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terça-feira, 30 de setembro de 2014

A voz de Torquato na gaveta

internet




Outro dia assisti um “hangout” em que Danilo Gentili fazia julgamento político, com base na experiência de seu pai, enquanto operário de uma das indústrias de Santo André, à época das greves que levaram ao movimento de onde o Partido dos Trabalhadores foi fundado. De forma simplista em um veículo de massa, o apresentador parecia boneco de ventríloquo reproduzindo a voz que faz eco com o grito de “terra a vista” desde mil e quinhentos.

Já é de praxe fazermos julgamento de valor a partir de uma visão restrita, às vezes porque temos que nos posicionar para não parecermos vazios de conteúdo, outras vezes porque acreditamos que o outro não entende nada e fazemos de tudo para fazer com que a “lacraia” da nossa língua coloque ovos na opinião alheia. Não estou me eximindo de fazer o mesmo, sou consciente de que isso é inerente à raça humana.

Desde sempre a sociedade julga, a cada temporada da civilização os meios se sofisticam. Hoje nós vivemos aquela sociedade futura que os séculos passados acreditavam que existiria, assim como projetamos o desenvolvimento para daqui a cem anos. Do jeito que as coisas andam podemos estar próximos do fim de toda uma era, já diziam isso na idade média, estou só reproduzindo.

Ainda bem que nem só de depoimentos simplistas vivemos, ontem ouvi pela primeira vez a voz de Torquato Neto, quer dizer, eu e muita gente, até seu filho de quarenta e quatro anos. Um repórter do Rio Grande do Sul entrevistou o compositor em mil novecentos e sessenta e oito e, só agora, tirou a fita da gaveta, não havia nenhum registro de sua voz até então. Ouvir Torquato é parecido como ouvir Caetano pensando como Gil, isso tem a ver com a “Geléia Geral” que ele compôs para o disco Tropicália. Metaforizando: A voz de Torquato saiu da gaveta e fez com que as pedras que os fariseus atiraram em Madalena, atingissem a cabeça de Joe Cocker quando cantava “Let’s Go Get  Stoned”, em Woodstock.

Descendo para a tragédia cotidiana, fico observando, não só as estrelas de Bob Marley, mas como têm gente frequentando excessivamente os tribunais de pequenas causas. O telefone veio com defeito, pequenas causas; o plano de wifi não tem a velocidade propagada, pequenas causas; o cartão de crédito cobrou em dobro a taxa mensal, pequenas causas; a prótese dentária não corta o contra-filé no meio, pequenas causas. Nada contra exigir os direitos, mas será que a lógica de “pode demorar, mas um dia eu recebo”, não acaba por eliminar da luta a grande causa, mesmo aquela que nunca será vencida? Como dizia Darcy: “fracassei em quase tudo o que tentei, mas nunca queria estar do lado de quem me venceu”

Vamos caminhando, passando por baixo da ponte dos dias, enrolados em nossos cobertores Paraíba, fazendo coro e solando, dependendo da ocasião. Mas vamos sempre no sentido futuro, deixando de lado as mudanças menores, temos é de evoluir, estudar, adquirir conhecimento, conviver em harmonia e aprender com as plantas que absorvem energia em forma de luz a partir do sol.


Ricardo Mezavila

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