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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Manhãs de setembro


mudanças (Vanusa)


Existe, amiúde, uma linha do tempo, discreta, costurando os acontecimentos, confeccionando o tecido das ações com dedos sensíveis, generosos e disponíveis para oferecer calor em dias de muito frio. Às vezes, a cega ingratidão cuida de escurecer o tempo e a linha se parte, desprezada, fica encostada na margem como um objeto jogado fora, que a correnteza arrasta.

A porta do esquecimento é larga, com muitos tapetes de boas vindas. Passando por ela entramos no vazio da memória atemporal. Assim, como um pregador sem pressão, o esquecimento nos torna quase inúteis.

O bem feito quando menosprezado, é impropriamente incorporado ao patrimônio daqueles que usufruem como se algum mérito tivessem. Emergem de suas tramas diabolicamente com um abominável sorriso que, não tem como, escondem “porcamente” suas feridas morais.

O mundo convive com pessoas que vampirizam a matéria, os ideais e que se alimentam da tristeza do outro como se estivessem em um “churrasco de lágrimas.” Derrubam,  com a marreta, o sólido muro que o outro construiu e diz que foi o vento.

A indiferença não destrói a beleza e a alegria. Como na canção :“a minha poesia você não rouba não”

E, assim, pedras preciosas vão ficando no canto das calçadas, esquecidas, às vezes, ridicularizadas por quem nunca vai brilhar. Como a cantora Vanusa, ícone das lutas feministas, levantou várias bandeiras em uma época de silencio repressor. Compositora de letras de cunho revolucionário pelos direitos da mulher. 

“Fui eu quem se fechou no muro
E se guardou lá fora
Fui eu quem num esforço
Se guardou na indiferença
Fui eu que numa tarde
Se fez tarde de tristezas
Fui eu que consegui
Ficar e ir embora...
E fui esquecida
Fui eu!”


Ricardo Mezavila

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