Avaliar
a cassação de Eduardo Cunha nesse momento pelo Supremo Tribunal Federal, parece
um exercício de incoerência, de contradição e de fisiologismo. Desde sempre,
exigimos que o presidente da Câmara dos deputados fosse afastado e até preso,
agora que o ministro Teori Zavask fez a condenação, a sentença veio com gosto
de ‘cerveja velha’, com cheiro de presunto estragado.
Eduardo
está há meses manobrando nos bastidores, executando, sujando suas mãos com a
parte mais sórdida e suja da trama. Deu sua cara ao impeachment quando resolveu
vingar a falta de apoio governista no Conselho de Ética.
Durante
as manobras parlamentares, Cunha foi alvo de investigações, até pelo Ministério
Público da Suiça, que o acusou de manter contas nos bancos de lá, tendo
entregado toda a documentação do crime ao Ministério Público brasileiro.
Mesmo
com todas as evidencias e tendo se tornado desafeto público, o deputado
continuou embaralhando e dando as cartas, jogando os dados, escolhendo suas
parcerias e blefando. Tudo sob os olhares passíveis do Ministério Público e do
Supremo, que bocejavam enquanto o ladrão revirava a casa.
Partidos
como PMDB, partido de Cunha e Temer, e o PSDB, partido do derrotado Aécio
Neves, colocaram outros partidos expressivos como o DEM e o PP no bolso, e se
fecharam na Câmara e no Senado para barrarem medidas do governo, para que esse
caísse na ingovernabilidade e impopularidade, abrindo assim uma crise política
com efeitos na economia e nos serviços.
O
governo ficou sem saída e Eduardo Cunha cumpriu seu papel antipatriótico com
eficiência. Agora, que o leite foi derramado, que a Inês é morta, que a
destituição da Presidenta do cargo, sem ter cometido dolo, é inevitável, o
Supremo entra no jogo e apresenta sua trinca de cartas marcadas.
A
política entrou para o debate público de uma forma indigna, meio que torcida
organizada. Soltaram fogos porque um representante da Câmara dos deputados foi
cassado, isso é vergonhoso, era para chorar, rezar, sei lá, menos comemorar.
Fato
é que Eduardo Cunha foi jogado às piranhas, a caravana do GOLPE vai passar sem
riscos, vai atravessar o rio e decidir ilegitimamente, sem voto e sem moral, o
destino de uma nação, com a pecha do entreguismo neoliberal paulista.
Ricardo
Mezavila.
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