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sábado, 17 de maio de 2014

O inferno é aqui




No gênesis do futebol mundial o princípio foi a taça Jules Rimet. Até 1970 o troféu foi perseguido pelas seleções dos quatro cantos do mundo. Depois da conquista definitiva pela seleção canarinho, foi criada a taça FIFA, que perdura até os dias atuais. A copa do mundo em outros tempos era somente um evento esportivo organizado por uma federação internacional de futebol.

Atualmente, o interesse de países em sediar a copa, cresceu na mesma proporção dos escândalos envolvendo os mandatários da FIFA e das respectivas confederações. É de domínio público que as sedes são cartas marcadas a peso de ouro. Só para citar, a copa de 2022 no Catar, sem tradição no futebol, vai ser jogada em pleno verão onde a temperatura atinge 50 graus. Os barões da copa perderam o controle e a ambição é o deus de todos os acordos.

Com a copa, o Brasil está no centro do furacão, os inquisidores saem dos porões e utilizam a imprensa como ferramenta de tortura. Todos são santos, suas terras são Canaã, seus ares mais puros, suas vestes mais limpas e seus filhos mais bonitos. Sim, vocês chegaram à terra prometida, suas almas estarão salvas, o reino é dos senhores e o inferno é aqui.

Desde o anúncio da realização da copa até agora, na véspera do primeiro jogo, a população não vestiu a camisa, as ruas andam enfadonhas com o futebol, tem algo de constrangimento no ar, um certo receio de colocar bandeirinha na janela do carro, como das outra vezes. Esse desapego vem do fato de o governo ter gasto tanto para tão pouco, enquanto a educação e a saúde, com recursos desviados, morrem afogadas no mar da indiferença e da corrupção.

Mas vamos lá, mesmo com todas as “desnecessidades” diante do que realmente é necessário, não dá para engolir “neguinho” lá de Babel, meter a colher na nossa feijoada, querer encobrir seus erros com os nossos, como se, de repente, as guerras, os terremotos, terrorismos e vulcões estivessem extintos. Como se as invasões de territórios, ocupações, armas químicas, torturas, espionagens, holocausto e venda de armas não fossem crimes contra a humanidade.

As delegações que virão disputar a copa devem se preocupar em jogar o jogo; os turistas devem ter a consciência de que, o Brasil não é diferente de onde vieram, que aqui também existem lugares que deve se pisar com cuidado. A imprensa mundial tem que aprender que aqui não é o templo e não tratamos futebol como religião, não somos como os mulçumanos que vão à Meca, simplesmente torcemos como torcem os argentinos, peruanos...

Espero que o governo entenda o que dizem as ruas, porque estamos crescendo em consciência, logo vamos vestir calças compridas e calçar sapatos com cadarços. Que a seleção faça o seu papel, mas sem jactância e ufanismo, não somos mais noventa milhões em ação, agora somos duzentos em manifestAÇÃO.


Ricardo Mezavila

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