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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Luz do Méier

 Lá pelos idos de 1983 eu era bancário, trabalhava no tradicional Banco Boavista, controlado pela família Guinle de Paula Machado, fui transferido da matriz na Candelária, para a agência do Méier, na rua Frederico Méier. Nasci e cresci no bairro e a transferência que seria uma punição pelos meus envolvimentos políticos sindicais acabou se tornando um prêmio. Eu fazia atendimento no balcão, o que proporcionou que eu conhecesse melhor os clientes, alguns até suas particularidades. Foi o que ocorreu quando atendi um senhor vestido com um terno verde escuro, o escritor Dante Guarino. Ele me presenteou com um livro seu de 1954, era um livro de poesias. Eu disse que também escrevia e fui convidado a visitá-lo em sua residência para que pudéssemos passar uma tarde bebendo chá e apresentando nosso trabalho. Foi meu primeiro contato com um escritor.

Através dele conheci histórias de um outro escritor, amigo seu, que morou na  rua Aristides Caire durante muitos anos, Agripino Grieco, que eu só conhecia como praça, durante muitos anos o ponto final dos ônibus 455 e 456 ficava na Praça Agripino Grieco. Dante Guarino me disse que o Millôr Fernandes também era do Méier e isso me deixou ainda mais orgulhoso por saber que o Méier abrigou escritores importantes, mesmo que em outra época.  Eu já sabia de um sambista importante morador do bairro, o cantor e compositor João Nogueira, mas mesmo sendo da minha época, existia uma grande distância entre quem ainda não havia completado vinte e cinco anos, do grande artista e idealizador do clube do samba, muitas cervejas nos separavam.

Agora tomei conhecimento que o não menos brilhante músico e compositor Moacyr Luz, nasceu e morou no Méier. Esse sim, da minha geração, mais rodado e mais “bebido” por causa das ilustres amizades que fez por conta de seu talento, mas é personagem real do bairro e próximo do tato e parceiro de Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro. Como em Saudades da Guanabara “eu sei que o meu peito é lona armada, nostalgia não paga entrada”, por isso ainda há tempo de o Méier saber que, um outro filho seu, recentemente, ganhou Diploma de Escritor, mas tem o reconhecimento diluído no anonimato do cotidiano das plataformas de trem, no abrir e fechar das portas controladas da cabine do condutor.

Praças e clubes à parte, saúdo todos os artistas nascidos no subúrbio da Central e Leopoldina, da Zona Oeste, Norte e da Baixada. Diferente da Zona Sul, onde existem fronteiras entre bairros, quem é do Leblon é do Leblon e nunca de Ipanema; nas outras regiões os bairros são continuação um dos outros, são fraternos e vivem de mãos dadas. Com um largo abraço de Agripino a Moacyr estou abraçando a plêiade, seus ícones afortunados, mas  também os anônimos e seus infortúnios, porque a arte tem várias caras, cores, letras, tons e sons, o Samba do Trabalhador que o diga.

Ricardo Mezavila.


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Menção Honrosa - na Academia Brasileira de Letras - ao livro "As conversas que tivemos ontem"


Tudo começou a partir da criação deste Blog, em 2011, quando passei a escrever crônicas e publiquei o livro, que foi lançado na XV Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, em 2013. Dedico esta Menção Honrosa, obtida no Concurso Internacional de Literatura em Língua Portuguesa, promovido pela União Brasileira de Escritores, à minha família, em especial à minha esposa Sueli que incentivou o Blog e que foi e é inspiração para várias crônicas; às minhas filhas Amanda, Beatriz e Júlia e ao meu neto Guilherme que são a razão maior da existência deste poeta-cronista, ou cronista-poeta, tanto faz. Registro aqui, em fotos, um dia especial na Academia Brasileira de Letras, templo da literatura, em que recebi a medalha e diploma honrosos.

Ricardo Mezavila.



















segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Frear é preciso, votar...

internet


Está chegando a hora de o motorista do ônibus dar aquela freada brusca para acomodar os passageiros. O veículo está cheio, quase lotado, mas ainda tem uns espaços vazios que podem ser ocupados se houver boa vontade e percepção de espaço. Assim acontece com os que ainda não sabem em quem votar no segundo turno das eleições. Estão no coletivo, mas ainda não sabem se sentam, ficam no corredor à direita, ou à esquerda perto da porta. Há quem faça sinal no ponto, o motorista abre a porta, mas o usuário se recusa a entrar justificando que não tem lugar para sentar e que viajar em pé é desconfortável, por isso vai esperar o próximo coletivo.

Os indecisos podem lotar um lado só do ônibus, deixar os bancos vazios ficando todos em pé, descerem todos em um único ponto, ou irem até o fim da linha e circularem de volta. Até leem as placas mostrando que por ali se chega lá, mas ficam na dúvida se, chegando lá, vão ter a certeza de que era ali mesmo que queriam chegar. Por vezes os indecisos atrasam a viagem, nos levam por caminhos opostos, ou nos forçam a voltar para onde não queríamos mais estar.

Uma situação comum de aflição para o indeciso que viaja de ônibus, é saber a hora de puxar a campainha para sinalizar que quer desembarcar. Ele nunca tem certeza de onde descer, então fica olhando pela janela como à espera de um chamado, uma legenda, bandeira ou número que o convença a tomar uma decisão.

As eleições estão aí e os indecisos precisam fazer suas escolhas, a melhor maneira é dialogando, lendo propostas, se possível analisando criticamente o conteúdo de cada candidato sem deixar-se impressionar por frases de efeito. Uma das alternativas para os indecisos é o debate, mas é preciso que o indeciso tenha consciência de que ninguém está ali fazendo teste para apresentador de televisão, nenhum dos candidatos tem a obrigação de ser ótimo em oratória, basta ser claro para poder esclarecer seus programas de governo. Enfim, ir até às urnas é um compromisso democrático, mas escolher um candidato ou nenhum, é uma decisão e responsabilidade de quem não quer ficar exposto ao pedal de freio da história.

Ricardo Mezavila.













Prêmio Alejandro Cabassa



 UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES - UBE/RJ
Fundada em 27 de agosto de 1958
Integrante da Federação Latinoamericana de Sociedade de Escritores


Rio de Janeiro, 15 de outubro de 2014


Ilmo. Sr.
RICARDO MEZAVILA


 Prezado Senhor



Valemo-nos da presente para lhe comunicar, oficialmente, que  V. Sa. obteve Menção Honrosa na Categoria Crônica - PRÊMIO ALEJANDRO CABASSA e que este lhe será entregue no próximo dia 24 de outubro corrente, sexta-feira, às 15 horas, no Auditório R. Magalhães Junior da ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.
                       

O  seu  comparecimento  muito  nos honrará  e expressamos  a V. Sa. as mais efusivas congratulações pela obtenção de tão expressiva premiação.


No dia seguinte, sábado, 25 de outubro, às 13 horas, haverá um “Almoço de Confraternização” no restaurante do Hotel Excelsior, situado na Rua Fernandes Mendes,  5, esquina da Av. Atlântica. 



Aguardando notícias, subscrevemo-nos,


atenciosamente.



LUCIA REGINA DE LUCENA
                               Presidente                                 


                                                                                                 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Borboleta de batom


da internet


Vaidade pode até ser, como nas fábulas, o orgulho e soberba para fazer inveja ao outro;  pode ser punida pelo excesso, como foi Dorian Gray na literatura de Oscar Wilde; pode ser o pecado, a exemplo de Narciso em frente ao espelho; também pode ser o exagero da estética, do visual e da aparência por vezes manipulada e artificial.

Vaidade pode ser tudo isso, mas também pode ser natural e leve, bonita e doce, despretensiosa e inocente. A vaidade na sua forma primária, onde só a capacidade de se sentir bem é sua base, é uma borboleta colorida, de batom vermelho, com os olhos esfumados pela sombra e um blush básico que faz apaixonar os seres da primavera.

Vaidade também é sinônimo de orgulho, de quem se sente suficiente para acrescentar um pouco de luz aos que estão ao lado; nunca a ostentação pela ostentação, mas o valor daquilo que pode ser útil e servir de alimento aos que voam pelos jardins e são atraídos pelo cheiro do pólen de uma flor de qualidade.

Vaidade é uma lua solta no espaço sem adjetivos que traduzam a sua beleza, é um sol coroando o dia com seu calor adocicado pelas águas dos rios, é uma mulher incrivelmente viva derramando sua alegria nos nossos dias, deixando sua marca e presença eternizadas em suas palavras, suas atitudes, sua dedicação e na polinização da saudade.


Ricardo Mezavila