Não assisti ao filme “Lula, o
filho do Brasil” que esteve em cartaz há alguns meses. Não assisti porque não
me interessei, apesar de o DVD com o filme custar cinco reais em qualquer
calçada, de qualquer bairro, não quis. Quando soube do filme fiquei deprimido,
uma reação natural para quem acreditava “inocente” em reforma de base na
educação, reforma agrária e sufrágio facultativo. Lula o filme, pensei, podia
resgatar o sentimento de derrota que nós, militantes das ruas, enterramos lá por
2003 quando o gato subiu no telhado e miou a corrupção.
Se fosse um filme sobre Fernando
Collor eu assistiria logo na estréia. A vida política de Collor, este sim, foi
recheada de acontecimentos dignos da Cosa
Nostra. Corrupção, traição, assassinato, operações financeiras ilícitas,
golpes, arrogância, caras pintadas, prisão internacional, tráfico de
influencias, manifestações públicas, seqüestro, confiscos, manipulação
jornalística, ministros dançando bolero, enfim, um cabedal que não deixaria
nada a dever aos grandes protagonistas dos cinemas.
Lula, o filme, não ficaria muito a dever se a construção do filme fosse
os subterrâneos do Planalto, dos partidos políticos e dos gabinetes, mas o
homem pobre que virou presidente da república tem um perfil mais dramático,
quase épico. Não seria interessante deixar uma história tão rica em privações
ser ultrajada pelos charutos, viagens e uísques.
Em dois anos que esteve no
governo, o presidente Collor cometeu tantos desvarios, tantos delírios e
loucuras que, se ficasse o mandato todo, seria internado. Seu irmão, Pedro,
autor do livro “Passando a limpo – A
trajetória de um farsante” foi quem, incorporando o ciúme de Caim, matou
politicamente o irmão mais velho. Utilizando-me da fábula bíblica, podemos
comparar a casa da Dinda com o paraíso e PC Farias com a cobra.
Nesse apanhado de acontecimentos,
tenho certeza de que Collor daria ótimo enredo para uma obra de ficção extraordinária: Nos
Jardins do Marajá.
Ricardo Mezavila
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