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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Casimiro, pescador e poeta (personagem do meu livro: Marina e o submarino azul

"O dia em Vila Azul não passa no relógio, passa no voo dos pássaros / passa voando pelo tempo como uma gaivota / às vezes não muito rápido, ás vezes não muito devagar. / O dia em Vila Azul tem o cheiro de flor desabrochando e de semente fecundando / tem sabor de graviola na ponta da língua / tem o toque do vento nos cabelos das moças. / O dia em Vila Azul passa nas mangas das camisas enroladas no braço do pescador/ nas marcas do sol no seu rosto tímido e marcante./ O dia em Vila Azul tem o som leve de uma traineira amarela / por que amarela ? / Não sei, podia ser verde, vermelha, roxa, tanto faz / mas tem o som de uma traineira riscando o mar nos primeiros raios de sol... amarelo/ pronto, a traineira é amarela por causa dos raios amarelos do sol./ O dia em Vila Azul é um doce espírito passeando pelo bosque / nadando no lago maior, aquele entre as enormes árvores /lá é o encontro de quem quer falar com quem quer ouvir/ é a permanencia do passado no colo do presente./ O dia em Vila Azul é tudo isso e muito mais."

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"minha mãe tá pedindo paz / eu quero a paz que minha mãe pede/ se possível que venha com cobertura de canela e recheio de doce-de-leite/ o homem tem que comer a paz para sentir seu sabor/ e querer comer toda hora/ a natureza tá lavando a terra/ minha mãe tá fritando bolinho de chuva/ já tô indo mãe, guarda bolinho pra mim/ deixa que eu levo a chuva pra casa/ entro desclaço, os chinelos eu deixo em cima do tapete/ a natureza tá pedindo que minha mãe frite mais bolinhos de chuva/  a chuva só vai parar quando apagar a última brasa/ mãe, tô aqui fora esperando os homens que ficaram de trazer a paz/ a última que trouxeram tinha aquela pimenta que meu pai fazia/ eles prometeram que voltariam/ a natureza tá pedindo paz, minha mãe tá fritando bolinhos e eu estou aqui na chuva esperando os homens que vão trazer meu pai para casa."

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"Pensar em Vila Azul assim é como se, de repente, eu não fosse "mim" / não fosse eu, ou seja lá o que a gente é enfim. / É como se  a gente descobrisse que dentro de nós / não estamos sós / existe uma comunidade onde podemos realizar os sonhos que sonhamos do lado de fora / pode ser ontem, pode ser amanhã, mas não pode de deixar nunca de ser agora. / Pensar em Vila Azul é olhar para a cara do outro e enxergar o mesmo rosto."