A teoria do "quanto pior melhor" é mais evidente do
que a cara de conspirador de filme russo de Michel Temer. Sem escrúpulos, o
Congresso vem manobrando para que os projetos de interesse do governo sejam
rejeitados na Câmara, quer dizer, estão fomentando e alimentando a crise para
gerar um cenário de caos que contribua para a queda da aprovação da Presidenta
Dilma Rousseff.
Assisti a um vídeo postado em uma mídia social, onde uma
senhora rasga seu título de eleitor em protesto contra a decisão do STF,
que indicou o rito que se deve dar ao pedido de impedimento da Presidenta. Além
de rasgar o título, a senhora pediu a intervenção militar, talvez por ser
contra o voto e a democracia.
Infelizmente
o ódio tem sido o tom que as pessoas têm dado ao delicado momento político.
Muitas pessoas, como a senhora revoltada do vídeo, não fazem uma leitura isenta
do contexto, não leem o que os golpistas dizem, na maior cara de pau, quando
são entrevistados. Tramam à luz do dia e em frente às câmeras a forma de como
fragilizar a economia, como piorar a crise para saírem beneficiados com a nossa
revolta.
As
ruas são o termômtero, ora esquenta, ora esfria. No Rio, no dia 13 de dezembro,
data em que o AI-5 completava quarenta e sete anos, os manifestantes, quase
todos brancos, entraram em confronto com um grupo de skatistas da Baixada
Fluminense, quase todos pretos, que estavam na Avenida Atlântica
confraternizando, como fazem em todos os finais de ano. Essa atitude é
temerária e pode acirrar um conflito de classes sem construção ideológica,
edificada em cima do ódio gratuito.
A
mídia, através de seus bem articulados comentaristas políticos, de seus
gabaritados e respeitados articulistas, introduzem de maneira massificante a
ideia de que a corrupção é coisa de agora, do governo do PT. Não escrevem uma
linha sobre as investigações e as prisões só estarem acontecendo agora,
justamente no período em que o partido demonizado por eles governa. O objetivo
principal das manobras para derrubar a Presidenta é o fim das investigações, só
não vê e não entende quem não quer.
A
política nunca foi tema recorrente no nosso cotidiano, nos locais de trabalho,
escolas e, de uma hora para outra, vemos muita gente reproduzindo opiniões sem
analisa-las criticamente, apenas copiam as frases de interesse de um grupo e as
compartilham. A estratégia "problema-reação-solução" vem sendo
aplicada de forma exaustiva. Divulgam o tempo todo que o "problema" é
o PT, esperando a "reação" das ruas e a "solução" é o impeachment.
No
natal da "crise" criada pelos que têm medo da polícia federal e do
ministério público, não se deixe contaminar pelo vírus da intolerância, não
rasgue seu título porque o STF agiu de forma democrática e dentro da
legalidade, para suturar uma ferida que se alastra no Congresso, que cresce
soturnamente nos gabinetes dessa gente que prega e age em função da falência da
economia, para depois colocar palavras em sua boca.
Ricardo
Mezavila.
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