Companheiro Valdecy (Papi), como não nos vemos a
algum tempo, escrevo o que tenho observado no período eleitoral. Queria poder
conversar para saber o que você pensa, mas posso imaginar. Com certeza você
deve concordar que as eleições aqui no Rio estão uma verdadeira geléia. Tem
senador com apoio de todos os candidatos ao governo, e candidatos ao governo
sendo apoiado por mais de um candidato à presidência.
Quem diria que você, um dia, ia dizer que nas décadas
passadas, até os políticos eram mais honestos e dignos do que os de hoje. O seu
partido, isso eu sempre concordei contigo, tem na educação a bandeira principal
e, não é só no papel, quando governaram executaram muito bem os projetos, mas
outros vieram e destruíram o que fizeram.
Como tem sido nas últimas eleições, nada de novo no front,
eu penso que é até bom porque não acredito em ninguém que aconteça de repente,
que possa a vir a se tornar um fenômeno das urnas de uma hora para outra.
Portanto, vejo as eleições presidenciais morna, até cansativa. Lembro de 1989
quando todos os candidatos participavam dos debates, a “briga” era boa. Maluf
contra Brizola, Freire contra Caiado, Lula contra Collor. Eram muitos
candidatos, tinha o Ulysses, Covas, Aureliano, Afif, e, no cantinho, o
candidato do PRONA gritava: “Meu nome é Enéas!”
Companheiro, tenho constatado com apreensão que os partidos
políticos estão perdendo, ou perderam, a força que tinham entre os eleitores.
Votar em candidato é uma prática antiga que têm aumentado numa proporção
preocupante. Isso tem motivado algumas alianças “franksteniosas” (esse
neologismo é acompanhado de um tapa na mesa), nós que somos da política
temos que, no mínimo, estranhar esse comportamento, se bem que a culpa é dos
próprios partidos.
O que mais me chama a atenção é o velho discurso travestido
de modernidade. Irritante ver a candidata, ex-ministra do meio ambiente no
governo que agora ela está contra, falar em “nova forma de governar”, ou pior
ainda, “vou governar com os melhores”. Ainda bem que ela é evangélica, se fosse
nazista a gente corria risco das livrarias serem incendiadas. Mas todos sabemos
que não é nada disso, tudo igual do mesmo. Você sabia que tem uma lei federal
de 1956 do senador Mozart Lago que determina o uso oficial da forma feminina
para designar cargos públicos? Então, a Dilma é, no rigor ortodoxo da
gramática, presidenta.
Meu velho, o dia das eleições está se aproximando e faço uma
previsão para o Rio, São Paulo e Governo Federal, é o antigo hábito para
fomentar as nossas discussões, mas não estou revelando meus votos: Pezão,
Alckmin e Dilma. Temos uma secreta admiração pelo Garotinho, muita gente não
entende, nem votamos nele, mas isso tem fundamento no período em que ele era o
“menino” do grande Leonel.
Bem, vou me despedindo com saudades da sua cara, do abraço
fraterno e das conversas na sala lá da Casa do Menor, nosso escritório de
debates para colocar o Brasil em dia. Um beijo na Isabella. Tchau.
Ricardo Mezavila
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