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domingo, 31 de julho de 2011

Redes sociais e as relações pessoais (fragmento)

Quando eu era menino, lá na década de sessenta, e comia bolinho de chuva acompanhado de café com leite, os reclames eram veiculados na mídia priorizando os jingles e as gravuras. Creme dental Colgate, colírio Moura Brasil, Grapette, cera para sapatos Nugget, sucos Ki-suco em pó, Leite de Colônia, Minancora, Shell, Varig, Kolynos, Gordini e etc. Muitas destas marcas continuam ainda por aí, ainda bem, isso me faz menos antigo. Pois bem, não posso garantir, mas no tempo em que eu estudava na escola pública e usava uma camisa branca com a inicial E.P.* no bolso, o comportamento das pessoas não era tão afetado pela mídia quanto agora. Aliás, isso não é novidade, o apelo consumista é um fenômeno que vem em ascendência sobre a sociedade moderna avassaladoramente há algumas décadas.
Meus colegas quando queriam me chamar para brincar simplesmente gritavam no meu portão: - “Ricardo”! E lá ia o menino magrelo serelepe, atendendo o chamado para mais uma tarde suburbana de lazer. Havia um que acordava “patriota” e cantava o hino nacional embaixo da minha janela para me acordar.
Agora, deixando bolinho e bolso de escola pública de lado, o que vemos hoje é a mudança no comportamento das pessoas a partir da mega necessidade de estar conectado com o outro, com o mundo, através do Facebook, MySpace, Orkut, Twitter, Blog, Linkedin, MSN , Celular e outras tantas formas de aproximação disponíveis.
A onipresença deixou de ser um atributo divino e o (a) homem/mulher passaram a ter a capacidade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Isso pode ser perigoso. No meu caso, imagine se minha mulher está em casa e ao mesmo tempo no botequim; na feira e ao mesmo tempo no futebol; visitando uma tia e ao mesmo tempo na despedida de solteiro de um amigo meu. Isso é só uma ilustração, “tá” Suelee !
Os teólogos deviam repensar a condição religiosa do homem moderno baseando-se no A.I. e D.I. (antes e depois da Internet).
Apesar de todo esse avanço tecnológico eu me pergunto: Será que o homem está preparado para essa revolução? Tomando por base o Sebastião, meu vizinho, eu temo que não. Ele fica conectado vinte e quatro horas por dia implorando que alguém entre em seu perfil e comente o seu status, compartilhe seu pensamento, retwitte sua observação, envie um scrap, curta sua foto, convide-o para um evento, cutuque-o (ic) de volta; Sebastião, como um fariseu transgressor, passa seus dias cutucando as pessoas, numa evidente desaprovação estabelecida pela engenharia da Internet.
Outro fato que me faz questionar se é bom ou ruim usufruir dessa geléia tecnológica, é que  na Internet você namora e termina o namoro sem mesmo ter conhecido o ser “amado” ,sem mesmo ter saído da sala de bate papo; “vou te excluir do meu Orkut” substituiu o “não quero mais você na minha vida” . Os relacionamentos ficaram fugidios e frios.


* Você sabe o que significa E.P. ?


Ricardo Mezavila

sábado, 30 de julho de 2011

Amor e Amizade ou vice-e-versa


Alguns sentimentos são tão próximos que acabamos etimologicamente confundindo-os e, às vezes, acabamos atrapalhando uma relação sincera somente por sermos alfabetizados e termos o hábito de consultar o dicionário.
A amizade e o amor, por exemplo, são tão relacionados, tão completamente unidos, que é muito difícil identificar um e outro. Acho que um não sobrevive sem o outro. Mas na nossa cabeça ocidentalizada perdemos tempo em discutir isso dentro das relações. E tudo por questão de semântica. Se a relação não está muito “libidinosa” (semana passada foi todo dia)  entre um casal,é comum ouvir de uma das partes: _ “viramos amiguinhos” ou “viramos irmãos”. E, pasmem, isso é solto do nada, quando estão passeando de mãos dadas na praia, rindo, aproveitando o melhor do relacionamento. Ou então o casal deita, fica horas conversando sobre “besteirinhas” , conta piadas, canta e de repente um dorme. No dia seguinte é certo ouvir : _ “você não me ama mais”. Isso acontece porque o sexo está intimamente ligado ao amor mais do que a amizade. É como se não pudessem coexistir no mesmo relacionamento, um inibe o outro.  O sexo é capaz de sustentar o amor, a amizade também. Só que nós não sabemos, ou não fomos programados para aceitar isso. E, paradoxalmente, quando há uma contenda entre o casal é justamente a falta de amizade a mais cobrada. – “você não é meu amigo(a)”. E isto tem o poder devastador de um Porsche a 150 km/h. A pessoa que acusa não consegue ser muito clara com essa afirmação.  Afinal a amizade não conta muito como traição quando se tem o sexo por perto para representar “fielmente” esse papel.
A amizade conquista o amor talvez pela sublimação, pelo vapor do sentimento mais sólido.
O carinho amigo dentro da relação de amor percorre caminhos plurais e incrivelmente cheios de perfumes, ritmos, danças e rituais, que seria muito bom se fosse verdade.  Fato é que o sexo cria o amor em cativeiro e este depende muito mais do seu algoz do que da rejeitada amizade.
Sexo é só com o outro e amizade é com todos.
Essa afirmação é irreal e contraditória. Sexo é com todos e amizade é só com o outro (o que você mais quer quando está solteiro e sai à noite?).
Quando o amor acaba provavelmente fica a amizade. Porque ela sempre esteve ao seu lado, separados pela gramática.
O amor quando nasce da atração física tende a deixar marcas de tristeza e solidão, quando nasce de uma amizade tende a ser eterno e tão cheio de luz que ilumina a mais longínqua estrela do nosso sistema.