Apesar
de as pessoas lúcidas desse país insistirem em dizer que não vai ter golpe,
lamento muito, mas o golpe está em curso, vivo e em estado avançado. O fato de
conseguirem atingir o objetivo final, no caso o impeachment, a prisão de Lula e
o esfacelamento do PT frente a opinião pública, é somente a apoteose final. O
golpe está aí bem claro, nas declarações dos golpistas, diariamente, nos meios
de comunicação apoiadores, como sempre, de um estado de exceção.
O
golpe mostrou seu rabo no aeroporto de Congonhas com a condução coercitiva e
arbitrária do ex-presidente. Havia um avião estrategicamente estacionado na
pista para conduzi-lo até a ‘república’ de Curitiba, helicópteros da rede de
televisão, financiadora moral do golpe, sobrevoava as redondezas, antes mesmo
da PF chegar ao apartamento de São Bernardo do Campo; agitadores, como o
deputado Bolsonaro, estavam aguardando a chegada do avião no aeroporto de
Curitiba, soltavam fogos de artifícios para recepcionar, com ironia, o
ex-presidente Lula. Todos já sabiam que haveria uma mobilização.
As
raízes do golpe estão se espalhando por todo o país, o mosquito aedes, ou
aéces, está tratando da polinização. Vejo várias sementes já saindo da terra em
forma de plantinhas dóceis, mas são carnívoras. Elas têm a capacidade de atrair
pequenos animais, no caso, inocentes úteis reprodutores da voz do dono; depois
de capturadas, as presas são digeridas e seus nutrientes, o cérebro e as pernas,
utilizados para marcharem organizadamente, como ovelhas em um rebanho, cabisbaixas,
gritando palavras de ódio, servindo de escudos para seus atos corruptos.
Em
1968, os cantores Dom e Ravel, compuseram e gravaram a música “Eu te amo meu
Brasil”, por solicitação da ditadura militar que barbarizava o país. Em 2016,
como não poderia deixar de ser, já que tudo está caminhando como dantes, existe
o “Passinho do Golpe”, uma coreografia criada para ‘animar’ as manifestações
pró-golpe. Com a mesma estratégia, os articuladores estão fazendo do
maniqueísmo um instrumento para celebrar no coração ingênuo uma festa ‘anti-sincretista’.
Não
custa nada citar o estudante Edson Luís, secundarista, assassinado por
policiais militares, durante um confronto no restaurante Calabouço, centro do
Rio de Janeiro. Seu assassinato marcou o início de um ano turbulento de
intensas mobilizações contra o regime militar, que endureceu até decretar o
AI-5. O golpe já foi acionado, os soldados deixaram a caserna, atiram para
todos os lados, nós é que não percebemos isso com a seriedade devida. Resistir é preciso!
Ricardo
Mezavila
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