O narcotraficante
Pablo Escobar, por mais estranho que isso possa parecer, é mais respeitado na
Colômbia do que o Pelé, o maior jogador de futebol e atleta do século, é no
Brasil. Infelizmente o chiqueiro é para todos e as pérolas ficam escondidas na
lama. De clichê em clichê a manada vai andando e de seus dejetos nascem
cogumelos alucinógenos que divergem e convergem para o mesmo sentido, ou seja,
transitam em confusão para lugar nenhum com a sabedoria de Chicó: “não sei,
só sei que foi assim”.
Quando
nada faz muito sentido é porque estamos vivendo com mais respostas do que
perguntas. Odorico, o prefeito de Sucupira, tinha um bordão que exemplifica a
geléia em que nos metemos, ele dizia isso em meio a um discurso: “Como dizia
Benjamin Franklin...”, e dizia uma frase de efeito, um assessor perguntava:
“mas prefeito ele disse isso?” Odorico respondia: “se não disse devia
ter dito”.
Personagens
da ficção são como conhecidos, sempre vamos encontrar alguém repetindo as
mesmas coisas. Os poetas da música, viva os poetas, sabem dimensionar o tamanho
da nossa necessidade de conviver com o antagônico. Renato Russo escreveu que: “pra
sempre, sempre acaba”, e Cazuza ensinou: “nunca diga nunca”. Não
consigo fazer um paralelo entre as duas frases, continuo sem saber se possuem o
mesmo sentido, ou são totalmente avessas e contraditórias.
Os
filósofos gregos, apesar de parecerem complicados, são compreensíveis. Sócrates
foi muito feliz quando disse: “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso,
me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”. O
filósofo francês René Descartes, autor da frase célebre “Penso, logo existo”,
mandou bem quando escreveu que: “A leitura de todos os bons livros é uma
conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados”. Eu deveria
ter sugerido que esta frase estivesse na contracapa do meu livro “As conversas
que tivemos ontem”.
A
respeito de tudo isso fica a minha indignação com a falta de criatividade que
minha geração tem vivido. Estamos parados no tempo, no máximo acompanhando a
geração mais nova se perder na imensa lixeira que se tornou a cultura. Claro
que nossos antepassados pregavam a mesma coisa, mas como dizia Benjamin
Franklin: “não sei, só sei que foi assim”. Ele disso isso Odorico? Se
não disse devia ter dito, Chicó!
Ricardo
Mezavila
Nenhum comentário:
Postar um comentário