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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Quatro horas e trinta e oito segundos


Remexendo em um antigo arquivo no meu escritório, encontrei vestígios do passado: Pagenet Motorola, Máquina Yashica TRIP-305, Fita Cassete EF-X-60, Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda, Vídeo Cassete Samsung, Placa Fax-Modem PCMCIA, Fita de Correção auto-adesiva PIMACO para máquina de datilografia, Fitas VHS TDK, Caixa de Disquetes 1.44 MB, Programa de instalação do Wordstar e me chamou atenção um Relógio preto marcando exatamente quatro horas e trinta e oito segundos.

Mesmo que a vida seja feita de passos à frente, projetos futuros e degraus por subir, o passado é a única certeza que temos. Foi lá que idealizamos cada etapa de nossas vidas, que sonhamos realizar aquilo que fomos capazes de desejar quando crianças e adolescentes. A adolescência é o auge do passado quando nos afastamos dela. O adolescente precisa alimentar-se de barris de esperança, assim vai ter reserva suficiente para que na fase adulta não fique desiludido. O Adolescente “pode tudo”, mesmo quando é só uma estátua.

Os objetos antigos deveriam ter o poder de quando tocados, transportar-nos até a sua época. Acredito que isso possa ser possível e que existam pessoas experimentando a sensação de visitar o passado. No filme Em algum lugar do passado a personagem realizou essa viagem fantástica através do tempo. Melhor que isso só a morte.

Coloquei o relógio preto no pulso e, olhando fixamente, tentei voltar o tempo, como o Super-homem quando alterou a rotação da terra, abstraí tudo em volta e só pensei em lembrar uma data, um dia possível em que os ponteiros adormeceram naquele horário.

Não aconteceu nada comigo que eu pudesse notar, mas tenho a certeza que durante a minha tentativa, o adolescente que um dia eu fui se mexeu, e que alguém, em alguma parte do mundo, escreveu um poema.


Ricardo Mezavila

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