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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Ata da reunião de hoje

internet




Definitivamente é chegada a hora da revolução, não podemos mais ficar dando murros em ponta de faca, urge a necessidade de transformar, e que a contradição nos seja plena e favorável. Anote, secretário: Toda improbidade contrária à natureza será revertida em inúmeras horas de prazer e deleite em uma praia oceânica, em uma caminhada por entre árvores e pássaros; A malversação com o carinho deverá ser paga em incontáveis beijos durante a noite e delicadezas durante o dia; A locupletação da amizade será indispensável e obrigatória a partir de agora.

Como está não pode mais ficar, temos que reagir à omissão com os prazeres da vida. Precisamos contar quantos minutos ainda temos para sair e abraçar a quem amamos, falar as palavras engolidas, entregar as desculpas que levamos na bolsa para que ela fique mais leve. Não podemos ignorar que somos bonitos e temos o direito à felicidade, ao vento que refresca a nossa pele suada.

As tropas inimigas estão por toda parte, em cada ato ilícito que cometemos contra a libido, na repressão dos sentimentos, na incapacidade de amar e na impotência em tornar as coisas do jeito que gostaríamos que fossem. Os projéteis das armas rivais cruzam nosso caminho sempre que nos recolhemos dentro do medo, ou nos encolhemos diante da vergonha de ser simplesmente aquilo o que somos.

Vamos destruir quem nos aprisiona, violar a nossa incapacidade de enxergar o que é óbvio, de sentir o que é vivo e de tocar no que é possível. Vamos sair de dentro das roupas que não nos caem bem, descalçar os sapatos apertados que nos impedem caminhar para mais longe, sair dos longos engarrafamentos sem destino e pegar um atalho que nos leve até o endereço que vai estar anotado na caderneta a partir de hoje.

Sim companheiro, desça do alto da acomodação e venha para o combate, passou da hora de mostrar quem é que faz as coisas acontecerem na sua vida; quem é que sabe que caminho tomar e quantos passos são necessários para o início de uma vida nova. Tenha os pés e a cabeça no chão, porque só assim, juntos, você será capaz de atingir voos distantes e infinitamente melhores.


Ricardo Mezavila.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Figurinhas difíceis



       Depois de ter dado um chute no nosso traseiro, o Secretário Geral da FIFA Jérôme Valcke, passeia pelo país como se fosse representante do Czar da antiga Rússia, ou do Kaiser alemão. Palpite daqui, palpite dali, ele vai desfilando comentários e críticas sobre quase tudo. Ele fala dos estádios, aeroportos, hotéis, segurança, manifestações e mobilidade urbana. O prefeito Eduardo Paes devia ter pedido a opinião do secretário antes de fechar o mergulhão. É esclarecedor lembrar que o secretário é francês, seus familiares residem na França e não dependem de escolas e hospitais públicos brasileiros.

     Jérôme disse que o estádio de Brasília, o Mané Garrincha, é um dos seus preferidos,  arrancando suspiros do Chefe do Comitê Organizador Local da Copa, que se esquece que Brasília não tem time para disputar as primeiras divisões do campeonato brasileiro e que, junto com a Arena Pantanal, tende a ser o maior “White Elephant” dos já, previsão otimista, R$25,5 bi gastos para a realização da Copa, superando o orçamento da Alemanha (2006) e África do Sul (2010), juntos.

      Certamente o secretário não tem nenhuma responsabilidade das sandices que acontecem aqui, ele apenas exerce o seu trabalho. Fomos nós que nos inscrevemos para realizar a copa do mundo. Não podemos esquecer que a pressa de terminar as obras da arena Curitiba fez o governo abrir ainda mais os cofres, e que o atraso tem gerado emprego aos haitianos, que chegam toda semana para reforçar o “front” dos operários que trabalham em condições precárias e baixos salários, quando não despencam e morrem por falta de segurança.

      Enquanto isso a FIFA e a RFB (República Federativa do Brasil), vão trocando figurinhas, não aquelas como a do antigo álbum México 70, onde a figurinha de Dumitrache, jogador romeno, era a mais difícil, mas  as figurinhas com o meu, o seu, o nosso rosto, para que no apito final, no  dia 13 de julho, no Maracanã, o álbum esteja completo e a torcida feliz. Depois vamos tentar responder algumas perguntas como: Quem vai custear as despesas dos estádios sem jogos? O que farão os haitianos depois que as obras terminarem?

     Periga o álbum Brasil 2014 ficar incompleto como ficou o meu  México 70. Algumas figurinhas são difíceis e levam décadas para “saírem”, como a dos militares da bomba do Riocentro, por exemplo.

        Aliás, se alguém tiver a figurinha do Dumitrache é só ligar que eu busco, só falta ela para eu completar o meu álbum.

Ricardo Mezavila

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Colocando um ponto final na vida


https://www.google.com.br/


Banhe-se logo assim que acordar, escolha uma toalha limpa e abra um sabonete novo com perfume que dispense o desodorante; vista-se da melhor roupa que encontrar no armário, de preferência aquela que usou em um dia em que foi feliz, ou acha que foi; penteie-se demoradamente em frente ao espelho, olhe os contornos do seu rosto com atenção, descubra alguma marca que tenha deixado seus dias mais pesados e perdoe, porque o perdão torna o dia mais leve.

Calce uma sandália ou um sapato que tenham visitado lugares que lhe tragam boas recordações, tente fazer um mapa com as lembranças e faça o caminho da volta, projete na memória a estrada, as curvas e as nuvens que acompanharam a sua alegria de estar voltando com a alma cheia de felicidade.

Abra a geladeira e beba água direto na garrafa, sacia muito mais, anote o dia de hoje no calendário e jogue fora os outros meses do ano; leia cartas, livros, poemas e tudo o que um dia foi importante; reveja as fotos em que está sorrindo na companhia daqueles que estiveram sempre ao seu lado, ouça as músicas que te deixavam com cara de bobo, depois sente em qualquer lugar e feche os olhos.

O ponto final indica o final de um período, é uma pausa que pode ser absoluta, mas também pode ser relativa. Na vida o “ponto final” está no início da oração, no nascimento, quando acordamos e começamos a escrever o nosso livro, mas depois ele estará o tempo todo na ponta do lápis esperando uma atitude, um olhar firme e decidido, uma força renovada que faça com que tudo seja escrito de outra maneira, com mais prazer e menos excessos.


Portanto, quando for dar um ponto final na sua vida para começar a partir do novo, tenha a certeza de que nada ficou para trás, tenha o cuidado de procurar por feridas mal curadas e por mágoas escondidas. Não permita que um perdão fique mofando na fila, chame-o pelo nome e faça “as pazes”. Vamos aprendendo e consertando, porque o ponto final da vida é a morte e esse lápis a gente não tem como apontar.


Ricardo Mezavila.

"Fuck the Police"


http://estou-sem.blogspot.com.br/


Está escrito na parede de um condomínio: “fuck the police” e “black bloc”. O autor da pixação, integrante de uma facção desorganizada e violenta, está preso por ter assassinado um cinegrafista com um artefato explosivo, durante manifestação de rua. 

A facção a qual o assassino simpatiza, ao contrário do objetivo de sua existência, não atrai a solidariedade dos manifestantes por conta da forma truculenta como atua, e acabam servindo de marionetes da direita, são dirigidos pela grande mídia que priorizam o vandalismo em detrimento das causas da luta, tirando o foco dos verdadeiros manifestantes. Os mascarados afastam os jovens politizados das ruas, impedem a organização de uma juventude que tem fome de mudança que quer e precisa  fazer história, que anseia por lutas sociais autênticas.

Na ignorância de seus atos, os black blocs são manipulados, ironicamente, por aqueles que deveriam ser o alvo de seus protestos. Para ser sincero, eu temo por essa juventude “xerocada” , apolítica e sem identidade, que dão sustentação ao atraso na nossa política, que não trazem nenhuma proposta para as pautas das nossas assembleias, que não estão fazendo história, alienados pensam que são anarquistas , mas são massa de manobra para sustentação do modelo neoliberal e corrupto que mantém as raposas dentro do galinheiro do poder.

E ainda tive que assistir a Central do Brasil, palco das verdadeiras manifestações nas décadas passadas, de lideranças que fizeram história, ser invadida por um bando insaciável por depredação, sem ideologia, que só procura o enfrentamento com a polícia.


Ricardo Mezavila

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Ar seco, racismo e uma câmera desligada


A baixa umidade tem deixado o ar seco desde o início do ano, isso tem provocado problemas respiratórios em alguma pessoas. A falta de chuva tem tornado nossos dias um verdadeiro deserto. O sol não tem culpa do calor, nós é que estamos conseguindo destruir o ciclo natural com o despejo de milhões de partículas poluidoras na atmosfera. Esse é o legado negativo por qual as gerações futuras nos condenarão.

Nesse cenário árido ainda somos surpreendidos com cenas dantescas no day by day das nossas pejorativas cidades desorientadas. Com o desgoverno na educação, com a  despolitização da massa e na cadencia dos oportunistas, estamos vivendo tempo onde a barbárie corre solta. O Pelourinho foi reinventado na zona sul do Rio, o negro voltou a ser acorrentado em praça pública por “justiceiros”, paladinos da justiça que querem varrer as ruas e jogar meninos desvalidos para debaixo do asfalto.

Lutar pela causas dos problemas dá muito trabalho, é melhor entrar e sair de uma academia de fitness e partir para a covardia, do que freqüentar um espaço acadêmico e sair de lá com um diploma e conhecimento suficiente para ser um cidadão funcional, preocupado em dar soluções para as injustiças sociais, raiz da violência.

O ar seco continuará por toda a semana em nossas desarvoradas cidades, e a dor da família do cinegrafista ferido, por um artefato explosivo, também. Depois uma frente fria vai chegar e a temperatura vai estar mais agradável, mas a dor da família e a estupidez dos manifestantes mascarados continuarão. A impressão é que todo mundo está vivendo em “facções”, não há mais interação e coletivismo.

Esse fenômeno contaminou o futebol, torcedores já não estão unidos em torno do sucesso das cores dos seus clubes, enfrentam-se entre si nas arquibancadas, o que menos importa é o resultado do jogo.

Estou torcendo para que as previsões, não só as do climatempo, sejam mais otimistas nesse ano que acabou de começar. Lembro que há menos de oito semanas estávamos todos vestidos com as cores da paz, desejando felicidades e sucesso, fazendo a contagem regressiva para o início de um ano novo e próspero.

Será que só sabemos contar e andar para trás?


Ricardo Mezavila

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Num dia desses aí...

pedra do sal


Qualquer dia desses aí, meu nobre carioca, saia da rotina das praias da Zona Sul, da Barra e do Piscinão; erre o rumo dos parques e dos shoppings; mande um abraço para o Redentor e um alô para o Pão de Açúcar e siga para o Centro. Para ser mais específico, vá na direção do Gênesis do Rio de Janeiro, o nosso Big Bang, conheça o Morro da Conceição, da Providência, do Valongo e do Livramento; visite a Saúde, Gamboa e a Pedra do Sal, foi lá que tudo começou, você nasceu ali. Machado de Assis foi mais esperto e nasceu no morro do Livramento quando lá ainda era uma chácara.

Todos os anos milhares de turistas visitam Israel para conhecer o muro das lamentações e Jerusalém, a terra de Cristo. Nós, cariocas, vamos todos os dias ao Centro, fazemos a Via-crúcis nos transportes públicos e não sabemos que a terra prometida, a nossa Canaã, está logo ali na Zona Portuária, a terra de Machado de Assis.

Foi naquela região que surgiram os primeiros ranchos e cordões, embriões das escolas de samba, e os famosos entrudos, até hoje muita gente não sabe o que é, mas que sempre esteve presente nas letras dos sambas enredos que, desde sempre, aprendemos a cantar.

Foi ali que o violão de Donga, o pandeiro de João da Baiana e o cavaquinho de Heitor dos Prazeres foram visitados pela flauta de Pixinguinha, e o samba e o choro reuniram-se com as rodas de batuques e saraus. Ali é a referência da cultura negra, do candomblé e das baianas, personificada na quituteira Tia Ciata.

“Viajar” por esses locais, além de ser mais em conta, também é um resgate da nossa história, um retorno às raízes da nossa tão desvalorizada cultura. Não é como ir à Londres, por exemplo, apesar de ser interessante, mas qual a relação entre o Tâmisa e o carnaval carioca? Ir à Paris é um sonho para qualquer pessoa que tem o hábito de visitar museus, mas eu duvido que no Louvre esteja exposta a fantasia que usava Dodô (moradora da Saúde), a primeira porta bandeira campeã da Portela.

Se em Liverpool tem a Penny Lane street, Eleanor Rigby e o Cavern Club, aqui nós temos a rua Camerino, Chiquinha Gonzaga (nasceu na rua Senador Pompeu) e os cabarés da Sacadura Cabral; se Nabucodonosor construiu os Jardins Suspensos da Babilônia, aqui nós temos os Jardins Suspensos do Valongo construído por Pereira Passos.

Enfim, cariocas de todos os cantos e bares da cidade, uni-vos! Num dia desses aí façam um carinho diferente na cidade, durmam de conchinha com um tamborim e subam as ladeiras das nossas raízes.

Ricardo Mezavila

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Sem ter com quem discutir



Diz o senso comum que não se discute futebol, política e religião. Na contra-mão do senso , se alguém me encontrar discutindo em voz alta, principalmente na rua, pode ter a certeza de que estou quebrando essa regra comum. Como disse Nelson Rodrigues: “Das coisas menos importantes, o futebol é a mais importante”. Ao contrário do que muita gente pode pensar, a rua é o melhor palanque para  a gente expor o que pensa, mesmo correndo o risco de ser ignorado e ficar falando sozinho.

Em tempo de pouca conversa e muito teclado e touch screen , começo a sentir falta das discussões públicas, do calor de um debate informal, da palavra cuspida em cima de uma mesa úmida de cerveja. Também deixo minha digital em teclas frias que procuram por letras fixas, mas prefiro as palavras com o som de voz, que provocam expressões variadas e que, dependendo da intensidade, é como um golpe certeiro dentro de um octógono ufc.

A minha geração cresceu ouvindo os pais, tios e vizinhos conversando; cresceu brincando na rua e inventando brincadeiras novas; cresceu em uma época em que palavras eram censuradas, mas que, nem por isso, os mais velhos deixaram de pronunciá-las. Crescemos gostando de conversar, de ler e escrever, talvez a proibição tenha fomentado a curiosidade e, como tudo o que é proibido, desperta o interesse.

Na atualidade o politicamente correto invadiu as salas frias das mídias sociais, tem gente amando mais o seu bichinho do que alguém da sua espécie, talvez porque o animalzinho não seja um contestador e aceite a omissão do seu dono em relação aos problemas da sociedade. Outra coisa, tem gente que só opina depois de consultar o Google, quer dizer, pesquisar é melhor que pensar.

Hoje ando um pouco calado,  falando menos que antes. A gente precisa viver a época atual que é menos moleque do que fomos, menos criativos e mais individualistas. Não consigo imaginar o show “A noite do amor, do sorriso e da flor” ficar famoso só porque teve milhões de acessos no youtube e curtidas no facebook. Os universitários que pararam o trânsito em frente à faculdade de arquitetura, e nem tinham tantos carros como hoje,  e lotaram o anfiteatro, não precisaram marcar para dar um “rolê”, era conversando pessoalmente que a gente se entendia.

O preço que pagamos pela tecnologia é esse vazio, essa falsa amizade que construímos por trás dos teclados. Eu mesmo tenho uns quinhentos “amigos” virtuais que, se sentarem ao meu lado, não sei quem são.Tudo bem precisamos “evoluir”, aceitar as respostas e os olhares escondidos  dentro de uma polêmica, senão periga ficarmos sentados à beira do caminho com uma caneta, um caderno e sem leitores e o pior, sem ter com quem discutir.



Ricardo Mezavila