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domingo, 30 de setembro de 2012

Queria escrever um poema que fizesse sorrir Maiakovski



maiakovski

Estou preparado para fazer sorrir o poeta.
Converso com edifícios, faço escárnio com a burguesia,
Aprendi matemática contando os paralelepípedos das ruas,
Minha esferográfica é a extensão do meu fuzil ideológico,
Tenho menosprezo pela mesquinharia.
Obedeço às leis da natureza,
Trato com carinho a gota que cai da chuva
Permito que ela escorregue pelos meus cabelos
E mergulhe no algodão da minha blusa.
A pleno pulmões gritei nas praças e avenidas,
Fiquei na linha de frente dos comícios.
Acenei para amigos escondidos nas montanhas
E desci o rio de barco, na companhia de um índio.
Estou preparado para fazer sorrir o poeta.
Ensino política às crianças, falo de Marx,
Mas também apresento as poesias de Essenin,
E escrevo no perfil: “Sem forma revolucionária”,
Não há arte revolucionária”.
Acordo e durmo com a poesia
Meus dias são fragmentos de manifestos artísticos
Que aparecem e desaparecem todo tempo
Ora na rua, em casa, no trabalho ou no trem.
Minha alma crespa e áspera tem o rosto das cidades,
Que tem meu corpo como fantasia
E minha voz como orquestra.
Estou preparado para fazer sorrir o poeta.
Faço o tempo de rascunho
E escrevo para o futuro.
Contemplo as telhas das casas,
Paro na esquina e abraço um quarteirão inteiro.
Toco no céu com o dedo,
E afundo meus pés na terra até o pescoço.
Sou bobo, sério e nem uma coisa nem outra.
Sou poeta e fisgo palavras no meu anzol,
Essa é a minha forma de servir à minha pátria.
Quero ressuscitar no ventre do verso,
No doce beijo de uma ventania.