Estar em uma roda conversando,
socializando, pode ser uma aventura e até uma viagem pelo tempo e pela história.
A diversidade das profissões, do conhecimento de mundo, da rotina acadêmica, do
“coçar saco”; as variações culturais e seus efeitos diante do contrário, tornam
um simples bate papo em uma batalha egocêntrica permeada, basicamente, pela incoerência,
ufanismo, arrogância e o ridículo.
Durante a conversa descobre-se
que alguém pode ser tão genial quanto um cientista, um atleta, um compositor,
um artista. E, de certo, podem mesmo, mas geralmente o tempo decidiu por não
deixar co-existir na mesma época gênios tão “fundamentais” para a humanidade.
As façanhas, principalmente
aquelas que ninguém presenciou, são de fazer inveja àqueles que as tornaram
reais. É a hora de extravasar frustrações, decepções e medos, ou meramente
mentir, ou usando do eufemismo pouco provável nas discussões, não falar a verdade.
Eu mesmo já coloquei no “banco” (como se diz quem está na reserva de alguém
no futebol), alguns craques campeões do mundo, na adolescência, é claro,
quando todos buscavam espaço e ninguém sabia que eu treinava no São Cristóvão;
tenho amigos que “foram” ao show do Led Zeppelin em N.Y. e tocaram os cabelos
do Robert Plant: “áspero como capim” –disseram.
Quem não distrai, quer dizer, não
perde a atração daquilo que só é visível e palpável, perde a essência de uma vida
ilustrativa, contemplativa em que se pode dividir a inocência dos delírios, a
cobertura doce, o recheio de doce de leite, o glacê da mentira, e lamber o "beiço" de uma amizade.
Ricardo Mezavila
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