Quando eu estava no ensino médio, fazia parte de uma turma 'bagunceira', termo em desuso, mas era assim que éramos identificados. O professor da disciplina Educação, Moral e Cívica, Pe. Nelson, não tolerava a turma.
Um dia, em meio à bagunça, ele expulsou um colega da sala, eu argumentei que não só ele, mas todos estavam fazendo bagunça. Ele disse que era assim mesmo, que punindo o colega estaria punindo a todos.
Por falar desta disciplina, ela foi criada pelos ministros militares, no ano de 1969, e era obrigatória em todos os graus e modalidades. A ideia era 'estimular uma atitude e consciência cívica' nos jovens.
As escolas eram obrigadas a criarem os 'centros cívicos' que elaboravam o código de honra dos alunos. Os aspectos doutrinários do civismo eram: Deus e a Pátria. Fundamentos esses violados pelo regime quando desrespeitavam os direitos humanos.
No pátio da escola jogávamos futebol e éramos 'Pelés', 'Tostões', 'Gersons' e 'Jairzinhos', meninos pobres, cada um com seu sonho.
Não sabíamos o que era democracia, sua sintaxe e semântica, seu significado concreto não era uma prática daquele tempo. Depois aprendemos, e não foi através do Pe. Nelson e sua disciplina castradora que suprimia a liberdade.
A bola que chutávamos estava quieta dentro do gol, até que um velho time formado por novos golpistas a pegou e furou, querendo acabar com o jogo. Parte da sociedade aprendeu com o padre, acredita que punindo um estarão punindo todos.
Hoje as crianças estão mais integradas com a realidade, temos liberdade de expressão, elas participam dos acontecimentos e são críticas. Os golpistas vão conseguir o que querem, mas ficarão enterrados na história, junto com o golpe.
Fim de jogo!
Ricardo Mezavila.
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