Nós
que já colocamos Keith Richard como integrante dos Beatles por merecimento, não
por confusão ou desconhecimento de música; também mantemos uma certa distância
do super astro Mick Jagger, só porque não gostamos de achar que ele é o líder
dos Rolling Sotnes, não o reconhecemos além de uma caricatura bucal; também
trocamos comer lasanha vegetariana com Elton John, só para sair com Ronnie Wood
e assisti-lo a enrolar um baseado.
Da
varanda de Unamar, palco das nossas alucinações tropicalistas, às vezes
confundimos Oswald de Andrade com Câmara Cascudo, mas nunca mais chamamos
Capinam, na foto, nos braços de Gil, de Helio Oiticica; já a Nara sempre esteve
por ali na moldura junto a Caetano, os Mutantes, Gal, Torquato Neto, Rogério
Duprat e Tom Zé.
Nas
esquinas dos clubes, onde se vai mais um dia, bebemos sim; até a “enluarada” Elizeth sentada na calçada
bebia nas noites passadas. Aqui Vinícius e João não são muito bem-vindos, quer
dizer, por mim sim, mas o que vale é o coletivo, prevalece a discussão, aliás,
por falar em coletivo, o de cerveja é cervejaria.
Na
madrugada minha tia lembra de contar que
a mãe do Ivan, seu antigo vizinho, vivia
em um orfanato em frente ao internato, onde ela estudava. As meninas do
orfanato eram enviadas para engraxar os sapatos das meninas do internato; minha
tia não permitia que engraxassem os seus, não achava justo. E não era mesmo.
O
carnaval passou e deleitei com a superioridade das musas magras sobre as
deformadas; com a moela da segunda saboreada por um tio de primeira. Eu
concordo que “Esquinas” é uma canção linda de Djavan e que João Donato é o luxo
da música brasileira; concordo que
filosofar em baianês é engraçado;
concordo encabulado com o que minha tia falou sobre mim e João Ubaldo; concordo
que mortadela fica bem em qualquer tipo de pão, e também concordo que a mãe do
Ivan não tinha que sair do orfanato para engraxar os sapatos das meninas do
internato. Tenho dito!
Ricardo
Mezavila
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