É uma das propriedades da palavra servir de transporte quando se quer uma viagem pelo tempo. A bordo do alfabeto, percorremos lugares dentro e fora da memória. Podemos danificar as engrenagens da cronologia e inventar uma máquina capaz de devolver ao passado um rosto liso, sem rugas.
Acontece isso quando estou debruçado sobre o universo das palavras e sinto uma enorme intimidade com cada letra. São todas operárias amigas, a ponto de oferecerem-se generosamente, a construir, suavemente, a poesia que amanhece nos meus dias, assim que o sol toca o primeiro acorde.
Passageiro das palavras, fui transportado a um lugar místico, irrefutavelmente glorioso. Fui conduzido ao templo onde uma estrela solitária vive com um brilho da intensidade de uma constelação.
Através das palavras cheguei até a sede histórica do Botafogo para, junto com outros seis “passageiros”, viver uma tarde inesquecível. “A Magia do 7”,crônica sobre o mito da camisa 7 alvinegra, foi selecionada para compor coletânea em um livro. Sete felizes cronistas estavam lá, protagonistas de uma viagem literária.
A semente, quando plantada em solo apropriado não demora, surge para fora da terra, com o aspecto definido pela genética. Palavras são sementes que, plantadas apropriadamente, fertilizam nos jardins da inspiração e suas flores são néctar para quem faz o bom uso delas.
Ricardo Mezavila
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