Na
atualidade, qualquer pessoa, por mais discreta e tranquila que seja, pode virar
notícia e ter seu rosto em todos os cantos do mundo em apenas alguns minutos.
Foi o que aconteceu com a torcedora gremista que, ato contínuo em qualquer
partida assistida do estádio, gritou palavras agressivas contra o adversário,
só que foi flagrada em ofensa racista contra o goleiro santista, o Aranha.
Se
as câmeras não estivessem apontadas para a incauta torcedora, ela provavelmente
estaria com sua vida cotidiana normal, acordaria cedo e iria para o trabalho,
faria suas atividades laborais e outras normalmente. Mas quando Patrícia saiu
de casa naquela noite de quinta-feira, não podia imaginar que sua vida seria
transformada por conta das palavras que saíram de sua boca e que,como flecha,
atingiu corações indignados e justificadamente intolerantes com sucessivas
demonstrações racistas.
Seria
interessante que as câmeras que flagram e dão espaço para as denúncias, também
flagrassem mais atitudes otimistas, altruístas e solidárias, como o caso de
Tatiana, de Florianópolis, que doou parte do fígado para João Vitor, de quatro
anos, portador de câncer, sem ao menos conhecê-lo, tendo salvado a sua vida. A
cor amarelada dos olhos de João foi parar nos dentes brancos de Patrícia.
Essas
personagens protagonizaram fatos distintos, na mesma época, e que deram rumos
novos às suas vidas. Uma se perdeu nas profundas raízes do preconceito que
alguns teimam em podar, aparar, mas que continua a crescer sorrateiro como um
câncer; a outra se encontrou com a leveza da bondade, com as asas da
solidariedade e acendeu um brilho nos olhos do anjinho.
Ricardo
Mezavila.
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