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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Não vim de tão longe para você mandar eu voltar outro dia




Quando abrimos os olhos, pela manhã, o universo inteiro nos dá as boas vindas, nos recebe com suas energias renovadas. Não percebemos de imediato, mas logo vem um pensamento nos avisar de que o dia é nosso, que o nosso dia é hoje. Isso acontece desde sempre, todos os dias. Então levantamos e calçamos os sapatos da rotina, vestimos as roupas das obrigações e caminhamos, esquecidos de que fomos recebidos pelo universo de braços abertos, mergulhamos no dia comum e descartamos o dia especial.

Durante toda a vida o ciclo do “esse dia é seu” se renova independente da nossa vontade ou conhecimento. Ele é um dos elementos vitais que nos mantém acesos, bonitos, perceptíveis e disponíveis.

Isso me faz imaginar a cena de uma mulher caminhando por estradas, debaixo do sol, da lua, das nuvens, da chuva e das estrelas. Ela caminha sempre para frente, na direção que apontam os dedos de seus pés. Ela sabe que, se não parar de caminhar nunca, chegará ao mesmo lugar de onde partiu; e se desistir da caminhada nunca saberá se conseguiria realizá-la.

Quando se sente cansada a ponto de pensar em desistir, ela mexe os dedos dos pés, e é como um afago na sua determinação. No percurso encontra placas com dedos apontando “ali”, “aqui”, “lá”, mas ela segue a direção de seus próprios dedos, assim, como uma folha que, caída na corrente de um rio, dança movimentos clássicos de um ballet renascentista, valorizando a coreografia e fazendo brilhar a bailarina.

Essa mulher está em todos nós, dorme e desperta conosco, abre a porta para a gente entrar em casa, descobre a chave das nossas lembranças perdidas, avisa quando o amor está por perto esperando a hora, surge na janela e pede um sorvete de morango, ri de tudo que a gente fala. Ela é a vida, uma senhora tão bonita como os sonhos dos nossos filhos. Tão grande quanto as pequenas coisas do dia a dia, tão pequena quanto as grandes coisas que desperdiçamos por medo.

Então abrimos os olhos e tudo está lá novamente: Nós, o mundo e a vida. Vamos vivê-la hoje, ela não é alguém que a gente possa pedir para voltar outro dia.


Ricardo Mezavila

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