Nós,
cariocas, nos orgulhamos da beleza natural da nossa cidade, do privilégio que é
viver em um lugar abençoado por deus. Realmente vivemos em um lugar lindo e
cheio de belezas naturais, mas perdemos para outras cidades quando a ação do
homem entra como quesito de avaliação.
Em ecologia damos o nome de antrópico, quando há interferência do homem
sobre o habitat e suas modificações resultantes.
Isso
explica porquê a maior cidade da América Latina, São Paulo, esteja em vexatório
sexto lugar no ranking das cidades latinas, empatado com a mais linda, Rio de
Janeiro. A pequena Pointe-à-Pitre no Caribe está à frente, seguida por San Juan
em Porto Rico e Montevidéu no Uruguai, juntas cabem com folga dentro de Belo
Horizonte.
Devido
a grande exposição do Brasil no cenário internacional, por conta da copa do
mundo, nossas deficiências serão vistas e analisadas por outros olhos. A
distância social que há no Brasil é de envergonhar do oiapoquense no Amapá, ao
chuiense no Rio Grande do Sul. E o vexame não tem uma justificativa simples que
faça o estrangeiro compreender, somos um país democrático onde o povo elege
seus representantes, quer dizer, por omissão ou ação, todos somos responsáveis.
Mas
aí nossos craques vão lá e arrebentam, ganham a taça e tudo parece equilibrado.
Somos ruins da cabeça, mas bons com os pés. Isso me remete há mais de trinta
anos, quando meu time de pelada, disputando um torneio no Aterro do Flamengo,
tomou uma humilhante goleada. Quando nos posicionamos para as fotos depois do jogo, acho que foi o
Leonardo, um menino ruim de bola que não sabia bater nem lateral, soltou a
frase bisonha e infantil: “Perdemos o jogo, mas somos mais bonitos que
vocês!”.
Não
sou especialista, mas se perdermos a copa, não vai ter jogador capaz de
fazer a patética afirmação daquele
domingo ensolarado no campo de terra do Aterro. Talvez os holandeses e os
italianos, pelo que tenho ouvido da torcida feminina nas ruas do Rio, tenham
esse mérito. Pior de tudo e até mais bizarro do que os “humilhados meninos
bonitos”, é aturar o Maradona gritando:”Ai, mamita querida!”. Dios me libre!!!!
Ricardo Mezavila.
Nenhum comentário:
Postar um comentário