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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

'Arco-íris, anjo rebelde'



Apesar de muitos concordarem que o ano começa quando termina o carnaval, esse ano está sendo diferente porque, mesmo estando em 2016, ainda estamos em outubro de 2014. Só para efeito explicativo, 2015 só existiu no calendário, ainda não conseguimos festejar o reveillon. Tem gente apressadinha pensando que 2016 começou quando momo pendurou a roupa, na semana passada.

Os derrotados das últimas eleições ainda não se conformaram, perderam o senso patriótico que deve estar acima dos resultados. O país tem o pior e mais nefasto Congresso desde o início da República. Caminhamos passos largos para uma recessão fabricada, uma crise partidária criada para dar fuga aos bandidos centenários que vivem na escuridão do brilho sujo de suas fortunas.

Não se iluda, não vire ‘midiota’ e ‘midimbecil’ de um grupo oculto e encapuzado que dança com o diabo, que está instalado na administração pública em todos os níveis trocando favores, beneficiando-se. Fique de olhos e ouvidos alertas, atentos para não cair no caldeirão do bruxo e virar miúdo e tempero de sopa.

Por mais que eu acredite em Deus, não acredito em ninguém que se manifeste em seu nome. Deus se manifesta unicamente no homem, na natureza, e em todos os mistérios neles envolvidos. Fora isso, o resto é especulação, acúmulo de bens e golpe.

Por mais que nos tenham negado um ano inteiro, provavelmente acontecerá o mesmo esse ano, não podemos deixar que a tristeza e o pessimismo se instalem em nossos dias. O clima deve ficar leve para que as coisas possam fluir bem e transparente. A luta é um trunfo que temos e que não tem preço, não podemos vendê-la ou trocá-la por panelaços de ódio, selfies em passeatas e discursos sem conteúdo.


Ricardo Mezavila

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Com ou sem vocês

Guimarães Rosa




Muitas pessoas acreditam que não são realizadas porque não conseguiram ainda um diploma universitário, um emprego estável, um casamento e uma maternidade. Isso tudo completo é tudo que alguém pode esperar para ser feliz, se sentir realizado, ser visto como alguém que “deu certo”.

Quando a gente, quer dizer, pessoas como Machado de Assis, Brecht, Shakespeare, Guimarães e eu, falamos de literatura, sempre temos o compromisso de um texto bem escrito, tanto gramaticalmente, quanto claro para quem lê. Nunca escrevemos para ficarmos esquecidos no fundo da livraria ou para sermos úteis como um calço para geladeira.

Um texto é feito de ideias, de palavras e de pontuações. O parágrafo sempre termina com um ponto. Alguns parágrafos são curtos, apenas duas linhas; outros são médios e alguns longos. Muitas pessoas são como parágrafos curtos. Sabem o que querem desde o início e conseguem atingir o objetivo rapidamente sem mesmo utilizar uma vírgula. São objetivas, mas desbotam com o tempo, como a tinta da pena que utilizaram.

Não se consegue escrever um texto rico em ideias e farto em especulações, sem inserir aspas, interrogações, dois pontos, vírgulas, pontos e vírgulas, exclamações, chaves e travessões. Viver com intensidade não é parecido com uma trova, embora a gente tenha a liberdade de transformar um relâmpago simples em uma trovoada de hidrogênio.

Não, nós não escrevemos porque temos curso superior, um cargo importante, ou porque temos um pouco de carisma. Escrevemos porque saímos da estrada, encontramos um atalho de via dupla entre nós e vocês. Deslizamos em trilhos de pele e fizemos de cada tecido um desvio, uma história, uma nova possibilidade.

Finalizando, sejamos um texto repleto de vírgulas, de parágrafos e de capítulos. Temos que priorizar o enredo e não o título; o índice e nunca o epílogo e, claro, nosso texto não pode ter a clareza de um poema rimado e óbvio e, muito menos, trazer algum tipo de mensagem ou moral da história.

Somo imorais com as palavras, carrascos da sintaxe excessiva e exigente, somos a escória dos clássicos, mas igualmente amamos o verbo e o tempo; amamos Gorki, Gil Vicente e todos os poetas medievais. Somos tudo, com ou sem vocês.


Ricardo Mezavila