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sábado, 31 de maio de 2014

A lei da copa

internet


Meu pai não foi à final da copa de 1950 porque não teve acesso, os ingressos se esgotaram rapidamente. Quando comecei a entender de futebol, lá no final dos anos 1960, sempre queria saber dele como foi viver uma copa do mundo de perto, no próprio país, devia ter sido mágico. Ele dizia que só não foi melhor porque perdemos a final para o Uruguay, mas que os jogos que antecederam o Maracanazo fizeram o país viver um carnaval fora de época.

Na minha imaginação infantil sonhava em um dia assistir uma copa do mundo aqui, no Brasil. Eu pesquisava tudo sobre a copa de 1950, os jogadores, os jogos, os gols, tudo. A copa de 1970 se aproximava e seria a minha primeira, aquela que a gente nunca esquece. A taça Jules Rimet estava em disputa definitiva entre Brasil, Itália e Uruguay, as três seleções que a conquistaram por duas vezes. Pelo regulamento a seleção que fosse tricampeã ficaria com a taça definitivamente. E deu Brasil.

Sessenta e quatro anos depois o circo da FIFA está novamente armado em terras brasileiras, o futebol arte não existe mais, o sonho infantil também não, pelo menos em se tratando de futebol. Então é isso? É assim que se faz uma festa? Cabe aqui deslizar num clichê porque é muito apropriado: “Sabe de nada, inocente!” Existe a Lei Geral da Copa que sobrepõe a própria Constituição em alguns pontos. O Supremo disse NÃO a Ação Direta de Inconstitucionalidade, na qual a Procuradoria Geral da República questiona dispositivos da Lei.

O tão amassado Estatuto do Torcedor foi rasgado nas cadeiras dos estádios; comerciantes residentes no entorno das Arenas não poderão exercer o direito de trabalhar apoiado nas leis vigentes, terão que se submeter às regras da FIFA e sairão no prejuízo. Depois que a carruagem passar e os cães ficarem por aqui latindo no quintal cobrando impostos, quando a tenda tiver sido recolhida e os palhaços de pires na mão vierem pedir voto, não seremos nós que iremos varrer o lixo da suruba, mas teremos muito trabalho, vamos ter que desinfetar as ruas e arrumar a casa do nosso jeito.

Ricardo Mezavila

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