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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A ilha de Salvador



 Idilio atómico y uránico melancólico


Quando vi a obra de Salvador Dali intitulada,  Idilio atómico y uránico melancólico, na exposição que está aberta no Centro Cultural Banco do Brasil, imediatamente, não sei porquê, fui remetido ao disco Outras Palavras, de Caetano Veloso. O long play estava arranhado entre Rapte-me camaleoa e Dans mon íle, exatamente no último acorde da primeira música ouvia-se três vezes o som da agulha no arranhão, com intervalo e logo em seguida a segunda canção começava.

O surrealismo de Dali está na atmosfera dos salões, a gente começa a sentir isso quando percebe que as coisas não fazem muito sentido, mas são importantes de alguma forma. Pensar fora da ordem moral e social de maneira espontânea nos leva para um passeio por dentro da memória, no jardim das informações. Passeamos por lugares onde nada existe a não ser a ausência da lógica, o silêncio dos impulsos e a desagregação dos limites.

Olhar um quadro de Salvador Dali é um ato de desprezo às conseqüências, é transgredir para além dos modelos retos e dinâmicos. É imaginar um caminhão de príncipes tombando na estrada junto com as suas marmitas, enquanto um grupo de lavradores se reúne no castelo para decidir os rumos do reino e repartir as riquezas da coroa.

O pensamento burguês e a estupidez da guerra são uma ruptura com a realidade daquilo que é comum, contudo é através das regras ditadas pela burguesia e com o temor imposto pela guerra que o surreal pratica suas inatividades anti-revolucionárias, inexistindo para as teorias de circunstancias.

Rapte-me camaleoa, adapte-me ao seu ne me quittes pas – tum...tum...tum... -  Dans mon íle, ah comme on est bien.


Ricardo Mezavila.

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