O
deputado federal e pastor de uma igreja neopentecostal ligada à assembléia de
deus, Marco Feliciano, da bancada evangélica da Câmara, declarou na comissão
pública que trata da violência sexual contra a mulher, que ‘a cultura do
estupro não existe’. Tendo sido vaiado pelas mulheres ligadas aos movimentos
sociais presentes.
Uma
participante que falaria depois de Feliciano, bastante constrangida pelo
discurso machista de quem ela se referiu como ‘um homem branco’, não conseguiu
completar seu pensamento e desabafou: ‘nunca imaginei que viria aqui para ouvir
esse absurdo’.
O
pastor evangélico é conhecido mais pelas polêmicas do que por projetos
apresentados. Ele reflete o pensamento que essas igrejas disseminam entre seus
fiéis, que fortalece a tese de que só vale o que está escrito na bíblia.
Acontece que a tal ‘bíblia’ traz revelações que só levam em consideração aquilo
que for conveniente para a igreja.
A
igreja de Feliciano, de acordo com o pensamento de seu pastor, prega o preconceito,
a perseguição a transexuais, travestis, homossexuais, negros e mulheres
violentadas. Faz piada sobre o estupro e apoia políticas públicas contra os
direitos das mulheres, como a PEC 5069, que é um retrocesso no atendimento às
vítimas de crimes sexuais.
A
ignorância desses pastores e suas igrejas nefastas, infelizmente, encontram eco
em pessoas fracas, perdidas nos desvios da vida, que passam por problemas
familiares e não conseguem resolver dialogando racionalmente.
A
cultura do estupro não existe para o pastor Feliciano, mas sim o livro bíblico
‘Levítico’, aquele que abomina ‘homem deitando com homem como se fosse mulher’,
mas que aprova a escravidão para os não-cristãos; que diz que a mulher que der
luz a um menino fica impura por sete dias, mas se for menina, duas semanas; o
livro santo que não fala sobre normas sobre o comportamento sexual das
mulheres, exceto a que proíbe que copulem com bichos e que proíbe o homem
dormir na mesma cama de uma mulher menstruada.
Nenhuma
nação merece uma igreja de portas fechadas para a compreensão, o respeito e a
diversidade. Os pastores evangélicos fazem das igrejas colônias escuras, onde
desesperados vagam atrás da luz de um falso farol moral. Que doutrina é essa que
evangeliza e hostiliza ao mesmo tempo?
Ricardo
Mezavila.
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