Quem nunca quis ficar em um sítio rodeado de árvores, de
riachos e de amigos? O sol urbano é um desmaio súbito, um colapso inevitável; o
sol camponês é a morte planejada, uma doença doce que escorre pela boca como
pudim de leite.
A lua urbana é uma noiva em dúvida, uma menina menstruada e
cheia de culpa; a lua camponesa é uma boliviana cantante, a musa das montanhas
e a brisa da madrugada.
Todo mundo um dia queria, ou devia, ter o espírito dos Novos
Baianos. Ver a menina no fundo do olho dançando, mesmo com tudo virado e já no
tempo regulamentar.
A noite urbana é uma tela grandona com pessoas feias, festa
estranha, gente esquisita; a noite camponesa é um violão com seis cordas, ou
duas cordas, uma bicicleta com rodas, ou uma roda, mas que toca e nos leva pelas
estreitas estradas de terra, de palhas e de grilos.
"Eu trocaria a eternidade por essa noite"
Ricardo Mezavila.
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