Eu vivi 31 de março de 1964 com cinco anos de idade e, claro, não tive noção, na época, o que aquilo representava. Em um ano entre 1964 e 1968, minha casa foi 'visitada' por integrantes do DOPS que procuravam por um tio, universitário, que havia escrito um artigo em um jornal, contra a ditadura militar.
Cresci assim, com meu pai sempre falando em esquerda, em Getúlio, Jango, Brizola, e contra os governos de Castelo Branco, Costa e Silva. Medici, Geisel e Figueiredo.
Lembro de meu pai comentando sobre o comício, que ele participou, do presidente João Goulart, na Central do Brasil; assim como lembro quando ele me levou pelas mãos, para ver tanques de guerra em frente a uma escola pública, que ameaçavam os estudantes e a democracia.
Hoje, 52 anos depois do golpe militar, que deu início a um período de obscurantismo, de cassações aos direitos políticos, de tortura, de assassinatos e perseguição às artes e aos artistas, particiipei de um ato, no Largo da Carioca, pela democracia.
Meu pai, não abaixei a cabeça, sei das nossas origens e de como foi difícil chegarmos aqui. Suicídios, renúncias e golpes estiveram em nossas conversas, desde sempre, por isso conheço o lado que somos representados e de onde fincar os meus pés.
Aos da mesma geração que a minha, que eram envolvidos por uma onda de alienação quando criança e, depois na juventude, não cresceu pariticpando do contexto político, sinto muito.
A politica foi cruel com a gente e, agora, aqueles que sempre nos ignoraram, querem retomar as rédeas e, como vocês não acompanharam suas trajetórias, acreditam que são os que trarão a paz e a governabilidade, o fim da corrupção.
Agradeço ao meu pai, por nunca ter se omitido!
Ricardo Mezavila.
Nenhum comentário:
Postar um comentário