A raiz da violência gera frutos
rivais da mesma árvore. No dia em que você e o outro se respeitarem, poderemos
conhecer paladares menos azedos, pessoas mais doces, governos menos corruptos e
uma sociedade tolerante com as diferenças. Crimes como o do Metrô de São Paulo,
um massacre covarde e absurdo, não aconteceriam todos os dias.
Os acontecimentos desse ano de
2016, em todos os setores, vai gerar uma retrospectiva agnóstica que direciona
para um futuro pessimista. Foram tantas as barbáries, a falta de perspectiva
para 2017 é tão imensa, que vai faltar convidado e sobrar mesa na festa do réveillon.
Não há o que comemorar quando não
se tem liberdade de viver com intensidade, sem o medo de ser agredido por opção
sexual ou de religião; de ser perseguido por posições ideológicas, ou de ser
multado por não ser ‘amigo’ do guarda da esquina.
A palavra deboche deveria
substituir a palavra ‘ordem’ na inscrição da desrespeitada bandeira nacional.
Os parlamentares debocham de todos nós com cinismo, que deveria substituir o ‘progresso’.
Tudo isso sob as asas da impunidade constitucional, da conivência e dos abusos
da justiça seletiva e da mídia perversa que idiotiza e manipula.
A teoria do sistema ‘teo-científico-político-pedagógico’
sugere uma pirâmide sustentada pelo erro primário da admissibilidade do poder
de uma casta sobre outra. A religião e a ciência estão no topo e de lá orientam
seus políticos que, bem amamentados, produzem leis que oprimem, ameaçam e
castigam. Essas leis servem de base pedagógica para a regulamentação da
sociedade indefesa. A receita está pronta, os algozes podem se servir!
Apesar dessa onda negativa,
desses dias nebulosos de trovões temerários, o amor ainda gera e semeia frutos
saudáveis. Não vou repetir as palavras usadas nos discursos dos ‘especialistas’,
mas o que disse Bob Dylan em Blowin in
the Wind: “Quantos anos uma montanha
pode existir até ser varrida para o mar? Quantos anos algumas pessoas podem
existir até serem deixadas livres? Quantas vezes um homem é capaz de virar a
cabeça e fingir que não vê? A resposta, meu amigo, está soprando no vento.”
Ricardo Mezavila