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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

De Odorico à Chicó



O narcotraficante Pablo Escobar, por mais estranho que isso possa parecer, é mais respeitado na Colômbia do que o Pelé, o maior jogador de futebol e atleta do século, é no Brasil. Infelizmente o chiqueiro é para todos e as pérolas ficam escondidas na lama. De clichê em clichê a manada vai andando e de seus dejetos nascem cogumelos alucinógenos que divergem e convergem para o mesmo sentido, ou seja, transitam em confusão para lugar nenhum com a sabedoria de Chicó: “não sei, só sei que foi assim”.

Quando nada faz muito sentido é porque estamos vivendo com mais respostas do que perguntas. Odorico, o prefeito de Sucupira, tinha um bordão que exemplifica a geléia em que nos metemos, ele dizia isso em meio a um discurso: “Como dizia Benjamin Franklin...”, e dizia uma frase de efeito, um assessor perguntava: “mas prefeito ele disse isso?” Odorico respondia: “se não disse devia ter dito”.

Personagens da ficção são como conhecidos, sempre vamos encontrar alguém repetindo as mesmas coisas. Os poetas da música, viva os poetas, sabem dimensionar o tamanho da nossa necessidade de conviver com o antagônico. Renato Russo escreveu que: “pra sempre, sempre acaba”, e Cazuza ensinou: “nunca diga nunca”. Não consigo fazer um paralelo entre as duas frases, continuo sem saber se possuem o mesmo sentido, ou são totalmente avessas e contraditórias.

Os filósofos gregos, apesar de parecerem complicados, são compreensíveis. Sócrates foi muito feliz quando disse: “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”. O filósofo francês René Descartes, autor da frase célebre “Penso, logo existo”, mandou bem quando escreveu que: “A leitura de todos os bons livros é uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados”. Eu deveria ter sugerido que esta frase estivesse na contracapa do meu livro “As conversas que tivemos ontem”.

A respeito de tudo isso fica a minha indignação com a falta de criatividade que minha geração tem vivido. Estamos parados no tempo, no máximo acompanhando a geração mais nova se perder na imensa lixeira que se tornou a cultura. Claro que nossos antepassados pregavam a mesma coisa, mas como dizia Benjamin Franklin: “não sei, só sei que foi assim”. Ele disso isso Odorico? Se não disse devia ter dito, Chicó!


Ricardo Mezavila

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