. Na igreja católica é o dia para se rezar pelos enfermos.
Quinta-feira. Foi reservada para Júpiter, enquanto no catolicismo é dia de devoção ao Santíssimo Sacramento, em memória à última ceia de Jesus.
Sexta-feira. Como não podia deixar de ser, é dedicada à deusa do amor e da beleza. Vênus. Também é o dia sagrado do islamismo (jumu´ah). Os muçulmanos, por obrigação religiosa, realizam a oração do meio-dia em comunidade.
Sábado. É dedicado ao deus Saturno, deus da agricultura para os romanos que dedicavam esse dia ao descanso quando se tinha uma boa colheita. É o dia de Shabat dos judeus que significa descanso.
Domingo. É o dia dedicado ao deus Sol. É o dia mais controverso, pois várias correntes reivindicavam que fosse o primeiro dia da semana. O imperador Constantino, por exemplo, quis impor o dia do deus Sol, reverenciado pelos pagãos, sobre o sábado bíblico dos cristãos. A estratégia de Constantino era agradar os pagãos de modo a unificar o império e criar uma nova denominação religiosa, utilizando uma passagem bíblica que diz: os discípulos se reuniram no primeiro dia da semana e repartiram o pão juntos.

Segundo os evangelhos, Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana (domingo).

Em 325 d.C. Constantino reuniu os mais influentes bispos cristãos na cidade de Niceia (hoje Iznic, Turquia) para um concílio na tentativa de um consenso da igreja sobre polêmicas questões pendentes. Dessa reunião que foi denominada de “O primeiro concílio de Niceia”, entre outras importantes decisões ficou estabelecido universalmente que o primeiro dia da semana seria sagrado e se chamaria Dies Domenica, o nosso festejado domingo. 

No popular, foi a vitória do povão, do pejorativo, do rústico e do simples.
Pagãos de todo o planeta, uni-vos !


Ricardo Mezavila

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dia dos Pais

 
Alguns historiadores reivindicam a origem do dia dos pais, vou ficar com a que se aproxima mais de como os filhos presenteiam seus pais com o primeiro cartão:

O Dia dos Pais tem origem na antiga Babilônia, há mais de 4 mil anos. Um jovem chamado Elmesu, moldou em argila o primeiro cartão. Desejava sorte, saúde e longa vida a seu pai.

Em todo o mundo essa data é comemorada, mas em dias distintos. Na Tailândia, por exemplo, é comemorada no dia do nascimento do rei , Bhumibol Adulyadej,  em cinco de dezembro; na Alemanha a data é comemorada quarenta dias após a páscoa; na maioria dos países latino-americanos comemora-se no segundo domingo do mês de junho; nos Estados Unidos é no terceiro domingo de junho; em Portugal é comemorado a dezenove de março; na Nova Zelândia no primeiro domingo de setembro; na Noruega no segundo domingo de novembro, no Brasil no segundo domingo de agosto.

Como se vê, todo dia é dia dos pais em alguma parte do mundo, aliviando a pressão sobre pais e filhos que, por circunstâncias várias, não se falam com a freqüência desejada, pouco se veem com os olhos, encontrando-se mais em pensamentos e lembranças.

Nesse dia, como em algumas datas vinculadas à família, a tristeza se faz presente sob a tutela da ausência. Às vezes pela distancia, pela saudade eterna e também pela discórdia e desarmonia.

O importante em datas de significância sentimental mais latente, é saber ouvir o que o coração tem a dizer. Agir com ternura, ter mais compreensão e afeto.

Lembro de quando eu era criança levar para casa trabalhos feitos na escola primária, para presentear meu pai. Quase sempre era uma cartolina onde o aluno fazia o desenho de seu pai e entregava junto com um lenço ou par de meias.

Depois recebi esses presentes de minhas filhas.
Sou pai de três lindas filhas, e aproveito o meu dia, que são todos os dias, para abençoá-las com amor e  agradecer a todos os cartões que um dia recebi , pedir perdão por todos que não mereci receber  e fazer por onde estar em suas vidas, sempre.


            Ricardo Mezavila

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Rubin, Duggan e Juan.

Rubin Carter, boxeador americano conhecido como Hurricane, foi preso em 1966, acusado de assassinato em primeiro grau. Foi libertado, após dezenove anos de prisão.
Hurricane (furacão), foi preso porque era negro e estava próximo ao local do crime e para a polícia de New Jersey era fácil e cômodo acusá-lo.
Londres vive um conflito motivado, segundo os manifestantes, pela morte de um inocente vigia, Mark Duggan,  pela polícia londrina.
Em Belford Roxo, na baixada fluminense, mais um caso de violência, o desaparecimento e morte do menino Juan de Moraes de onze anos que, ao que tudo leva a crer, foi morto pela polícia.
Esses três resumidos episódios destacam erros das autoridades policiais frente a sociedade que deveriam dar proteção e segurança.
No caso de Carter, artistas consagrados como Bob Dylan, participaram de protestos contra a prisão injusta do boxer; no caso de Duggan, jovens ingleses foram às ruas  manifestar o inconformismo; no caso de Juan, a família e os amigos humilhados e constrangidos, mostraram alguns cartazes para as câmeras de TV,em um país que agrega milhares de pessoas em marcha pela legalização das drogas.
Segundo o Centro Israelense de Informação sobre Direitos Humanos nos Territórios Ocupados, em Israel e na Palestina 467 pessoas morreram em conflito em quatorze anos, enquanto que só no Rio, no mesmo período morreram 3.937 pessoas vítimas de crimes como tráfico, confronto entre policiais, assaltos e balas perdidas. Há de se destacar que entre israelenses e palestinos há uma guerra histórica por territórios e fundamentalismo religioso. No Brasil, a “guerra” é fomentada pela injustiça social, pela falta de reformas de base na educação, saúde, baixo salário, segurança pública, etc.
No Brasil, os formadores de opinião, preferem utilizar suas imagens para vender shampoo e ilusão.
Nos versos da canção Hurricane, Dylan expressa sua revolta: “...vê-lo obviamente condenado numa armação, não teve outro jeito a não ser me fazer sentir vergonha
de morar numa terra onde a justiça é um jogo”


Ricardo Mezavila

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O Velho Lobo

Mario Jorge Lobo Zagallo, é esse o nome do maior vencedor de copas do mundo do planeta. São quatro: Duas como jogador em 58 e 62 quando atuava pelo Botafogo, seu clube de coração, e duas como técnico da seleção brasileira, 70 e 94.

-“Vocês vão ter que me engolir”! Disse o velho Lobo, em resposta às críticas feitas por alguns jornalistas contrários a sua condição de técnico da seleção.

Assim são os vitoriosos, exibem os dedos em V com um sorriso capaz de derrotar os adversários antes de começar a partida.

Mas seriam os vitoriosos heróis?
O herói não precisa, necessariamente, ser um notório vitorioso. Basta ter coragem, persistência e determinação. Muitos heróis vivem no anonimato de suas façanhas. Reconhecem-os, familiares e amigos próximos. São guiados por objetivos nobres como : liberdade, justiça, sacrifício, força de vontade, etc.

Os heróis também podem estar vinculados a figuras épicas através da força física como a de Hércules, herói da mitologia grega; Podem estar carimbados com a chancela da esperteza e da malandragem como Macunaíma, herói brasileiro; E também há os heróis da ficção, os super-heróis.

Voltando ao Velho Lobo, Zagallo, que não chega a ser um herói, mas que comemora oitenta anos, sendo sessenta servindo ao Brasil, como grande divulgador que é do nosso futebol. O Velho Lobo deveria receber do governo, através da Confederação que administra as coisas do futebol, maior atenção e consideração pelo que fez durante todos esses anos. O governo precisa cuidar melhor dos nossos patrimônios humanos e ser menos benevolente e mais fiscalizador dos bens patrimoniais dos cartolas que estão mais para anti-heróis.

Nesta data a minha homenagem ao Velho Lobo, botafoguense como eu, estão nas palavras do também alvinegro e glorioso Armando Nogueira :

“O Botafogo é bem mais que um clube - é uma predestinação celestial. Seu símbolo é uma entidade divina. Feliz da criatura que tem por guia e emblema uma estrela. Por isso é que o Botafogo está sempre no caminho certo. O caminho da luz. Feliz do clube que tem por escudo uma invenção de Deus. “

Ricardo Mezavila

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Filha natural da vida


Cálculos mais modestos indicam que já são 30% o número de crianças órfãs no Sudão, conseqüência de mais de vinte anos de guerra entre irmãos sudaneses pelas reservas petrolíferas e por motivos religiosos. No caso dos órfãos de pais desaparecidos é simples de entender. No fragor dos ataques inesperados, em meio às explosões, tiros, fogo e degolas, as aldeias ficavam num caos total, cada um tentando salvar sua vida e dos seus queridos. Milhares e milhares de crianças ficaram vagueando sozinhas em fuga desesperada, alguns para países vizinhos, outros para os desertos. Os que sobreviveram voltaram para as aldeias, magérrimos e doentes, a procura dos pais.
     
Nos tempos bíblicos Jesus falava muito em viúvas e órfãos, mas ele se referia aos filhos dessas viúvas que já haviam perdido seus pais, logo estavam órfãos, porque se a expressão valesse para adultos, todo mundo era órfão. Na iminência de uma guerra, só ficavam de fora a viúva e os órfãos, se os adultos que não têm pai fossem órfãos ninguém ia para a guerra, será que todos aqueles guerreiros tinham pai e mãe? É óbvio que não.
Deixando de lado os pressupostos da origem de como uma criança é transformada em órfã e também as prerrogativas legais da adoção, aponto minha atiradeira poética na direção dos pássaros que cantam e voam, mas não sabem muito sobre a origem de seus ninhos.
Reconheço alguns rostos e um em especial, que não são como as crianças sudanesas que sofrem os horrores da guerra e nem como as crianças órfãs filhas das viúvas a que se referia Jesus, mas que levam pelam vida a dúvida de sua concepção.
Sobre esse rosto em especial eu posso falar, porque está ao meu lado em inúmeras fotos espalhadas pelas redes sociais, carrega no coração a eterna dúvida da maternidade biológica. Isso faz com que, no meu entendimento , ela posso vir ser filha de uma floresta perfumada, de uma montanha azul, filha do oceano, do céu, da terra, do ar enfim, filha da natureza. Sua hereditariedade , tal como ela é, deve vir de uma pérola escondida em uma gruta perdida, difícil de se encontrar.
O desconhecido também pode ser instigante por causa das possibilidades que ele cria.

A beleza da vida é ir em frente !

“A maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que os simples
fatos do vôo — como ir da costa à comida e voltar. Para a maioria, o importante não é
voar, mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar. Antes de tudo o mais, Fernão Capelo Gaivota adorava voar." (Richard Bach)


Ricardo Mezavila

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Odisseia do caô

“Após uma incursão pirática em Ismara, na terra dos cicones, Odisseu e seus doze navios são desviados do curso por tempestades. Visitam então os letárgicos Comedores de Lótus, e são capturados pelo ciclope Polifemo, do qual escapa apenas após cegá-lo com um pedaço afiado de madeira. São recebidos por Éolo, senhor dos ventos, que dá a Odisseu um saco de couro contendo todos os ventos (com a exceção do vento oeste), um presente que deveria lhe ter garantido a viagem de volta para casa; seus marinheiros, no entanto, abrem de maneira tola o saco enquanto Odisseu dormia, pensando que continha ouro; todo o vento voou para fora do saco, e a tempestade resultante mandou os navios de volta para onde haviam vindo, quando Ítaca havia acabado de aparecer no horizonte.”
 
O texto acima foi extraído do poema épico Odisséia do autor grego Homero escrito no século VIII a.C. sendo um clássico da literatura.

Procure ler e decorar alguma coisa sobre literatura tipo, nome de escritores, livros, pequenos poemas que você possa vir a recitar eventualmente, isso pode fazer muita diferença em algumas ocasiões. Por exemplo, você de repente vai a um evento e cai em uma rodinha onde todos tem aspecto de intelectual (olham para você como se quisessem mostrar o que eles tem lá no fundo da narina) esses são os intelectuais estereotipados, os verdadeiros não estarão nesta rodinha, você vai encontrá-los vestidos de jeans e tênis all-star e provavelmente fumando e bebendo. Mas vamos lá, você está na rodinha dos pseudos e diz:”- D. Quixote não seria ninguém sem o Sancho Pança”, D. Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes é o livro mais traduzido e publicado depois da bíblia sagrada. Possui 1.500 páginas e ninguém lê, mas todos dizem que sim.

Outro livro que você deve saber o nome é Guerra e Paz de Leon Tolstói, russo. Uma lenda urbana afirma que o sentido real do título do livro seria A Guerra e o Mundo, não nos interessa saber o porquê, importante é fazer esse comentário. Você também pode decorar essa frase pequena dele  “os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas.

Voltando ao texto inicial transcrito de Odisséia. Odisseu padeceu como um coitado durante toda a narrativa, e quando estava finalmente voltando para casa, com os “ventinhos” dentro do saquinho de couro que o tal do Éolo deu a ele, para que seu navio tomasse o rumo certo, os marinheiros trapalhões abriram o saco voando todo o vento para fora, Odisseu estava dormindo e não viu nada. Isso me fez criar, agora, digamos, uma paródia épica: enquanto Odisseu dormia, seu saco voava na ventania (ic)!



Ricardo Mezavila

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Aparelho digestivo

Encontrei um antigo CD sobre um guia médico da família. Instalei o programa em meu notebook e fiquei ali, lendo e vendo as ilustrações, admirando a misteriosa obra divina. Tudo muito perfeito, uma fantástica engenharia que nos provém a vida.

Na introdução do guia aparece em vídeo, uma criança branquinha e sorridente, deve estar representando as famílias daqueles que conseguem pagar plano de saúde e fugir da humilhação de horas em filas nos hospitais públicos para não serem atendidos.

Achei interessante a parte que fala das crenças sobre o corpo humano.  Eu não sabia, mas até o século XVI, as crenças religiosas e outras restrições impediam a dissecação de cadáveres para estudar a constituição do corpo humano, o que fez surgir inúmeras idéias erradas sobre anatomia e fisiologia. Acreditava-se que as mulheres tinham menos dentes do que os homens, o que é uma verdade segundo a lei Maria da Penha; acreditava-se que o sangue passava de um lado do coração para outro através de pequenos buracos nas paredes centrais, hoje sabemos como são feitos esses buracos e quem os fazem; os antigos pensavam que o embrião era resultado da mistura do fluido seminal masculino com o sangue menstrual feminino, assim como o nosso molho rosê; pensavam também que o ouvido era a centro do desejo humano, não considero isso uma crença, tem pessoas que adoram fofoca e  acabam gozando pelos ouvidos.

Os esqueletos feminino e masculino diferem no peso dos ossos dos braços e pernas, no formato da pelve e no ângulo da articulação do cotovelo (?) , deve ser a parceria entre o sofrimento e o balcão do bar.

Continuando a viagem pelo corpo humano passei pelos órgãos reprodutores femininos, masculinos; circulação sistêmica, sistema nervoso e circulatório, sistema linfático, artérias, células, plaquetas e glândulas.

Chegando no aparelho digestivo senti como se tivesse descoberto o grande mistério da vida. O aparelho digestivo é composto do trato digestivo, um tubo que vai da boca ao ânus.

Parei nesse tubo.

De todos as engrenagens do corpo humano, da mais simples a mais complexa, nada é tão perfeito quanto essa ligação, principalmente quando há refluxo.

Ricardo Mezavila

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Envelhecendo para ser velho


Hoje, por conta dos inúmeros apelos que vemos e ouvimos durante todo o tempo, querendo ou não, submetendo-nos ou não, somos alvos das flechas publicitárias espalhadas nas ruas, nos transportes, por todas as mídias.

Definitivamente envelhecer não faz parte de nenhuma opção de vida, ironicamente, quando se trata de futuro.

Você tem que pensar no seu futuro, mas nunca imaginar que isso o encaminhará para a velhice. O futuro foi, é e sempre será tema literário em todas as formas de arte e nunca da propaganda, que coloca o presente dentro de uma geladeira para que fique jovem para sempre.

Viver é como acender um incenso, queimando aos poucos vai ocupando o ambiente com seu aroma, a fumaça flutuante vive o tempo de um vento e quando a brasa perde o vigor é exatamente quando o ar fica mais perfumado, os sonhos estão mais iluminados e as tensões relaxadas.

Envelhecer é parecido com o processo do incenso: de uma hora para outra, sim, a gente não percebe a fumaça no início, pois é o tempo que acende o fósforo, passamos a ocupar um lugar especial na vida de nossos familiares e amigos com nossa experiência; nossos conselhos flutuam nas palavras e quando a vida perde o vigor é quando ficamos mais iluminados e viramos fumaça.

A "ficha" caiu: Quem gosta de incenso é hindu, aquele camarada magro que sustenta a fé de que a vida física é ilusão; que adora vaca, rato, serpente; toma banho coletivo em um rio chamado Ganges, onde mulheres afogam filhos recém-nascidos como sacrifício e que faz de tudo para atingir o nirvana, ignorando o paraíso que é o led zeppelin.

Envelhecer é maravilhoso quando você está preparado para seguir com a vida em toda a sua amplitude. É aprender a usar a força que você tem com  a inteligência adquirida.       

O homem velho, como disse Caetano, é o rei dos animais.


Ricardo Mezavila

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Metamorfoseando


 Acordei outro dia com gosto de cerveja velha na boca. Parecia que o mundo tinha acabado e só eu era o sobrevivente, moribundo, mas vivo. Não havia outra explicação para tamanho silêncio e dor de cabeça. Deitado em minha cama parecia que eu era o próprio Gregor Samsa, personagem que me persegue desde que entrei na adolescência e comecei a sentir a responsabilidade avançar sobre meus dias, atropelando a inocência que existia nas ruas da zona norte do Rio.
D-u-l-c-i-d-i-o  W-a-n-d-e-r-l-e-y  B-o-s-c-h-i-l-i-a; sempre que desconfio de  que  perdi a consciência eu soletro alguns nomes para testar os reflexos, e um dos mais difíceis é desse antigo árbitro de futebol. Às vezes a coisa está mais complicada então eu falo em voz alta o alfabeto de trás para frente, mas ainda não acostumei com o K, W e Y no meio das letras.
         
Cao; Moreira; Leônidas; Zé Carlos; Valtencir; Carlos Roberto; Gerson; Rogério; Roberto; Jairzinho e Paulo César. Essa escalação de 1968 do Botafogo de Futebol e Regatas também está entre meus testes cognitivos.
  
You're asking me will my love grow,
I don't know, I don't know
           
Os Beatles sempre estão presentes em minhas terapias alternativas quando estou decidindo se vale, ou não a pena levantar da cama, abrir a janela e encarar a realidade. Fico distraído lembrando da estátua de Eleanor Rigby e imaginando o que ela poderia estar carregando naquela bolsa além de arroz; fico tentando entender quem é Jude da canção Hey Jude. É homem ou mulher ? Paul deixou uma pista de que seria para Julian, filho de Lennon, e que compôs quando este se separou de Cynthia, sua mãe. Eu sempre imaginei que fosse uma mulher, tanto que fiz um poema para minha filha Júlia inspirado na canção.
As horas iam passando e eu sentia que aquele estado Kafkaniano só terminaria quando eu finalmente  levantasse, olhasse o espelho e confirmasse que o  mundo ainda estava ali, apesar de todo o lixo acumulado debaixo do seu tapete. Ele ainda resistia apesar dos ataques das bandas infanto-juvenis e do estrelismo de alguns vovôs do rock Brasil. A terra realizava o movimento giratório ao redor do seu eixo normalmente no sentido anti-horário. Foi quando percebi que em meus pés havia grãos de areia da praia. O ano velho havia partido no dia anterior e diante de mim um ano novo sorria de braços abertos, mas com um chinelo na mão, como fazia minha mãe quando eu, moleque ainda, voltava da rua e ia direto dormir sem ter lavado os pés.

All you need is Love !
           

Ricardo Mezavila

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

As pessoas complicam muito as coisas

Recentemente encontrei um amigo que me confidenciou estar com a dentição amolecida, que por isso andava afastado dos amigos, pois estava desconfortável em mastigar um churrasco e outros quitutes mais sólidos. Andava desanimado e com a auto-estima baixa. Disse-me que havia marcado ir a uma clínica para orçar um implante, porém não compareceu conforme o combinado, ficara envergonhado e ao mesmo tempo receoso pelo alto custo do tratamento. Enquanto me contava seu drama, pude perceber que aos poucos ele ia ganhando confiança pela receptividade que eu transmitia, como bytes recebidos e enviados em uma conexão, ele ria de sua “desgraça” simplesmente porque foi capaz de revelá-la a alguém.
As pessoas complicam muito as coisas, mastigam saudades até o “caroço” e bebem o orgulho até a última gota. Dificultar um problema parece ser o caminho mais sem obstáculos para a sua resolução. Colocar a cabeça para fora do barco, avistar um punhado de terra e pisar em chão firme parece inatingível.
Como um verdadeiro protocolo TCP/IP eu era a conexão confiável que meu amigo precisava para navegar por seus conflitos internos e dar o primeiro passo para amenizá-los.
Às vezes precisamos encontrar alguém que nos permita usar seus ouvidos por uns minutos; usar seus olhos como espelhos por algumas frações de segundos.
É perguntando que desfazemos dúvidas e é fazendo que matamos a vontade.
Eu disse a ele: - imagine se você morre sem ter feito os implantes. Aí um filme de sua vida passa na sua frente e você se vê diante de uns poucos degraus que levam até a clínica. Você reluta em subi-los, por total insegurança, passa a sofrer por isso, isola-se do convívio social, deixa de viver preciosos momentos que nunca mais voltarão. Eu acho que você pediria uma nova chance e daria mais valor aos detalhes que podem transformar a sua vida. Como dizem por aí, o não você já tem, o sim é o risco.
Bem, você ainda está aqui, então vá lá, agora, e suba aqueles malditos degraus e venha sorrir e comer o churrasco que vamos preparar para celebrar a vida.


Ricardo Mezavila