Com a vitória do bispo licenciado
da igreja universal do reino de Deus, Marcelo Crivella, para prefeito do Rio de
Janeiro, o mar vermelho vai se abrir e os evangélicos marcharão para a terra
prometida: Brasília. O caminho vem sendo pavimentado há muito tempo e a
materialização disso são os luxuosos templos construídos, como a sede de Del
Castilho, que reúne milhares de pessoas e o não menos faraônico Templo de
Salomão, em São Paulo.
A ostentação desse grupo que
vende a fé para uma maioria de desesperados como se fosse mercadoria, é o
avesso do que o filho de Deus pregou. O que Jesus disse não é o que está
traduzido no livro considerado sagrado, esse serve para perpetuar a escravidão
milenar, o preconceito, a
homofobia, a opressão pelo poder, pelo
enfraquecimento coletivo, que foi a marca daqueles tempos e ainda o é até os
tempos atuais.
O que vimos durante a campanha
foi o crescimento do ódio plantado em 2014 logo após a derrota dos
conservadores nas eleições presidenciais. Os eleitores de Marcelo Crivella pertencem
a um grupo leigo e ignorante, pagador de dízimo e que sustenta a riqueza dos
que praticam o charlatanismo; e um outro grupo, os que foram contaminados e
alimentados pela mídia golpista com o sentimento anti-petista, que se alastrou
por toda a esquerda.
Sempre ouvimos que não se deve
misturar política com religião, mas os eleitores de Crivella não conhecem essa
máxima, não conseguem contextualizar a ameaça que representa esse grupo
fortemente armado da fraqueza alheia, da humildade do outro, da ignorância e da
boa-fé daqueles que não enxergam a sua importância individual e sua força
coletiva.
Vence uma guerra aquele que detém
a informação, que consegue com que o outro se autodestrua, se enforque com as
próprias mãos. Controlar a informação e usá-la para o bem próprio é uma arma mais
poderosa do que aquelas que produzem efeitos visuais de cogumelos.
De positivo foi o crescimento do
PSOL e a mobilização popular em torno de seu programa, as ocupações das escolas
públicas contra a PEC 241, o surgimento de lideranças estudantis por conta das
manifestações, isso deixa o horizonte menos distante e nos aproxima ainda mais
das discussões por uma resistência íntegra, leal e honesta.
Ricardo Mezavila
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