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quarta-feira, 6 de abril de 2016

The number of the angel





Uma sombra à espreita observa os nossos passos, o que falamos e tudo o que fazemos, figuras rodopiam na neblina como em um ritual. Não, não é a letra de 'The number of the beast' do Iron Maiden, não é fragmento de uma poesia de Alan Poe, muito menos de Verlaine.

A sombra espera pela saída de um judeu que assistiu ao show de Jorge Mautner; carrega um soco inglês para usar no estômago de um homem que acabou de beijar a boca de seu amigo; acende o fósforo na floresta que abriga uma comunidade indígena, quase extinta.

De longe, sentimos a presença da sombra, contemplando a escultura de um artista esquizofrênico, queimando Bertolt Brecht e Thomas Mann; tomando café depois do sacrifício de uma noite de hipnoses e memórias.

A sombra está na frente, atrás, do lado, em cima e em baixo, não tem como escapar de seus olhos. Seu brilho vem de um manual do século XIV, com a capa branca e o título escrito com tinta vermelha e preta: 'Directorivm inqvisitorvm'.

O quadro 'Angelus Novus', de Paul Klee, mostra um anjo com as asas abertas e um olhar que o afasta de alguma coisa. Ele podia estar olhando tanto para o passado como para o futuro.

Esse anjo da história viu a sombra, mas não quis tomar uma posição, preferindo ficar onde estava, sem utopia e sem desilusão, para não fazer uma leitura errada do momento.

Penso na figura do anjo e pergunto se estamos fazendo a coisa certa, ou estamos lutando um contra o outro, apesar de estarmos todos do mesmo lado?

Ricardo Mezavila.


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