Ainda tenho a cabeça na União Soviética. Descobri isso ontem, quando me disseram, à noite, que Mikhail Gorbachev havia morrido. Fiquei espantado. Morreu? Mas eu não li nada sobre isso durante o dia todo! Disse isso com sentimento de alienação socialista, coisa impossível há duas década, mas que veio esfriando com os caminhos de anulação da condição da União Soviética de estado socialista.
Bem,
quem morreu não foi o estadista condutor da Glasnost e Perestróica nos
anos noventa, aliás nunca tive simpatia por ele e nem pelas reformas
neoliberais que culminou com a queda do muro de Berlim. Tudo bem, não
sou a favor de muros, mas gostava de ficar com o pensamento do lado
oriental. Se isso alimentava minhas palavras com ideais marxistas, do
outro também era alimento da guerra fria e isso nunca foi saudável.
Esclarecendo
os fatos, quem morreu foi Mikhail Kalashnikov projetista do fuzil
AK-47. Mikhail tem uma história na política soviética, nasceu logo após a
revolução de 1917, tendo sido convocado a integrar o exército vermelho
em 1938. Recebeu muitas homenagens e comendas, incluindo a Ordem de
Lênin e a de Herói do Trabalho Socialista. Incrível como o projeto que
lhe deu fama e prestígio no século passado esteja nas mãos dos
traficantes hoje.
Para
simbolizar o que eu penso, ainda penso sobre política, eu queria que o
senador que viajou no avião da força aérea brasileira irregularmente
para cuidar da vaidade capilar devolvesse, além da verba relativa a
passagem, os dez mil fios de cabelos que implantou na sua cabeça vazia
de espírito público, mas cheia de improbidade e desrespeito. Gorbachev
não morreu não, né?
Ricardo Mezavila
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