No
gênesis do futebol mundial o princípio foi a taça Jules Rimet. Até 1970 o troféu foi
perseguido pelas seleções dos quatro cantos do mundo. Depois da conquista
definitiva pela seleção canarinho, foi criada a taça FIFA, que perdura até os
dias atuais. A copa do mundo em outros tempos era somente um evento esportivo
organizado por uma federação internacional de futebol.
Atualmente,
o interesse de países em sediar a copa, cresceu na mesma proporção dos
escândalos envolvendo os mandatários da FIFA e das respectivas confederações. É
de domínio público que as sedes são cartas marcadas a peso de ouro. Só para
citar, a copa de 2022 no Catar, sem tradição no futebol, vai ser jogada em
pleno verão onde a temperatura atinge 50 graus. Os barões da copa perderam o
controle e a ambição é o deus de todos os acordos.
Com
a copa, o Brasil está no centro do furacão, os inquisidores saem dos porões e
utilizam a imprensa como ferramenta de tortura. Todos são santos, suas terras
são Canaã, seus ares mais puros, suas vestes mais limpas e seus filhos mais
bonitos. Sim, vocês chegaram à terra prometida, suas almas estarão salvas, o
reino é dos senhores e o inferno é aqui.
Desde
o anúncio da realização da copa até agora, na véspera do primeiro jogo, a
população não vestiu a camisa, as ruas andam enfadonhas com o futebol, tem algo
de constrangimento no ar, um certo receio de colocar bandeirinha na janela do
carro, como das outra vezes. Esse desapego vem do fato de o governo ter gasto
tanto para tão pouco, enquanto a educação e a saúde, com recursos desviados,
morrem afogadas no mar da indiferença e da corrupção.
Mas
vamos lá, mesmo com todas as “desnecessidades” diante do que realmente é
necessário, não dá para engolir “neguinho” lá de Babel, meter a
colher na nossa feijoada, querer encobrir seus erros com os nossos, como se, de
repente, as guerras, os terremotos, terrorismos e vulcões estivessem extintos.
Como se as invasões de territórios, ocupações, armas químicas, torturas, espionagens,
holocausto e venda de armas não fossem crimes contra a humanidade.
As
delegações que virão disputar a copa devem se preocupar em jogar o jogo; os
turistas devem ter a consciência de que, o Brasil não é diferente de onde
vieram, que aqui também existem lugares que deve se pisar com cuidado. A
imprensa mundial tem que aprender que aqui não é o templo e não tratamos
futebol como religião, não somos como os mulçumanos que vão à Meca, simplesmente
torcemos como torcem os argentinos, peruanos...
Espero
que o governo entenda o que dizem as ruas, porque estamos crescendo em
consciência, logo vamos vestir calças compridas e calçar sapatos com cadarços.
Que a seleção faça o seu papel, mas sem jactância e ufanismo, não somos mais
noventa milhões em ação, agora somos duzentos em manifestAÇÃO.
Ricardo
Mezavila
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