Y asi pasan los dias. A primavera esqueceu de avisar que iria
viajar para outro hemisfério. Os trópicos de câncer e de capricórnio na
articulação de alguma maracutaia, decidiram embaralhar as linhas imaginárias e
o sol pode ser visto sobre o zênite por mais tempo. Isso causa efeito sobre os
movimentos na Terra, pelo menos parece que causa efeito no comportamento das
pessoas daqui. Não sei o que é mais irritante, a notícia tendenciosa ou os
comentários simplistas. Falta profundidade nas argumentações, isso não
significa o fim, só aponta que precisamos de mais interesse em saber as causas
para discuti-las, e não ficarmos na superficialidade dos efeitos, que seguem um
pensamento quase sempre de exclusão.
¿Hasta cuando? Assisti a um vídeo onde um menino de sete anos,
praticamente destrói sua sala de aula diante da passividade de professores
letárgicos, permissivos, preconceituosos e mal informados. Não passou na cabeça
de nenhum dos educadores que o menino estava em um momento de estresse.
Aproveitaram a ocasião para simplesmente filmar o que para eles, era um ato de
vandalismo. Pior foram as opiniões carregadas de preconceito e falta de
informação. Nessa hora, caros colegas, é preciso se colocar na posição de olho
a olho com a criança e argumentar com ela, e não a ameaçar blefando que vai
chamar a polícia. É assim que a sociedade age em relação a pretos e pobres,
aqueles professores filmaram um “prato cheio” para os fascistas engrossarem
suas teses de redução da maioridade penal. A frase “não pode colocar a mão
nele” é o lema para quem critica o ECA sem ter conhecimento de causa. Depois
reclamam que não podem pedalar e usar celular nas ruas.
Estoy perdiendo el tiempo. E os jovens excluídos retornaram à
Avenida Brasil para aquele lugar que a imprensa teima em holofotizar, só falta
escrever em neon, “Cracolândia”. Atrás daquele jovem doente existe uma pessoa
com sérios problemas, mas isso não vem ao caso porque não nos interessa, não é
mesmo? Nos acostumamos a defini-los como “cracudos”. Foi assim quando os
portugueses sequestraram os negros africanos para virem trabalhar em regime de
escravidão. Eles perderam a condição de pessoas e viraram escravos. Muita gente
ainda diz: “sou descendente de escravos”. Eu também sou descendente de uma
negro e uma negra africanos que foram trazidos para o Brasil na condição de
escravos, em um dos maiores crimes contra a humanidade.
Quizás, aqueles professores, daquela escola pública municipal,
observando a agressividade daquela criança, tenham visto ali um estereótipo de
cracudo e de escravo. Que ele descende de um africano seqüestrado e retirado do
seio de sua família, com certeza; e que ele também, aos olhos da sociedade
excludente que sofre os efeitos da indefinição dos trópicos, pode ser mais um
menino capitão das areias, talvez.
Ricardo Mezavila.
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