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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Para Nascer o Novo




Comece desligando-se de coisas que pouco ou nada lhe acrescenta. Aquilo que não é útil, necessariamente não deve lhe causar dano por isso, mas perturba e atrapalha a visão sobre você mesmo. O entretenimento é plausível, mas também tem de ser alvo de sua crítica quando estiver ocupando mais tempo do que realmente merece.

Faça uma lista com o nome das pessoas queridas da sua família e seus amigos, tente lembrar a data de seus aniversários. A lista talvez seja menor do que você pensava quando aceitou esta ideia. Lembre da última vez em que realmente teve motivo para estar feliz, rindo de qualquer coisa.

Pendure os rótulos que lhe empurraram e observe atentamente o que restou de café na xícara, tente montar uma figura, uma paisagem, um poema  e surpreenda-se da semelhança com alguns quadros de Dali e algumas frases de Dostoioévski: “A melhor definição que posso dar de um homem é a de um ser que se habitua a tudo.”

Mentalize uma energia sonora, um mantra, invente um se não sabe nenhum. O importante é o efeito. Vai a dica:  ÔÔÔÔ   RÁ!    PAZZZé o som que faz vibrar a energia; RÁ é reverência ao deus do sol; PAZ é tudo o que o mundo precisa), assim está construído um mantra que também é uma saudação : Ô Rapaz!

Se tiver alguma pendência com a mágoa ou com o perdão, desfaça-se delas. Não julgue ou meça. Para começar olhe fixamente para as suas mãos, contorne os dedos com os olhos, repare nos desenhos de suas unhas rosadas e imagine quando tudo isso estiver gelado e sem movimento. As mãos foram feitas para o cumprimento, solidariedade e para a benção.

Os dias são separados pelo sol e a lua, você faz parte dos dois, não há segregação, só o calendário. Quando for descansar e seus olhos estiverem abertos somente para dentro de você, sinta-se como integrante do todo que realmente você é. Depois abra a casca e venha vestir sua nova roupa.


Ricardo Mezavila

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Meu pedido secreto







Inacreditável. Esse adjetivo que dizer algo que não se pode acreditar, algo incrível. E tem sido muito utilizado como jargão popular na esfera esportiva para designar uma falha grotesca de um atleta. Considero inacreditável o fato de não existir no Brasil uma lei na área da educação, na verdade um direito, de desde a pré-escola, a criança aprender música, línguas e esporte.

Quando completasse o ensino fundamental a criança saberia tocar um instrumento, a falar um novo idioma e a praticar um esporte. A adoção desse conjunto de medidas transformaria a sociedade e, conseqüentemente, todo o panorama adverso em que fomos atirados. A música desenvolve a concentração; autodisciplina; coordenação; paciência; sensibilidade; além de ser uma fonte de alegria, bem-estar e de aproximação social.

Aprender um segundo idioma, na fase adulta, é mais difícil do que quando criança. Elas aprendem com facilidade e conseguem, sem dificuldade, relacionar um objeto a duas palavras, em línguas diferentes. Um dos benefícios de se saber uma língua além da pátria, é a possibilidade de comunicação com outras culturas, o mundo globalizado tem estreitado cada vez mais os povos, além das oportunidades profissionais.

No esporte a criança desenvolve valores como cooperação, coletivismo, disciplina e é indispensável à formação saudável do seu crescimento físico. Tanto faz a prática coletiva ou individual, o esporte valoriza o respeito ao outro. Imagino como seria relevante se todos essas adoções fossem aplicadas em todas as escolas e, sendo elas todas, preparadas para a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais, seria completo.

Olho para os lados e não quero acreditar que estou escrevendo no deserto para os camelos. Não é sonho esse “lugar que não existe”, nem é o imaginário dos devaneios de um poeta lunático. É só uma forma otimista de olhar para dentro e querer o melhor para todos. Esse é o meu pedido secreto.


Ricardo Mezavila

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Pra rir depois de tudo





Às vezes nos damos conta de estarmos rindo de algum fato passado que, na época, era tratado como um “problema sério”, alguma coisa sem solução com sua garganta enorme a nos querer engolir. Isso sempre acontece depois que as nuvens carregadas despejaram sobre nossas vidas as tempestades, conseqüência dos nossos atos. Não muito raro, acabamos de rir da “desgraça”, e deixamos de perceber o quanto forte fomos a ponto de fazermos pilhéria e graça sobre o que nos atormentava.

Seria bom se em todas as crises que vivemos, pudéssemos tratá-las com a importância merecida, mas também com uma dose de humor, mesmo que “negro”, ou sarcástico que seja, mas com uma ponta no futuro que tudo transforma em “comédia”, em pastelão, quando na verdade é mais um roteiro de nossas vidas.

Uma das pressões mais asfixiantes por qual passamos, é quando temos de mudar de endereço com data determinada. Você tem um prazo para desocupar o imóvel e conseguir alugar outro. De preferência para o mesmo bairro onde já habituamos com as pessoas, o comércio e o transporte. No início a procura atinge grau um na escala Richter, que qualifica o nível  de energia liberado por um sismo; a procura é ainda lenta e sem muita preocupação.

Com o passar dos dias e com a dificuldade de encontrar um imóvel nas características desejadas, passamos a pensar na possibilidade de morar em um outro bairro, onde as ofertas certamente serão maiores e os preços mais acessíveis. Aí descobrimos que a dificuldade para alugar é a mesma em todos os lugares. Parece que tudo e todos conspiram contra nós. Os dias amanhecem e anoitecem mais rápidos e a energia liberada por um sismo fica cada vez mais variável. Acordamos com grau três e passamos a seis como quem sobe e desce uma escada.

O tempo urge e a grande garganta engolidora faz gargarejo com a frustração de mais um imóvel “perdido” seja pelo excesso de burocracia ou por uma “ficha” na frente como opção de entrega de chaves. Às vezes nos sentimos escalando nuvens. Mas, como diz o ditado: Calma, Deus continua trabalhando! A gente vai sofrendo os abalos sísmicos, mas com fé de que Ele não nos abandonará. E, seja em qualquer  bairro , a gente entra com tudo para ser feliz, porque a vida continua e se no fim não vamos sair vivos, pelo menos não morremos com antecedência.

Ricardo Mezavila

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Fiel da balança


by internet




Sei lá porque, talvez pelo clima do carnaval na companhia da família, comentei hoje e escrevo aqui reminiscências da infância. Meu pai e minha irmã primogênita torciam pela Mangueira e minha mãe e minha irmã caçula pelo Salgueiro. Eu sou o filho do meio, o filho sanduíche, aquele que fica entre o desbravador e o queridinho. Então, com o empate pela preferência entre as duas escolas de samba, cabia a mim o voto de minerva. Talvez para não desagradar uma das partes, ou para contrariar mesmo, ou subverter pelo simples prazer, ou por total anarquismo, eu comecei a torcer pela escola de samba São Carlos, atual Estácio.

Ficava alone na torcida pela escola de pouco investimento e reduzidas chances de ganhar um carnaval. O mesmo aconteceu quando do II Festival de Música Brasileira. O Brasil estava dividido entre A Banda de Chico Buarque, interpretada pela Nara Leão e Disparada de Geraldo Vandré e Téo de Barros, interpretada pelo Jair Rodrigues. Apesar de uma tendência para torcer por Disparara, eu negava as duas e dizia que preferia Ensaio Geral de Gilberto Gil, interpretada pela Elis Regina.

E assim fui construindo, intuitivamente, interesse pelos menos festejados, mas nem por isso menos importante. Quando você sai do senso comum para lançar olhos além do que seu olho vê, enxerga mais longe e mais alto do que as lentes permitem que você perceba. A exclusão social é o primeiro cenário perceptível.

O garoto que um dia eu fui ainda se incomoda com pessoas dormindo nas ruas, crianças evadidas das escolas, doentes sem leitos nos hospitais públicos, desvalorização da mão-de-obra e pelo estado de exceção permanente. O fiel da balança, aquele que decide os rumos do cumprimento dos nossos direitos somos nós mesmos. É essencial que olhemos o que nos rodeia, mas também o que não aparece.



Ricardo Mezavila

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Atraso de vida (um conto)





Ele está sentado na sala de casa assistindo televisão na companhia de sua esposa, quer dizer, ele sentado em um sofá e ela em outro. O domingo escaldante pede muito mais do que assistir programas de auditório; pede alegria, presença de amigos, churrasco e música. Mas eles estão ali sentados, um de frente para o outro, piscando diante do ultrapassado apresentador. De repente, em um momento de lucidez ela dispara: você é um atraso na minha vida! Pego de surpresa ele só consegue dizer: Eu? Nesse instante sua sogra aparece na porta do quarto e completa: Eu te avisei para não casar com isso! Ele percebe que está encurralado e ameaça levantar, mas não tem forças, seu pesado corpo parece estar afundando no sofá, seus braços ficam desgovernados e suas pernas desorientadas. Olha para a televisão e o apresentador dá risadas. Filho da puta – ele pensa. Com esforço consegue segurar o chinelo e bate no chão como se estivesse matando uma barata. Porra! Eu me mato de trabalhar e você diz que sou um atraso! Silencio. A mulher se levanta e arranha seu rosto, a sogra atira a escova, cheia de cabelos, sobre ele. Batem à porta. Bom dia, eu sou o síndico. A vizinha do apartamento debaixo reclamou de um vazamento no banheiro. Eu poderia dar uma olhada para saber se vem daqui? Por um momento houve trégua, o síndico era como um anjo da paz, enviado para apaziguar a guerra. É claro que pode - disse ele. A sogra, balançando a dentadura, respirou fundo e pegou a escova do chão. A esposa começou a lixar as unhas como quem municia uma arma. Os minutos de averiguação do síndico eram abençoados por ele. O apresentador pedia aplausos para um cantor. Não vem daqui não – disse o síndico. O senhor olhou bem? Às vezes o problema é por dentro. – falou sem muita convicção. Bem, de qualquer forma, muito obrigado – disse o síndico e saiu. A esposa zombando: “O problema é por dentro”. O que você entende de hidráulica? Nisso a sogra, que havia ido tomar purgante voltou. É por isso que meu intestino é preso! Esse inútil do seu marido me dá prisão de ventre. O apresentador anuncia mais uma atração. Eles olham para a televisão. A sogra corre para o banheiro. A esposa senta no sofá de frente para o marido e pensa: Você é um atraso na minha vida!

Ricardo Mezavila

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Bloco Eu Sozinho




Aperto o botão de minha remota memória, dos tempos em que eu era criança, na década de 1960, para construir uma ponte que me leve e depois me traga de volta, aos antigos carnavais de rua. Não há como não ficar saudosista diante de uma Avenida Rio Branco, completamente tomada por foliões, em pleno domingo ensolarado, a sete dias da folia oficial, na companhia de filhas e neto.

Recordo da banda que tocava no coreto do jardim do Méier; das fantasias de “bate bola”, carrasco, sarongue (um pano amarrado na cintura), marinheiro, índio, pirata. As ruas repletas de foliões dançando ao som das marchinhas de Lamartine, Roberto Kelly, Braguinha, etc. Havia o cheiro do carnaval, o “lança perfumes”, que os adultos esborrifavam pelas ruas.

Os blocos Bafo da Onça e Cacique de Ramos tinham status de escolas de samba, sem contar que eram muito mais animados e democráticos. Mangueira, Salgueiro, Portela e Império Serrano eram consideradas as quatro “grandes” escolas. Mas também tinha a Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente de Padre Miguel, São Carlos, Vila Isabel e Em cima da Hora que desfilava com sambas de enredos antológicos como Os Sertões (tinham outras escolas, mas minha memória está lenta).

Voltando à Avenida Rio Branco de agora, sinto um pouco de inveja da juventude, porque na década de 1970, quando eu era jovem e podia aproveitar melhor da festa profana, o carnaval de rua estava adormecido. Ninguém mais ia para as ruas com a alegria de antes e com as roupinhas generosas de hoje. O grande boom eram os bailes nos clubes ou mochilas nas costas para disputar um pedaço de areia entre Saquarema e Arraial. Ficar em casa e assistir desfiles pela televisão, das oito da noite às duas da tarde do dia seguinte, ninguém aguentava.

Recordar é viver! Lembro de um senhor vestido de pierrot andando pela cidade, em plena folia, segurando uma placa “Bloco Eu Sozinho”. Pesquisando, soube que foi Júlio Silva, em 1919, o seu criador. Até 1979, ano de sua morte, o bloco continuou ativo. Então o pierrot solitário e triste que eu via passar nas ruas da cidade, por entre os alegres foliões, era o original.

Agora vou implodir a minha ponte do tempo, como a perimetral, afundar  no mergulhão e emergir em um dia ensolarado do carioca fevereiro, abrir os braços para a alegria e viver comigo, sempre; Sozinho, nunca.

Ricardo Mezavila

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Saques em Liquidação




Servidores públicos deveriam possuir maior senso de responsabilidade e consciência de que o estado não é um pátio privado com entrada restrita. Desde o presidente da república até o pessoal de apoio, o serviço público tem de servir aos interesses de todos, indiscriminadamente. Assim como qualquer trabalhador de qualquer empresa, todos tem de ter os direitos trabalhistas garantidos e seus respectivos acordos sindicais respeitados. Porém, no serviço público, não basta “bater o cartão”, é preciso compreender que, além do emprego, a qualidade do atendimento é essencial para a satisfação do “cliente cidadão”, o real empregador que move a máquina estatal.

Quando acontece de servidores públicos fazerem greve, como a dos policiais militares de Salvador, a população fica como marisco, entre a rocha e o mar. De um lado o estado, do outro os grevistas, e quem sofre os riscos são os cidadãos que mantém os privilégios de uns sobre outros, e os empresários que também pagam ao estado para ter segurança e são saqueados pelos mariscos.

Há indicativos de que haverá greve, igual a de Salvador, também no Rio de Janeiro. Se isso acontecer vou me desgrudar da rocha e vou às ruas saquear, não a Casa dos Biscoitos, mas a Casa da Moeda. Os mariscos precisam comer e se arriscam em arrombar supermercados para subtrair prateleiras de leite e carne. Penso que, se a coisa está na esfera governista, o que me cabe disso me pertence, se todos estão loucos e ninguém se importa se estou à deriva na corrente social, então vou me agarrar em um montinho de mato na margem e vou cuidar da minha sobrevivência.

Imagino-me chegando em casa com um caixa eletrônico do Banco do Brasil amarrado em cima do carro. Os vizinhos vão estranhar, então eu digo que sou voluntário em uma ONG e fizemos parceria com o Banco para curso de manutenção em caixas eletrônicos (montagem e desmontagem).

Servidores Públicos, ninguém foi até a casa de vocês oferecer emprego, vocês são concursados e leram o estatuto, o serviço que vocês prestam é essencial para o funcionamento do estado e de nossa família. O Povo unido jamais será vencido! Agora, uma classe sozinha, sim. E não venham cantar o Hino Nacional.

Ricardo Mezavila