Bem aventurados os que cometem
gafes, pois seríamos meio máquinas se não cometêssemos deslizes na língua e no
comportamento. Nos últimos dias vimos o secretário estadual de cultura do Rio
de Janeiro, em pleno microfone na ALERJ citar Bertoldo Brecha, personagem
interpretado pelo ator Mário Tupinambá, que fez sucesso na TV com o bordão:
“Veeeenha!” O secretário queria se referir a Bertold Brecht, dramaturgo e poeta
alemão e um dos mais importantes do século XX.
Algumas gafes se tornaram comuns,
como o repórter que não sabe que está ‘NO AR’ e aparece diante das câmeras
penteando-se ou fazendo algum comentário fora da pauta; o âncora de telejornal
que boceja ao vivo, ou solta um palavrão; o apresentador que escorrega e cai no
palco. Com a ‘patrulha’ da internet, essas gafes se transformam
instantaneamente em memes, que logo viralizam nas redes sociais.
A indiscrição involuntária é
bastante presente em viagens, quando o turista está pouco informado sobre os
costumes, a história e lugares. Por exemplo, no Irã, fazer sinal de positivo
com o dedão é o mesmo que levantar o dedo médio por aqui; estalar os dedos para
chamar a atenção, é gesto para cachorros, na França; apontar a sola do pé no
Líbano e em outros países árabes é considerado ‘afronta’, por isso nunca sente
e apoie o calcanhar sobre o joelho. É bom seguir o velho ditado: “Em Roma, faça como os romanos”.
As gafes são tão importantes
quanto os mitos, utilizados pelos povos antigos para explicar fenômenos não
compreendidos. Na civilização atual o conceito de ‘mito’ deixou de ser a simbologia de personagens sobrenaturais,
deuses e heróis. Para ser mito basta ter uma conta em uma rede social e
conquistar milhões de seguidores engajados naquilo que ele, o ‘mito’, diz,
pensa e, às vezes, faz.
Ricardo Mezavila é escritor
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