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POESIA

As três irmãs


Vem vindo uma enorme montanha em minha direção,
Atravessando meu sonho como uma companhia agradável,
Trazendo uma brisa suave como um carinho no rosto.
Ela para abaixando-se para que eu suba em suas pedras,
Eu não subo porque sei que ali pode estar o meu descanso
E eu não posso descansar ainda.
Preciso evitar que o “horrível homem das montanhas”
Apareça de dentro de mim e tome meu corpo definitivamente
E se cumpra o que escrevi, já nem sei quando,
E a poesia viaje por toda parte, em todos os lugares onde lembrarem de mim.
Preciso resgatar dos olhos das meninas o amor que tudo entende e transforma,
Para que eu não seja uma simples lembrança dentro de uma tarde quieta.
O “horrível” é alguém que busca a paz para vivê-la para sempre,
Por isso não posso subir a montanha agora, viver “para sempre” é para depois,
Para quando as estrelas estiverem alinhadas em uma mesma órbita poética.
Ante a minha resistência em subir, a montanha lança suas árvores sobre minha cabeça,
Atira grama no meu peito e finge guardar um feroz vulcão,
Pronto para explodir e derramar fogo sob meus pés.
Acredito que havia um pouco de ciúme naquela atitude
Não senti medo e fui tomado por uma enorme confiança.
Diante disso a montanha mudou e começou a chover fino
Chuva de inverno deixaram-na mais verde e menos azul
Das pedras desciam fartas cachoeiras embelezando o espelho dos lagos.
Minhas pernas pareciam querer correr e subir a montanha,
Senti a leveza no meu corpo que parecia flutuar pelo cenário.
Fechei os olhos e a respiração fluía como um mantra
Trazendo equilíbrio e força.
A montanha então, saiu do meu sonho,
Deixando comigo o controle sobre os fatos que tenho vivido.
O “horrível homem das montanhas”, antes de partir, apertou minha mão,
E se despediu escrevendo: “Lembro-me de uma madrugada em que voltava do trabalho, de dentro do ônibus acompanhava uma estrela muito brilhante que parecia estar me conduzindo para casa. Imaginei que ali, naquela estrela, brincava alguém que resolvi chamar de anjo. Senti que o anjo pulava as nuvens chamando a minha atenção. Algum tempo mais tarde nasceram Amanda, Beatriz e Júlia. Os anjos daquela madrugada. E pude sentir o que é o AMOR”

Ricardo Mezavila



Hey,Júlia!                                                                        

Hey, Júlia!
Vamos escrever uma canção juntos
E ouvi-la no silêncio das coisas
Lembre-se que tudo está em seu coração
Voce pode alcançar as estrelas
E tudo ficará melhor.
Hey, Júlia!
Em um momento a estrada pode ficar escura
mas quando voce acordar do seu sonho
Pode ser que um lago azul esteja molhando seus pés
E a manhã estará diante de todos nós
Como uma criança recém nascida.
Hey, Júlia !
Seus olhos perseguem a luz
Iluminam nossas faces com brilho intenso
E sentimos gosto de erva-doce na boca
Quando a beijamos
E recebemos seu carinho suave.
Hey, Júlia !
A chuva dança brincando com seus cabelos
Escorregam por seus braços
E conseguimos avistar o arco-íris na sua cintura
Girando o corpo voce nos enche de cores
E o dia agradece a sua beleza.
Hey, Júlia!
Seus passos deixam marcas nas ruas
Um anjo se encarrega de guardá-los em uma caixa pequena
Vai juntando toda a sua história
E depois deixa em minha gaveta
Eu coleciono seus caminhos
Para saber aonde voce vai
E o que voce precisa para ir mais longe.
Hey, Júlia!
Olhe como todos nós a amamos
E corremos ao seu lado
Para que o tempo escreva a nossa canção
Na pauta do seu sorriso encantado
No idioma de seus gestos sensíveis
Para que todos possamos entendê-la
E sejamos tocados por voce
Que sabe como nos tornar melhores.


Não sei o que aconteceu


Acordo em Sarajevo depois de sonhar com pessoas
Levando seus animais para vacinar.
Encontro uma menina caminhando
Sem certeza de onde está indo.
Percebo pelos seus olhos, procura alguma coisa.
Tenho a sensação de tê-la visto antes.
Acho que em um daqueles sábados,
Quando eu cantava as músicas do Bono Vox,
Ou nos domingos ouvindo bossa nova,
Em uma calçada de Ipanema.
Procuro me aproximar e percebo seu lindo sorriso.
Posso ver sua aura com notas musicais
Espalhando alegria com seu doce perfume.
Ela continua caminhando
Não se importando que a siga.
Um vento traz lembranças do “Encontro dos Rios”
E da água gelada do lago.
Ela senta em um café e pede soda,
Eu sento ao seu lado e peço uma tônica.
Um homem toca sumertime no sax,
Algumas pessoas prestam atenção,
Outras apenas fumam.
Pergunto se ela gosta de jazz
Ela responde com um olhar positivo
E percebo que realmente a vi antes.
Ela estava em uma feira trocando "seus" shows.
Eu ofereci o “meu” show do Yes
Pelo “seu” show do Pink Floyd.
Ela não aceitou.
Ficamos ali ouvindo a voz do tempo.
Quando saímos chovia muito
Pegamos um táxi até sua casa
Abençoados....

Nelson & Nelson

Vou fazer um poema sinfônico
Com instrumentos, orquestra e músicos.
Vou declamá-lo nos mais famosos Theatros
Do mundo todo.
Um poema sinfônico em português
Para ser invejado por Gershwin
Fernando Pessoa e Vinicius de Moraes.
Neruda, não
Maiakovski também não.
Penso que eles não ficariam irritados comigo
Mesmo que eu quisesse irritá-los.
Vou fazer um poema sinfônico
Para tirar o sono de Villa Lobos,
Menos os seus sonhos com Cartola
Quando Mangueira era um samba só.
Mas tirar seu sono
Cantando com Noel na vila,
Com Nelson e Nelson
Cavaquinho e Sargento.
Vou reger um belo poema para o cinema,
Para as telas.
Um poema que vá do Méier à Hollywood
Sem sair do pensamento
Porque ali eu viajo mais.
Por que Trenzinho Caipira ?
Por que Ferreira Gullar ?
Eu quero ver voce em Búzios !
Eu preciso ler o “Poema Sujo” em Geribá....
Beber vinho na Lapa,
Ouvir “Dindi” na minha voz.
É muito lindo !
Confesso que perco a noção da humildade.....
Os gases benéficos do Planeta me acompanham
Os maléficos pedem um Help
E eu, como sempre, estendo a minha mão...
... vem comigo !

 

De dentro de mim

Vou morar dentro de uma canção
Se pudesse ia descansar nas frases de Imagine
Prender uma ponta da rede no início da música
E outra no fim.
Balançar nos acordes e dormir na poesia.
Descer dançando pelas letras,
Saltando os espaços entre as linhas
Para depois subir e começar tudo de novo.
Vou morar dentro de uma estrela
Se pudesse ia brincar na constelação de Órion
Fumar as nebulosas e beber com as Três Marias.
Para depois piscar com as estrelas
Iluminando meus olhos para sempre.
Vou morar dentro de uma árvore
Se pudesse ia crescer dentro de um baobá
Estender meus braços como galhos
Pentear as folhas como se fossem meus cabelos
Abrigar ninhos e fortalecer o solo
Abraçar as raízes da minha juventude.
Vou morar dentro de uma onda
Se pudesse ia viver no Pacífico
À noite pisar em uma ilha
Acender uma fogueira,
Escrever náufragas cartas
Para que cheguem a alguém, um dia.

 

Todos os presentes que não dei

Começo pelo fio daquela nuvem que passou
Deixando marcas do frio na verde cobertura da montanha,
Como saísse de um caderno para brincar livre das tintas
E encontrasse um nome que a fizesse eterna como fumaça.
Começo pelo fio que vou enrolando no braço como uma pulseira
E vou espalhando pelo corpo, ficando preso à liberdade.
Como o faraó enfaixado dentro da pirâmide ficaria
Se quisesse abraçar a princesa alucinada
E ela estivesse soterrada em ouro longe dele.
Eu quero o sono desperto fazendo um arco no céu,
A flexa colorida no coração de um deus.
Desço até meus pés e percebo marcas do chão neles,
Trago lembranças de cada lugar.
Há fome e guerra em todos os níveis.
Subo até meus olhos, vislumbro coisas cegas
Aos olhos perfeitos demais
Que não enxergam o sol brilhando à noite,
Não conseguem ver a lua mergulhando no mar.
Estou desfiando a nuvem e tecendo um casaco
Quero vesti-lo ainda hoje
Para aquecer alguns frios sentimentos
Que colhemos durante a estação passada
Quando não havia nuvens amigas por sobre as casas.
Não associo datas a presentes,
Não consigo aproximá-los.
Mas quando a nuvem estiver em meu casaco
Terei um presente pronto,
Talvez você goste de casacos que flutuem e fazem chover.
Ou prefira passear entre as outras nuvens
Dentro de seu modelo de inverno.
Já estou com o corpo coberto pelas faixas,
Extraio de mim a costela fraturada,
O novo começo da criação,
Esperança renovada levando ao fim os erros
Simplesmente por voltar ao início.
Assim posso rever datas e tecer presentes
Despertar princesas adormecidas,
Socorrer faraós e levá-los de volta às pirâmides,
Desfiar nuvens maiores e agasalhar os que morrem de frio,
Ajudar a por um fim na guerra e na fome em todos os níveis.
Continuo não associando datas e visto o casaco distraído
Seus olhos dizem: “Não tem jeito!”
Ano que vem me lembro de fazer um mais bonito,
Mas a costela fraturada fica com você, dona das nuvens,
Por todos os presentes que não dei.

 

Órbita contínua

As costas do dia são mapas oceânicos
Filtrando o liquido dos poros da terra,
De onde evapora o ar das narinas
Sem que saiba do coração quantas batidas.
Hoje deixei de ser dia presente.
As aves noturnas descansam sobre o telhado
Deitam no ventre da noite, sem fronha.
Sonho com as nuvens inchadas bordando montanhas
Pintando o ar feito desenho no caderno da criança.
Hoje sou filho de ontem, pai de amanhã,
Arco –íris reciclando a órbita contínua
Perpetuando a fixação em novos cristais
Através de sua majestade : o tempo inanimado!
Que governa o destino e devora os sonhos.
Fica a espera com sua enorme garganta
Pronto para engolir tudo o que já foi vida,
Como um lobo faminto dentro de casa.
Agora quando já partiram as cinzas do que fomos
Embaladas pela corrente da ventania;
Agora quando não há mais as chamas dos corpos
Incendiando os apartamentos gelados da cidade,
Já que a noite chora na sarjeta a dor dos bêbados,
Vejo festa nos olhos do bandido
E visito o cemitério, jardim de ossos,
Local definitivo da minha ansiedade de terra removida.
Escolho uma cova bonita junto ao muro
Com vista para sua janela,
Para que eu possa subir como os bichos românticos
E espiar você se despindo para dormir.


Na lama em Woodstock (para Ayer)

Como um raio percorrendo o tempo
Ouço os trovões do passado
Sussurrando aos meus ouvidos.
Estou nos arredores das antigas canções
Escalando de Santa Tereza a Santa Cruz,
Do circo voador ao teatro distante
Quando o poeta usava giz
Para desenhar círculos nas ruas
E lá sentar e questionar o mundo.
Leio as velhas retrospectivas de sempre
E percebo mudança somente no cabelo.
Não há mais lama em Woodstock
Desde o silêncio da última guitarra
A terra seca é espelho da nossa idade
A poeira nos sapatos é o mapa
De todos os lugares por onde andamos
Ou fomos levados pelas músicas
Da serpente da caatinga ao Bob Dylan do sertão.

Meu irmão, trago uma rosa para o teu jardim
Para compor o cenário poético da vida.
O astronauta não é um simples militar
É alguém que passeia pelas esquinas do universo
Tocando os corações sensíveis
Com a ponta da sua eterna esferográfica.
Não há mais lama em Woodstock
Na verdade nem Woodstock há mais
A chuva foi embora com a juventude
Mas deixou a lâmpada da poesia acesa
Para que não haja ausência de luz.
No palco as bailarinas continuam dançando
Os músicos afinam seus instrumentos
Tocam canções pulsantes
O público começa a chegar, inclusive Tito Leão.
Temos que voltar à Terra,
Compor canções novas
Enfim, simplesmente viver .



Poema pra quem eu não conheço

Quando a vi foi como uma explosão
Um vulcão acordando depois de dormir a extinção
Um jardim espreguiçando no colo de um beija-flor
Um oceano poetizando a lua.
Não sei em que rua você mora
Para onde viaja nas férias
Qual sua comida preferida
A cor de que você gosta
A música que traz lembranças
O filme que a emociona.
Seus lindos olhos são a porta para todo esse mistério
O fogo que acende na tempestade
A luz que me trouxe até aqui
Sem motivos aparentes
Que justifique esse platonismo
Sem querer, meio sem sentido.
Quando a vi tive a sensação
De estar sentado ao lado de Neruda
Sentado em uma varanda em Santiago
Ouvindo-o contar de seus amores.
É como estar bebendo vinho
Admirando um Portinari.
É como dançar valsa
Tocada por uma orquestra de Bachs.
Digo isso encabulado
Pois não sei o que você pode vir a pensar
Mas aceite esse poema
Nem que seja pelo bem da literatura.


Futuro                                                                             
O futuro
Não está no amanhã previsto
Não se resume
No por fazer
Não se define
no que virá
É algum lugar no tempo
Não o tempo presumível
Não é o lugar visível
Tenho fé no inatingível
Protegido das mesquinhezas diárias
A rotina não caminha um passo
Que se possa econtra-la em outra esquina
O futuro
Não é o agora, não é o eterno
Não brinca de velho no infinito
Não permacece
Não modifica
Sei o que estou falando
Porém a verdade não explica
É preciso morrer
Sem ser quem vai
Ou quem fica
O futuro
É alguém que nos ressuscita
Meu caro Pessoa                                                                                              
Meu caro Pessoa,
Desculpe se abusei de sua disponibilidade
nas viagens que faço na nave virtual.
Mas passei o mouse sobre seu poema
cliquei o botão direito e selecionei copiar,
depois, não vou tentar explicar como,
seu tempo é outro,
o conduzi até o portal de um amigo,
cliquei o botão direito e selecionei colar.
Posso ter cometido um ato falho,
mas voce sabe, meu amigo, que somos dados
a expedientes poéticos.
Fico com essa opção.
Entretanto o amigo que ergueu o portal,
aliás é um pândego,
voce precisava conhece-lo,
ficou paralisado diante a minha audácia,
estarrecido com tal visita.
Talvez eu tivesse que avisá-lo antes
mas é o expediente, voce bem sabe...
Então, caro Pessoa,
o amigo em um acesso de humildade extrema
sentiu-se envergonhado com o que leu.
Pois bem, devo apresentá-lo tardiamente.
Esse amigo nasceu no litoral sudeste
e hoje vive no litoral nordeste
desse país onde desembarcaram seus ancestrais
e depararam aqui com maravilhosa terra.
Ele cresceu na periferia da cidade mais linda do mundo
e aprendeu as lições das ruas,
sabatinado pelas esquinas,
conjugando o "verbo" tempo,
escrevendo poemas na areia com os dedos.
Eu também aprendi tabuada com os paralelepípedos.
Pois bem, Pessoa,
ao trazê-lo para cá, para este portal,
meu amigo pareceu-me reviver o espanto dos índios
ao se depararem com as caravelas
e com aqueles homens vestidos,
fugindo diante do desconhecido.
Os índios são poetas nus,
os poetas são índios lunáticos.
Por tudo isso, meu caro Pessoa,
diante dos fatos e do meu "equívoco"
não cravo mais aqui suas palavras,
Porém peço sua compreensão e seu perdão
porque não quero repetir a história
e tomar as terras de seus verdadeiros donos.
A canção que fiz pra voce                                    
A chuva dos nossos encontros
molha o chão dos nossos versos
acolhe o som dos nossos verbos
tão bossa nova quanto o tom do nosso sexo.
E no teclado do computador
eu componho uma canção
como se estivesse tocando piano.
Com os olhos fechados ouço as notas
ouço a melodia das palavras
e canto em silêncio para voce.
E essa música sai pela janela
e flutua pelo ar
sopra um arrepio no ouvido da moça sozinha,
acaricia o rosto do namorado apressado,
toca docemente nos ombros da mulher madura, de óculos.
acena para o casal de avós felizes.
por onde passa é percebida
como uma brisa gostosa,
um sentimento bom,
uma lembrança, uma saudade.
No teclado eu vou dando vida à inspiração
vou desenrolando as letras
e formando cada vez mais palavras
que tornam-se melodia
que sai da minha voz
e que continua flutuando pelas ruas,
envolvendo a cidade em um clima de paz.
e entra pela sua janela
levanta o lençol da sua cama
deitando ao seu lado.
E voce sorri dentro de um sonho agradável
ouve a música
e me abraça.

Estou aqui de novo                                              

Sinto que minhas mãos cobram mais atenção
Ando disperso da dispersão
Estou quase todo afundado na vida prática
Que não é a única realidade
Se tratando de um poeta então...
De olhos fechados olho para dentro de mim
Sinto como se estivesse do avesso
A sombra ilumina o meu quarto
O que reflete é o reflexo,
Meu sobrenome vem primeiro,
A terra gira ao contrário.
Que mundo maravilhoso é esse?
Estou brincando com minhas filhas em um parque
Minha mãe olha a minha alegria
Sorrindo de dentro de uma nuvem
Penso que podia chover agora
Assim ela descia em uma cachoeira
E vinha brincar com a gente.
Olhando pra dentro vejo mais luz
Vejo tudo mais claro e alto agora
É a mesma sensação de estar inspirado
Acariciando o rosto de um poema,
Seduzindo as palavras para um encontro
Engravidando as tardes com versos.
Preciso abrir os olhos para a poesia
É lá que existo e vivo bem
Vem de lá os ventos que me conduzem.
Então extraio a vértebra de um velho poema
Com um sopro abro os olhos
É o meu novo início.
Estou aqui de novo.

Nu comigo, com meu tempo e com meus botões   (1981)                                                   

Penso que posso dizer tudo o que sinto.
Um parto hoje. E o meu?
Cinqüenta e dois centímetros e três quilos e novecentos gramas,
Coitada da mamãe!
Minha lua morena me olha de cima,
Neste quarto cresci
Quando estou aqui sinto que ele não cresceu comigo
É como se meu corpo coubesse nele
E o pensamento não.
Hoje ouço pessoas que me ouvem
Troco palavras e carismas
Para que todos se sintam bem
Gosto de estar com as pessoas.
Nu comigo e com meu tempo
Entre pensamentos, madrugada.
Essa timidez pessoal
Flui como um solitário camaleão.
A cama do leão é feita de energias
Tenta captar o que só ele sabe
É difícil falar sobre o que quase ninguém sente.
Ser leão não é ser animal ou material
Talvez a cabeça dele procure o impossível
E a camaleoa seja invisível.
Na minha ilha (dans mon île)
Posso ficar nu com meus botões
Sem ter fome do sexo-corpo
Mas com sede do sexo-sangue.
Como consegui-lo? Tem que ser você!
Houve um parto hoje! E eu?
Um metro e oitenta e cinco centímetros
E sessenta e nove quilos e novecentos gramas.
Sou magro e me sinto Odara
Falaram que pareço com um santo
Só sei que gosto dos meus valores
Sou suficiente, mas ilimitado.
Amanhã terei o que penso
E continuarei buscando minhas suficiências.
Estou totalmente despido, é bonito olhar para o corpo nu.
Sem roupa podemos sentir que somos individuais.
Não sou tudo nem nada.
Sou muito! Músico das minhas orquestras.
Meu tempo é esse e depois.
As mensagens dos meus pelos bastam
Para que me entenda na sensibilidade.
Confidencio minha nudez, talvez alguém precise dela.
De onde estou deslumbro visões poéticas.
Nu comigo, como meu tempo e com meus botões.
O ópio foi fraco e me sinto forte
Meu sangue ilumina qualquer tipo de droga
Ele é suficiente (meu bem querer)
Ando querendo falar conhecer toda nudez
Falar sentado na cama de uma leoa
Sem temer os instintos (interestelar canoa)
O céu do meu sexo (habitat da minha mente)
É o clima total de energias (pacto de relações)
Pra mim tem que ser você!

 Hitler não gostava de fumantes
Eva Braun entrou com Hitler em seu cômodo de estudos.
O que Eva estudou momentos antes?
Por que Hitler não gostava de fumantes?
E a coisa toda ficou sem resposta
Depois que o submarino submergiu para Bariloche.
E quem passava pela rua não sabia
Que uma notícia podia estar sendo plantada;
E quem nascia naquela hora

Poderia acreditar na versão alguns anos depois.
As cinzas do bigode fizeram brasa na história
Mesmo depois do grito de Otto Gunsche
Ao encontrar os corpos no sofá.
As bombas das tropas do exército vermelho
Chegaram tarde aos jardins da chancelaria,
Quando os cães, já envenenados, jaziam na cratera.
Os bunkers foram, finalmente, tomados pela fumaça dos cigarros.
Porque Hitler não gostava de fumantes.

Ricardo Mezavila












 

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