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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Filha natural da vida


Cálculos mais modestos indicam que já são 30% o número de crianças órfãs no Sudão, conseqüência de mais de vinte anos de guerra entre irmãos sudaneses pelas reservas petrolíferas e por motivos religiosos. No caso dos órfãos de pais desaparecidos é simples de entender. No fragor dos ataques inesperados, em meio às explosões, tiros, fogo e degolas, as aldeias ficavam num caos total, cada um tentando salvar sua vida e dos seus queridos. Milhares e milhares de crianças ficaram vagueando sozinhas em fuga desesperada, alguns para países vizinhos, outros para os desertos. Os que sobreviveram voltaram para as aldeias, magérrimos e doentes, a procura dos pais.
     
Nos tempos bíblicos Jesus falava muito em viúvas e órfãos, mas ele se referia aos filhos dessas viúvas que já haviam perdido seus pais, logo estavam órfãos, porque se a expressão valesse para adultos, todo mundo era órfão. Na iminência de uma guerra, só ficavam de fora a viúva e os órfãos, se os adultos que não têm pai fossem órfãos ninguém ia para a guerra, será que todos aqueles guerreiros tinham pai e mãe? É óbvio que não.
Deixando de lado os pressupostos da origem de como uma criança é transformada em órfã e também as prerrogativas legais da adoção, aponto minha atiradeira poética na direção dos pássaros que cantam e voam, mas não sabem muito sobre a origem de seus ninhos.
Reconheço alguns rostos e um em especial, que não são como as crianças sudanesas que sofrem os horrores da guerra e nem como as crianças órfãs filhas das viúvas a que se referia Jesus, mas que levam pelam vida a dúvida de sua concepção.
Sobre esse rosto em especial eu posso falar, porque está ao meu lado em inúmeras fotos espalhadas pelas redes sociais, carrega no coração a eterna dúvida da maternidade biológica. Isso faz com que, no meu entendimento , ela posso vir ser filha de uma floresta perfumada, de uma montanha azul, filha do oceano, do céu, da terra, do ar enfim, filha da natureza. Sua hereditariedade , tal como ela é, deve vir de uma pérola escondida em uma gruta perdida, difícil de se encontrar.
O desconhecido também pode ser instigante por causa das possibilidades que ele cria.

A beleza da vida é ir em frente !

“A maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que os simples
fatos do vôo — como ir da costa à comida e voltar. Para a maioria, o importante não é
voar, mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar. Antes de tudo o mais, Fernão Capelo Gaivota adorava voar." (Richard Bach)


Ricardo Mezavila

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