Ninguém pode se considerar perdido em um lugar que não
conhece, porque quanto mais se tenta encontrar a direção, mais se descobre
lugares escondidos que estão fora dos mapas e das visitas. Ruas sem placas,
jardins vazios, escadas curtas, árvores secas, uma velhinha na janela, um carro
antigo, um pássaro diferente, a esquina de uma rua sem saída.
O
que pensava a senhora quando perguntamos se o museu estava próximo? Podia estar
pensando em alguém que está viajando, no Brasil talvez; podia estar preocupada
com algum filho, com o que dizer ao marido para por fim ao casamento; podia
estar memorizando os produtos que compraria no mercado porque não quis levar a
lista e nós a interrompemos e ela saiu dali confusa e talvez tenha voltado para
casa para pegar a lista.
O
guarda em frente ao Museu, antiga sede do governo, foi muito solícito, comentamos que seu
castelhano era bastante compreensível e ele disse orgulhoso que era da Riviera.
Depois voltou para o seu posto “em sentido” e consentiu com a cabeça que
subíssemos e aproveitássemos da história que aquele lugar ostenta.
No
hall da sede atual do governo tem uma escultura de três homens sentados em
volta de uma mesa e uma cadeira vazia, atrás desta cadeira está escrito “PUEDE
SENTAR”, nós que estamos acostumados com “não pise’,“não olhe”,”não sente”,
tendemos a não acreditar que existe uma permissão por escrito, olhei para fora
e um policial nos observava, ele percebeu a nossa dúvida e fez um gesto
amistoso com as mãos de que poderíamos sentar.
Nada
melhor do que caminhar observando o entorno, descobrindo e comparando
realidades distintas, agregando conhecimento e acrescentando conteúdo cultural,
sempre com bom humor e um tempo para uma prezepada básica e um carimbo da
imigração no passaporte, nem que seja do MERCOSUL.
Ricardo
Mezavila.
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