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quinta-feira, 3 de julho de 2014

O livro que não entreguei e o fantasma que exorcizamos


montevideo


O ônibus 191 não pasou em Ciudad Vieja, ele foi pela Calle Juan Benito Blanco, contornou a Rambla e tomou um rumo que  ignorávamos. Mas o nosso avião não parte hoje e, graças a deus, nem amanhã, por isso não temos pressa. Descemos e pegamos o 121 que vinha logo atrás e, este sim, nos deixou próximo de onde queríamos. Visitamos o Teatro Solis, o mais importante de Montevideo, onde os maiores artistas do mundo se apresentam como os brasileiros Gil, Caetano e Chico, assim falou a nossa guia.

Quando saímos de lá atravessamos a rua, eu queria entregar o meu livro para o presidente, fiz até uma dedicatória latina americana como os pensadores revolucionários. A sede do governo estava cercada, o policial disse para eu voltar em lunes, mas es imposssible porque é o dia do meu retorno, tudo bem, a dedicatória já está assinada vou enviar pelo correio quando chegar em casa.

Fomos convidados a assistir o jogo da seleção em um bar de brasileiros, com comida brasileira e caipirinha, claro que não fomos, queremos coisas diferentes, então fomos para uma adega no Mercado Del Puerto, a EL Peregrino, a casa tem cento e cinqüenta anos toda original, seus antigos donos eram ingleses, de Liverpool, as gerações que sucederam mantiveram a arquitetura e, principalmente, a atmosfera musical do espaço. Toda a decoração é rock’n roll, desde Chuck Berry, passando por Bil Halley, Elvis, Stones, Beatles e Bob Marley.

A recepção que tivemos fez com ficássemos por lá além do previsto, um casal de dançarinos de tango fez uma apresentação para nós, um show. Muita gente diz que não existe cerveja Patrícia com menos de um litro, lá tem de 750 ml.  Eu disse que a cerveza era muita boa e o amigo ao lado disse que era da AMBEV. Pronto, está explicado!

Para quem tem sede de cultura não tem como deixar de realizar a visita guiada pelo Teatro Solis, é uma mistura de visita intercalada com fragmentos teatrais, representado por atores do teatro. Durante a visita vimos várias apresentações, esquetes de grandes espetáculos. Sem falar que o ambiente é luxuoso e provocantemente inspirador. Eu escreveria um clássico só para ser apresentado naquele palco.

Descendo pela Calle Sarandi, tomamos o ônibus 62 para a Plaza Intendência, lá tem um telão onde as pessoas assistem aos jogos da Celeste, o cheiro da praça é “maconha pura”, chega a incomodar um pouco, um rapaz perguntou no horti-fruti se tinha para vender. Uns jovens ao nosso lado tinham a erva na mão enquanto um outro pegava o papel para enrolar o baseado, tudo dentro da lei. Milhares de torcedores não escondiam o nervosismo de um Uruguay sem Suárez. Como o jogo caminhava para um fim trágico, saímos dali e terminamos de assistir no “Tranquilo Bar”, que não estava nem um pouco tranquilo. Assistir a derrota do Uruguay foi decepcionante, mas não dá para deixar de sentir o gostinho, sessenta e quatro anos depois, de ver a Celeste ser eliminada na Maracanã. Somos os Caça-Fantasmas da copa de 1950.


Ricardo Mezavila.

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