BLOG do Ricardo Mezavila
Crônica, Poesia e Você.
sábado, 25 de novembro de 2023
Now and then
quinta-feira, 21 de setembro de 2023
Equívoco do tempo
domingo, 11 de setembro de 2022
Antecipar o segundo turno é ato civilizatório
Quanto mais se aproxima o dia 2 de outubro, mais cresce a
possibilidade de casos de violência contra candidatos, eleitores e militantes de
oposição, estimulados pela irresponsabilidade e desespero do presidente de não
ser reeleito.
Os últimos casos foram o assassinato de um eleitor de Lula por
um de Bolsonaro após discussão política no MT, a ameaça a Guilherme Boulos por bolsonarista
armado em SP, enquanto Ciro Gomes sofreu ameaça de agressão no RS e Fernando
Haddad cancelou participação em evento após ser ameaçado.
Com argumento de armar a população para defesa pessoal, o
governo vai armando um grupo fanático que intimida quem possui pensamento
diferente, chegando às últimas consequências, como fizeram contra os petistas
Benedito Cardoso dos Santos e Marcelo Arruda.
Um agricultor, que responde a processos por sonegação de
impostos, constrangeu e humilhou uma mulher em situação de vulnerabilidade na
periferia de Itapeva, SP, quando tentava comprar o seu voto.
Ao entregar uma cesta básica perguntou em quem ela votaria,
tendo Lula como resposta, o empresário covarde, que gravou a conversa para
intimidar outros eleitores, disse que aquela seria a última vez que ela
receberia o benefício, “esta é a última marmita, vá pedir ao Lula” – disse.
A sociedade brasileira, puxada pela classe média, mesmo
prosperando, não engoliu a vitória de Lula em 2002. Sem formação política e
baixo conhecimento de cidadania, adotou discurso anticorrupção como tema
central e absoluto contra o PT, tendo atingido o auge durante a famigerada Lava
Jato.
A classe média aceita o acúmulo de riqueza, sabotagem na
educação, exploração da mão-de-obra, destruição do meio ambiente, sucateamento
da saúde, expropriação de estatais estratégicas, mas tomou as ruas contra uma ‘pedalada’
fiscal para acabar com a ousadia de um governo que deu oportunidade ao pobre de
viajar e frequentar universidade.
O presidente Jair Bolsonaro cometeu diversos crimes até aqui.
Na pandemia negou a vacina causando milhares de mortes, promoveu o uso de
remédio ineficaz, não tomou providências quando soube das fraudes e dos esquemas
no Ministério da Saúde, pastores evangélicos atravessaram barras de ouro dentro
do Ministério da Educação, colocou em sigilo por cem anos suas maracutaias,
comprou dezenas de imóveis em dinheiro vivo, fere o Estado Democrático de
Direito, agride mulher, é racista, homofóbico, anti-indígena, mas é perdoado
por ser antipetista e se proclamar cristão.
Segundo as pesquisas, a maioria dos eleitores de Ciro Gomes
não querem a reeleição de Bolsonaro e sabem que seu candidato não tem chances
de chegar ao segundo turno.
Para conter o avanço da extrema direita na reta final, seria eficaz
uma campanha pela antecipação do segundo turno de maneira pontual, com apoio de
eleitores notórios do pedetista, como Tico Santa Cruz e Caetano Veloso, que já
declararam voto em Lula, para dar fim a futuros questionamentos do resultado
das urnas.
Antecipar o segundo
turno é muito mais do que praticar o voto útil, é tirar do cargo um sujeito
inadequado, despreparado, corrupto, antidemocrático, favorável à tortura. É uma
atitude civilizatória.
Ricardo Mezavila
sexta-feira, 7 de maio de 2021
Jacarezinho: A maior chacina da história da última semana
Apenas a título de informação, o presidente Jair Bolsonaro
visitou o governador Cláudio Castro no Palácio Laranjeiras, um dia antes da
chacina no Jacarezinho.
Essa informação pode não ser nada, mas pode ser alguma coisa
depois da coletiva do subsecretário de polícia civil e do delegado. O subsecretário
atribuiu à justiça, leia-se STF, o crescimento do crime organizado: “De uns tempos pra cá por força de algumas
decisões, de algum ativismo judicial, que se vê hoje muito latente na discussão
social, a gente foi de alguma forma impedido de atuar em algumas localidades e
vimos o crescimento do tráfico”
O delegado emendou em seguida: “Foram 24 mortos, diga-se de passagem nenhum era suspeito, era bandido,
criminoso, traficante e homicida”
Sou carioca, fiz ensino fundamental e médio em uma escola no
Morro do Jacarezinho, tenho amigos moradores do local que perderam, em outra
ocasião, filhos trabalhadores baleados pela polícia na porta de casa.
Não lembro de ter assistido uma coletiva após uma operação
policial em que o Estado, representado pelos seus agentes, tivesse verbalizado
ideologicamente uma ação.
O subsecretário usou termos vulgarmente utilizados pelo grupo
que apoia o presidente da república, como ‘ativismo judicial’, exatamente
quando o presidente trava queda de braço com o STF.
O delegado fez juízo de valor ao generalizar as vítimas ainda
não identificadas como criminosas. Essas práticas não são comuns entre os
agentes especializados e preparados diplomaticamente para transmitirem
tranquilidade à sociedade.
Fora essa questão captada nas entrelinhas, o que vimos foi o
costumeiro massacre do Estado contra o cidadão pobre, preto e favelado. Não é
carimbando a tragédia como ‘a maior chacina da história do Rio’, como faz a
mídia, que o extermínio será combatido, isso é como água que arrasta o sangue
do chão para o bueiro.
O serviço de ‘inteligência’ da polícia executou vinte e cinco
pessoas, sendo um policial, feriu dois passageiros que estavam viajando em um
trem do metrô, invadiu casas de inocentes causando terror e barbárie. Ao comentar
sobre um cadáver colocado sentado em uma cadeira de plástico, o delegado disse
se tratar de um ‘criminoso’, sem ter investigado.
A chamada ‘guerra’ ao tráfico é a estratégia mais estúpida de
combate a essa modalidade de crime. Morreram vinte e cinco, e daí? Acabou o
tráfico? O Estado vai entrar no Jacarezinho e oferecer educação, saúde, emprego
e lazer para os moradores?
Quando esse massacre for devidamente digerido, outro
acontecerá em qualquer uma das regiões vulneráveis socialmente. Moradores
ficarão presos em casa, crianças sem escola, doentes sem atendimento e uma
noiva maquiada será impedida de sair para casar, como aconteceu realmente.
Ao passo que, quando os criminosos moram em locais
privilegiados, os policias, quando entram para realizar um mandado, assinam
livro de visita na portaria (figura de
linguagem).
A decisão do STF que proibiu a realização de operações
policiais em comunidades do Rio durante a pandemia, pode sim, meio que sem querer
apesar da visita presidencial, como vimos na comemoração de Flávio Bolsonaro, ter
servido de mensagem e incentivo ao núcleo duro do bolsonarismo, que vê seu
líder derreter na CPI da Covid.
Ricardo Mezavila