Tudo o que a mídia quer ela pode!
Algo parecido com “tudo posso naquele que me fortalece”, ou outra frase bíblica
qualquer que o valha. Mas a inconsequência advinda de seus deuses mitológicos
beira à estupidez, quer dizer, é soterrada por ela. Valores são distorcidos e
retorcidos como aquela estrutura metálica destruída pelo tornado em
Taquarituba.
O astro, “mito” mirim, Bieber,
fará um show no Rio em novembro, e adolescentes já estão acampados para
assegurarem os melhores lugares, mas ainda estamos em setembro. O melhor lugar
seria suas casas, ao lado de suas famílias. Não é conveniente que fiquem
desprotegidos ao relento. O que eles esperam conseguir depois que as luzes do
show apagarem e a voz do boy
silenciar na acústica do sambódromo? Para uma coisa eles estão sendo
aproveitados: A notícia! O que aqueles meninos tem para dizer que possa ser
acrescentado à sociedade? Desconfio que seja estratégia de marketing dos
empresários de Bieber.
Ali perto, na Tijuca, o deputado
federal Jair, um exemplo do legado da ditadura militar, tentou invadir um
evento que resgatava a memória dos tempos obscuros do período da vergonha
brasileira, quando juntas militares esgotavam seus estoques de covardia e crueldade
para calar a democracia com torturas. O deputado deu um soco em um senador,
tudo bem que eles se merecem, mas a legitimidade do ato que ali acontecia
dispensava a cobertura e a importância que a imprensa deu, o que acabou
relegando o verdadeiro motivo daquele encontro para um campo menor.
A mídia me fez lembrar de um
amigo que disse: “minha avó tem noventa
anos e consegue colocar o pé na cabeça”. Isso é fantástico do ponto de
vista físico, mas é patético se imaginarmos uma senhora com um pé na cabeça. Os
idosos não são valorizados pela experiência que adquiriram e que podem passar
para as gerações, mas pelas coisas que eles ainda conseguem fazer, apesar da
idade. Podem reparar que todas as matérias de superação de idosos que a mídia
divulga falam de velhinhos e velhinhas que dançam, correm, andam de bicicleta e
namoram. Legal e ao mesmo tempo fútil. Queria ver os idosos, do alto de suas
experiências e sabedoria, transmitindo seus conhecimentos.
A única coisa que penso
aproveitar é a estratégia “dos caras”
do cantorzinho americano, quem sabe dá para vender algum livro.
Ricardo Mezavila