As
conquistas históricas que a esquerda sempre lutou, ainda estão longe de serem
atingidas, ainda não fizemos a reforma agrária e reforma de base na educação
como planejávamos, não acabamos definitivamente com a miséria; os salários
ainda estão abaixo do custo de vida e existem outras reivindicações que, se
ainda não foram conquistadas, estão em curso.
Agora,
avançamos em uma questão que não é muito sentida, acontece aos poucos e
passamos a conviver com ela e nem
percebemos que foi uma conquista importante. A liberdade de expressão e o fim
da censura avançaram bastante nos últimos anos, as pessoas saíram da letargia
coletiva e começaram a discutir política. Antes era complicado falar de
política porque você era carimbado de chato, inconveniente e de comunista.
A
direita não precisava defender suas teses como fazem hoje, aliás, nem
precisava, porque éramos poucos e a guilhotina estava sobre nossas cabeças. Com
o avanço da liberdade de imprensa, com o surgimento público de outros canais de
informação, a sociedade passou a ouvir o que era encoberto, passou a ter voz e
a exigir mudanças, sentiu que pode se organizar e encher as ruas para
protestar.
A
cortina caiu e o debate começou. Mesmo que eu discorde de algumas opiniões
sobre ideologias de gênero, cotas para negros, redução da maioridade penal,
ouço as contradições e fico confortável em pensar diferente porque respeito e,
isso é fundamental, tenho a sensação boa de que estamos evoluindo
intelectualmente.
Mesmo
sendo hostilizado e combatido por ser “governo”, por apoiar a democracia e a
legitimidade, até mesmo pelos desafetos pontuais, com tudo isso, me encho de
esperança quando percebo que a sociedade está acordando e, o que é mais
significante, está pensando.
Vamos
dar um tempo para que ela abra os olhos, espreguice, escove os dentes e vá ela
mesma preparar o seu café. Por enquanto ela somente abriu os olhos, está meio
sonolenta e ainda obedece algumas ordens, repete algumas vozes, mas acredito
que para acordar é preciso primeiro abrir os olhos, e isso ela já conseguiu.
Ricardo
Mezavila.
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