Na
Alemanha de 1923, com o fracasso do golpe de Estado, no episódio que ficou
conhecido como o “Putsch da Cervejaria”, o então obscuro militante Adolf
Hitler, um dos idealizadores do golpe e membro do NAZI - partido político alemão
- cumpriu alguns meses de prisão no cárcere de Landsberg, no Estado da Baviera.
Após o período de reclusão e tendo sido proibido de discursar em público,
refugiou-se em uma casa na montanha, no sul da Alemanha, dedicando-se
exclusivamente a escrever.
Nessa
época convidou sua meia irmã, que havia ficado viúva, para administrar sua
casa. Ângela, que vivia na Áustria, atendeu a solicitação e viajou com suas
três filhas, entre elas uma bela adolescente de dezessete anos, Geli Raubaul.
Logo que conheceu seu tio, que já era um político famoso, passou a respeitá-lo,
enquanto o futuro ditador e chanceler sentiu por Geli um amor obsessivo e
mórbido. Aproveitando-se da ascensão sobre a jovem, passou a controlá-la, era
visto constantemente em sua companhia, tendo motivado rumores de um possível
romance, comentários que o irritavam profundamente.
Segundo
Otto Strasser, membro do NAZI, que possuía orientação contrária à de Hitler
dentro do partido, Geli participava de sessões sadomasoquistas com o tio, que alimentava
uma paixão doentia pela sobrinha. Ela teria revelado a Otto as humilhações a
qual era submetida. Em 1931, a jovem teria sido levada ao suicídio depois de frustradas
tentativas de fuga da Alemanha. Algumas fontes contam que após a misteriosa
morte de Geli, Adolf pensou em tirar a própria vida e, estranhamente, acabou
por descobrir que não podia mais comer carne: “É como comer um cadáver”
– dizia - tendo se tornado vegetariano após esse fato.
Na
data de aniversário da morte de Geli, o líder nazista que mandara fazer um
busto em sua homenagem, ficava horas trancado no quarto da amada olhando suas
roupas e fotografias. Nos anos que antecederam a guerra, passou as vésperas de
natal sozinho no quarto. Hitler manteve retratos de Geli na Berghof –
nome da antiga casa que fizera de refúgio – e nas paredes e mobílias da Chancelaria
do Reich.
Durante
a relação com Geli, apesar de toda a intensidade, o autor de Mein Kampf,
também mantinha um romance com Eva Braun, assistente de Heinrich Hoffmann, seu
fotógrafo pessoal. Após a morte da
sobrinha, Eva foi morar na casa da montanha, porém poucas vezes tinha contato
com o Fuhrer, que dizia em público: “Um homem extraordinariamente
inteligente tem que ter uma mulher burra e primitiva”. Era notório seu
desprezo pelo interesse político das mulheres. A relação entre os dois era
mantida em segredo, sua existência era ignorada até por partidários próximos.
Eva era culta e apaixonada por fotografia, muitas fotos e filmes do ditador são
atribuídos a ela.
Eva
Braun e Adolf Hitler viveram quatorze anos juntos, mas permaneceram
oficialmente casados apenas por quarenta horas. No dia seguinte ao casamento,
em 1945, ele se suicidou com um tiro na têmpora e ela o seguiu ingerindo uma
cápsula de cianureto. Há outras versões sobre o fim do ditador, inclusive uma
possível fuga em um submarino para Bariloche. Contudo, sua vida amorosa e
amplamente divulgada, teve várias amantes protagonistas, mas nenhuma com a
estatura e significância de Geli Raubaul e Eva Braun.
Ricardo
Mezavila