A
responsabilidade pela morte do fotógrafo, que morreu com suposto problema
cardíaco em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia, não é dos médicos, mas
do motorista da linha 422 que não o levou ao local apropriado: O Maracanã.
Se
estivesse atualizado e acompanhando os últimos acontecimentos, saberia que
estamos em época de copa do mundo, padrões e eventos FIFA; teria visto a
entrevista do Fenômeno e saberia que hospitais não fazem parte do legado.
Pobre
motorista, a culpa é sua que além de trabalhar em uma jornada desumana, a
maioria cumpre dupla função, ainda tem que ser solidário com a população mal
atendida, a culpa é sua que recebe um salário incompatível com o lucros das
empresas que financiam campanhas e são beneficiadas pelos governos.
Por
coincidência o motorista se chama Amarildo, não é o da Rocinha, que também não
teve o atendimento adequado pelo poder público, ambos não estão em nenhum álbum
de figurinhas, se estivessem ele nunca se completaria, as figurinhas estariam
enterradas em algum cemitério clandestino.
O
fotógrafo morreu do coração na calçada, em frente a uma unidade federal de
referência em cardiologia, e talvez morresse lá dentro se tivesse sido
atendido. Não custava um médico tentar socorrê-lo como fez o Amarildo, ninguém
estaria indignado, a polícia não indiciaria os médicos por homicídio doloso.
No
juramento de Hipócrates, o pai da medicina, está escrito: “Manterei o mais
alto respeito pela vida humana”. Teria sido Hipócrates motorista de ônibus?
À família
do fotógrafo Luiz Cláudio Marigo, ao lado da saudade e das lembranças boas
ficam: a dúvida se haveria tempo para o socorro, a dor pela perda e o desgaste
se houver processo.
Cabe
lembrar que o maior erro quando se emite opinião é generalizar, o que não quero
que pareça aqui, respeito todas as classes profissionais, mas as cenas urbanas
estão aí para serem observadas e discutidas.
Ricardo
Mezavila.
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