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segunda-feira, 7 de março de 2016

‘Esperar não é saber’



Há algumas formas de se registrar um momento para que, no futuro, interessados pesquisem e estudem o que foi a época. A literatura, fotografia, pintura, o filme e a música, além de pertencerem ao tempo de suas criações, também são fontes para que se analise sociologicamente os costumes, a política e a conjuntura de um determinado período da história. Quando o período de interesse não está tão distante, os depoimentos de quem viveu e esteve lá também são úteis para uma exploração mais próxima dos eventos. Apesar da importância desses canais de registros é essencial a busca pelas diferenças, as divergências de opiniões, para que não se construa uma versão única e deformada.

Como estou no front do ‘meu’ tempo, deixo registrada aqui minha indignação cidadã pelo atual momento político. Nunca os poderes foram tão independentes e, por conta disso, tão despreparados para agirem de forma autônoma. Historicamente, os presidentes sempre tiveram os outros poderes de baixo de seus sapatos, amordaçados. A Procuradoria Geral da União sempre foi presidida, não por um Procurador, mas por um ‘Engavetador’, que perdia dentro da gaveta, todos os processos contra os interesses dos governos.

A direção da Polícia Federal e suas superintendências são atreladas ao Ministério da Justiça, cujo cargo é ocupado por uma indicação política. Constitucionalmente o Ministério Público tem assegurada autonomia funcional e administrativa, seus integrantes elaboram uma lista tríplice com indicações para o governo escolher quem o chefiará. Resumindo, no presidencialismo, a autoridade máxima eleita pela maioria dos votos do povo, tem poderes suficientes para evitar que os órgãos de justiça investiguem e funcionem normalmente dentro de suas atribuições.

Como tenho compromisso com o ‘meu’ tempo, não posso deixar de registrar que nunca um representante máximo, no caso uma representante, permitiu que os órgãos de justiça agissem permanentemente contra a corrupção que carcomeu o país durante os cento e vinte e sete anos da República, inclusive cortando na carne. A atual Presidenta tem como opositores aqueles que estão com medo que as investigações cheguem até seus maus feitos. São esses que querem seu impedimento, que têm o apoio dos ‘coxinhas’ (classe média, ou mídia, que nunca se interessou por política, que assiste os jornais da TV Globo, lê a Folha de S.Paulo e O Globo e assina as revistas Época, Veja e IstoÉ e, principalmente, reproduz ‘memes’ e mensagens apócrifas nas redes sociais contra o Lula e o PT).

O que está errado? Bem, existe um quarto poder que sonega impostos, empobrece a cultura, dita regras e costumes, estraçalha a informação, degrada o meio ambiente, ignora as diferenças regionais, desrespeita a linguística, o comportamento e a tradição, alimenta o ódio de classe, tempera a opinião pública com mentiras e ilações precipitadas, arma circos espetaculosos para julgar e condenar sem provas. Esse poder paralelo, que se faz de anjo, serve a um senhor que possui um ‘rabo’ e dois ‘chifres’, que detém o poder do capital e da consciência coletiva, que criou um cartel com os políticos, com o pessoal da toga e da farda.

A histeria anti-petista, nada mais é do que a tentativa de exterminar da vida pública o maior partido de esquerda das Américas, que cometeu erros, surfou nas águas que seus antecessores sujaram, mas que acertou também. Seus programas sociais possibilitaram que milhões de pessoas saíssem da linha da pobreza; que jovens e adultos tivessem acesso às Universidades; que tornou possível ao trabalhador realizar viagens aéreas e a consumir produtos e bens de serviços que eram exclusivos da classe média; financiou a casa própria; assentou famílias em terras para a produção; criou mais escolas técnicas, que permite ao jovem uma profissão, do que todos os outros governos somados.

Esse governo é acusado de ser assistencialista, o que não deixa de ser uma verdade e isso me deixa um pouco frustrado, mas as providencias tinham que ser emergenciais, não dava mais para aceitar a imobilidade e o descaso com os brasileiros das regiões mais afastadas dos centros industriais. O Partido dos Trabalhadores decepcionou muita gente, com isso perdeu eleitores e simpatizantes, sua conduta no trato da coisa pública pouco difere da dos outros, mas ainda é o melhor partido e o único capaz de levantar do chão as bandeiras por qual tanto lutamos.

Estamos em 2016, mas os derrotados de 2014 ainda não se conformaram com o resultado das urnas, então fica difícil governar quando se tem um Congresso manobrando para que nenhum projeto seja votado. As ruas estão ‘fervendo’, as discussões estão acirradas, o mercado financeiro especula nas marolas das ações na Bolsa, dão sinais que querem mudança nas regras e nos rumos da economia.

O espetáculo está montado, os atores cumprem seus papéis, os canastrões roubam algumas cenas e gozam de prestígio instantâneo e fulgaz. As cenas dos próximos capítulos estão sendo escritas por linhas tortas, mas como diz o ditado: ‘Deus escreve certo....’

Ricardo Mezavila


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