É perigosa a idolatria na
política e em setores essenciais para o funcionamento da república democrática.
Um líder partidário, um juiz, um servidor de qualquer área, não devem aceitar,
por isonomia e imparcialidade, figurar no imaginário popular como um ídolo. É
nefasto, principalmente no judiciário, que haja juízes e ministros do supremo
posando de heróis.
Qualquer que seja a decisão, a
justiça não pode agir para agradar uma ou outra parcela da sociedade, ou uma ou
outra legenda partidária. Tem de haver a equidade na balança para que não haja
injustiça, nem 'justiça' prévia e cautelar.
Vejo muita arrogância nos olhos
do juiz 'herói' da primeira instância de Curitiba, mas também não vejo muita
segurança sob as togas da última. Estão, sim, acovardados, como já disseram
mais de uma vez, inclusive por alguém que está lá sentado hoje.
Nossos magistrados estavam
acostumados com causas fúteis como a do Flamengo, que vive o eterno chororô
pela taça das bolinhas, mas agora estão diante de uma causa de relevância
internacional, com a força de iniciar uma convulsão civil violenta, pior até do
que a de 1968.
A sociedade, polarizada, tende a
apoiar aquilo o que sua informação e sua percepção intelectual permite; muitos
estão agindo como se estivessem em período de copa do mundo, outros como se
subissem Sierra Maestra.
Estamos vivendo um período de
guerra fria, sem as estratégias e objetivos centrais pertinentes, mas com a
intolerância deflagrada em cada opinião divergente, desorganizada em bloco,
como um todo.
Não vamos fazer como os cavalos
que, por alguma recompensa, se abaixam para que alguém suba e tome nas mão as
rédeas. Os equinos aprendem por repetição, nós temos livros.
Ricardo Mezavila.
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