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sábado, 31 de outubro de 2015

Quizás, Talvez, Quizás

internet


Y asi pasan los dias. A primavera esqueceu de avisar que iria viajar para outro hemisfério. Os trópicos de câncer e de capricórnio na articulação de alguma maracutaia, decidiram embaralhar as linhas imaginárias e o sol pode ser visto sobre o zênite por mais tempo. Isso causa efeito sobre os movimentos na Terra, pelo menos parece que causa efeito no comportamento das pessoas daqui. Não sei o que é mais irritante, a notícia tendenciosa ou os comentários simplistas. Falta profundidade nas argumentações, isso não significa o fim, só aponta que precisamos de mais interesse em saber as causas para discuti-las, e não ficarmos na superficialidade dos efeitos, que seguem um pensamento quase sempre de exclusão.

¿Hasta cuando? Assisti a um vídeo onde um menino de sete anos, praticamente destrói sua sala de aula diante da passividade de professores letárgicos, permissivos, preconceituosos e mal informados. Não passou na cabeça de nenhum dos educadores que o menino estava em um momento de estresse. Aproveitaram a ocasião para simplesmente filmar o que para eles, era um ato de vandalismo. Pior foram as opiniões carregadas de preconceito e falta de informação. Nessa hora, caros colegas, é preciso se colocar na posição de olho a olho com a criança e argumentar com ela, e não a ameaçar blefando que vai chamar a polícia. É assim que a sociedade age em relação a pretos e pobres, aqueles professores filmaram um “prato cheio” para os fascistas engrossarem suas teses de redução da maioridade penal. A frase “não pode colocar a mão nele” é o lema para quem critica o ECA sem ter conhecimento de causa. Depois reclamam que não podem pedalar e usar celular nas ruas.

Estoy perdiendo el tiempo. E os jovens excluídos retornaram à Avenida Brasil para aquele lugar que a imprensa teima em holofotizar, só falta escrever em neon, “Cracolândia”. Atrás daquele jovem doente existe uma pessoa com sérios problemas, mas isso não vem ao caso porque não nos interessa, não é mesmo? Nos acostumamos a defini-los como “cracudos”. Foi assim quando os portugueses sequestraram os negros africanos para virem trabalhar em regime de escravidão. Eles perderam a condição de pessoas e viraram escravos. Muita gente ainda diz: “sou descendente de escravos”. Eu também sou descendente de uma negro e uma negra africanos que foram trazidos para o Brasil na condição de escravos, em um dos maiores crimes contra a humanidade.

Quizás, aqueles professores, daquela escola pública municipal, observando a agressividade daquela criança, tenham visto ali um estereótipo de cracudo e de escravo. Que ele descende de um africano seqüestrado e retirado do seio de sua família, com certeza; e que ele também, aos olhos da sociedade excludente que sofre os efeitos da indefinição dos trópicos, pode ser mais um menino capitão das areias, talvez.


Ricardo Mezavila.

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