Tem dias em que o que a gente
mais quer é dormir e esquecer a música que tocou em nossa cabeça durante todo
dia. Se for algo como Summertime, com
Billie Holiday, não tem problema, o sono é até tranqüilo e calmo, mas se for um
“batidão” ou “sertanejo”...
Às vezes não tem como evitar. Estamos
caminhando desprevenidos e um carro passa com o som alto e a música entra na
cabeça e fica ali, escondida. Até tentamos expulsá-la com pensamentos sobre a
história da bossa nova, os poemas de Neruda , a biografia do Cartola, o filme
sobre Heleno, o livro do Ricardo Kotscho, mentalizamos Georgia on my mind, mas não tem jeito.
Algumas vezes, não são as músicas
que ficam latejando na nossa cabeça o dia todo. Barack Obama, em discurso,
disse que todos são iguais nos Estados Unidos da América: Negros, Gays e Imigrantes. Então tá, Obama! Vou pensar
que isso é verdade, assim posso acabar acreditando que José Genoino vai perder
o mandato e Renan Calheiros não volta para o senado.
Enquanto vou tentando ouvir vozes
amigas e agradáveis, ouvir as histórias do Tropicalismo, as influências
musicais do Led Zeppelin, o som Delta Blues de Bukka White, fico sabendo de uma
tragédia na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Duzentos e quarenta e
cinco jovens morreram por asfixia em uma boate ironicamente chamada Kiss (beijo). Uma banda fez um show
pirotécnico no palco e deu início a um incêndio.
Não há como dormir com um barulho
desses. Antes fosse Michel Teló!
Ricardo Mezavila