Têm
pessoas que acham que tudo o que acontece tem um motivo por trás, uma
conspiração, nada acontece naturalmente e ao acaso. Quando Mark Chapman atirou
em John Lennon, segurava o livro “O apanhador no campo de centeio”, e
isso serviu de tese para estudiosos suspeitarem que o livro tinha algo de
macabro, alguma informação que fez com que o assassino tivesse se orientado
para tirar a vida do astro, uma espécie de gatilho mental para matadores
pré-programados. Se ele tivesse segurando o gibi do Cebolinha, seria uma dor de
cabeça para o Maurício de Souza explicar o temperamento da Mônica quando atira
o coelho.
Muitas
coisas simplesmente acontecem porque é assim que algumas coisas funcionam. Por
falar em livros, alguns são tão mais verdadeiros do que a própria realidade, é
a ficção sobrepondo seus próprios limites, atravessando a parede invisível que
nos divide, nos controla e tenta nos enganar. O livro que estava no local do
crime em frente ao Dakota, em dezembro de 1980, do escritor americano J.D.
Salinger narra os conflitos de um adolescente de dezesseis anos. O livro foi o
responsável pela criação da “cultura jovem”, pois na época a adolescência era
apenas a passagem da juventude para a vida adulta.
Alguns
fatos são planejados, mas não foge das teorias tipo: O presidente Bush sabia do
atentado contra as torres gêmeas, mas não evitou para poder invadir o Iraque; Lee
Oswald disparou três tiros que mataram o presidente Kennedy, mas depoimentos de
testemunhas e gravações provaram que foram quatro , a perícia constatou que do
rifle de Lee só saíram três disparos. Quem havia dado o quarto tiro? Foi a CIA
para incriminar Cuba.
Elvis
Presley não suportando a fama forjou sua própria morte; Jim Morrison, dos The
Door, enterrou um sósia em seu lugar e virou um agente secreto; Hendrix também
foi morto pela CIA que o afogou em um barril de vinho, foi encontrada grande
quantidade em seus pulmões durante a autópsia, o guitarrista era visto como
subversivo e apoiava em demasia as causas populares.
No
Brasil há a conspiração de que Tancredo Neves foi assassinado durante cerimônia
religiosa e, entre tantas pessoas, só Glória Maria viu quando os militares
atiraram no presidente e que a seleção brasileira entregou a copa aos franceses
em 1998. Esses dois casos são emblemáticos e corroboram a teoria de que há
coisas que simplesmente acontecem. Tancredo estava doente e se negou a operar
antes da posse, mas não houve tempo e foi levado às pressas para o hospital. A
seleção levou um “baile” da França e, nem com Ronaldo cem por cento, resistiria
ao talento naquela final, de Zinédine Zidane.
Conspirar
não é crime, ninguém me convence que Neil Armstrong foi à lua. Contudo, aconselho
a leitura de “O apanhador no campo de centeio”, mas não posso dizer o
mesmo de “As conversas que tivemos ontem” porque em uma das
crônicas o autor diz “quando você se liberta daquilo que te oprime, o teu
espírito corre por entre os verdes campos de algum lugar bonito, rodeado por
anjos que brincam com as luzes que se acenderam da tua alegria de estar feliz”,
essa frase pode ser considerada um gatilho para que você encontre a felicidade,
algum ditador pode não gostar. Aí vai que...
Ricardo
Mezavila.