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terça-feira, 26 de março de 2019

Governo manda celebrar a morte



Na década de mil novecentos e sessenta, um menino de seis anos, aprende a cantar na escola o hino nacional. Feliz por estar descobrindo novos vocabulários ele passa o dia cantarolando, assobiando a melodia, decorando que 'sonho intenso' vinha antes de 'amor eterno'.

O menino não se continha pela descoberta e cantava o hino em todos os lugares, no que é repreendido por um estranho: "Garoto, é proibido cantar o hino na rua." Ele leva um susto, estanca a voz e se cala.


Ficou ainda mais intimidado quando passou com seu pai em frente a uma escola e viu tanques de guerra e soldados armados, uma cena de terror que jamais seria esquecida.

Encabulado, ele se limitava a cantar o hino só no local 'permitido'', o pátio da escola. Veio a copa de mil novecentos e setenta, o sentimento de patriotismo iluminava o rosto dos brasileiros, apesar do AI-5. O menino, agora com dez anos, não cantava o hino, apenas torcia.

Atrás das vozes que cantavam o hino no pátio da escola, uma ditadura genocida ameaçava, torturava e matava quem destoasse, quem preferisse a democracia em detrimento do regime militar.

Muitos da geração daquele menino cresceram com a sensação de que naquela época se vivia com mais tranquilidade. Saudosistas, lembram que junto com o menino atravessavam o Jardim do Méier de madrugada para os bailes no Mackenzie e não tinha 'ladrão'.

Não tinha ladrão porque o abismo ainda era estreito, a dívida social cresceu nos anos de chumbo, assim como a dívida externa. A elite hipócrita que desfilava com 'deus e pela família' não sabia a maldade que estava produzindo, não se importava com os desabrigados que começavam a povoar as ruas.

Dia trinta e um de março o golpe militar estará completando cinquenta e cinco anos. O governo planeja uma comemoração nos porões das casernas, onde ocorriam as mais variadas sessões de torturas, onde o homem bestificado, fardado ou não, descia o cacete no 'lombo' da sociedade e ria.

Vão celebrar os gritos das mães torturadas com seus corpos cobertos por ratos; os estudantes que sangravam até a morte com os dentes quebrados; os jornalistas enforcados nas celas e tratados como suicidas. Vão celebrar as unhas arrancadas, os choques.

Bolsonaro tem homenageado a tortura desde sempre, é um assassino funcional. Os meninos que aprenderam a cantar o hino no pátio da escola, têm o dever cívico de impedir que a história.chancele, comemore e brinde uma época de sangue e desaparecidos, que ainda não foi esclarecida.

Ricardo Mezavila,.

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